sábado, 28 de setembro de 2013

O sprint final do eterno candidato


Em Janeiro de 2013 António Costa deixava pairar um certo mistério quanto à possível e muito provável recandidatura à liderança da Câmara Municipal de Lisboa, deixando a ambição de Fernando Seara a uma liderança de direita aflorar. Todavia, Costa avançou com a candidatura e, a menos de três dias das eleições a aposta socialista parece ter dado frutos: o Partido Socialista não só consegue ter novamente uma maioria absoluta como também consegue reforçá-la, crescendo 4% nas intenções de voto em relação aos resultados obtidos em 2009.1

Possivelmente antevendo o descontentamento popular face às políticas seguidas pela coligação, contando com uma penalização na hora do voto, assim como os resultados dos partidos de direita coligados até agora obtidos em sondagem (desce 12% nas intenções de voto face a 2009) o ainda Presidente da Câmara Municipal faz uma campanha feroz na esperança de alcançar uma maioria absoluta numa das autarquias com mais expressão do país.

Deste modo, o intuito de Costa alia-se ao intuito do PS: tirar uma leitura nacional dos resultados eleitorais autárquicos. Esta tem sido uma das grandes linhas argumentativas do PS e dos seus autarcas ao longo de toda a campanha eleitoral, tendo como objectivo principal contrariar o discurso de relativização dos parcos resultados que podem vir a ser os dos partidos de direita e ainda demonstrar que o PS é uma alternativa forte às políticas até ao momento assumidas.

“Dêem-nos força para conseguir para Lisboa as competências que ainda estão no Estado e que devem passar para a autarquia, dos transportes públicos ao policiamento de transito”2 diz Costa, sendo bem visível a tónica posta no combate às políticas de direita protagonizadas pelo executivo, veiculando que é a nível local que se deve contrariar as medidas e as políticas impostas e que a oposição começa, antes de mais, ao nível mais micro da política nacional e não apenas no Parlamento.

No último dia de campanha legal, Costa apela ao voto útil, concluindo o seu alcance de ataque a todo o espectro político. Desta feita, os alvos são os partidos mais à esquerda (PCP e BE), que diz seguirem a linha do “extremismo sectário” e que “demonstra que temos de ter a maioria por nós porque depois já sabemos como é o Bloco de Esquerda - nunca se consegue determinar sozinho sem ir à boleia do PCP”, recusando os “votos de simpatia” nestes partidos, que impediriam a conquista de uma maioria absoluta e que dificultariam a acção e o processo governativos num momento em que é crucial haver uma continuidade de projecto.3

Descodificando, Costa veicula ao eleitor a noção de que é a única alternativa viável para a continuação de um projecto em Lisboa: de um lado, a coligação de direita liderada por Fernando Seara representa um executivo que governa mal sem atender às necessidades dos portugueses, logo, dos lisboetas; do outro, uma esquerda que não faz concessões nem se dispõe a colaborar.4

Retomando o início do ano e o mistério da candidatura de Costa a Lisboa, lembremo-nos da guerra fratricida entre este e António José Seguro ainda no ano de 2012 quanto à liderança do PS e às tensões entre a facção mais socrática e mais esquerdista do partido (liderada por Costa) e a facção apoiante de Seguro. Tal parece ter desvanecido, como seria de esperar, pela necessidade imperiosa que o PS tem em ganhar a Câmara de Lisboa, sendo igualmente imperioso apresentar ao eleitorado um PS forte e unido até nas suas mais profundas fracturas internas.

Seguro e Costa fizeram campanha juntos em Lisboa, no Chiado, demonstrando sinais de amizade e afecto mútuo e “mesmo as hostes de ambos os socialistas se misturavam na comitiva da campanha”.5

A importância de fazer passar a imagem de um partido responsável, maduro politicamente e unido internamente convém muito ao PS e ao próprio António Costa, que se demonstra muito engajado na sua recandidatura e que desta forma parece tranquilizar o eleitorado socialista que poderia temer uma eventual saída e a perda do seu escolhido para o cargo de líder socialista.

No entanto, será que a candidatura à Camara Municipal denota um recuo em relação a uma possível candidatura á liderança do PS? É preciso ter em mente que uma acumulação de cargos não é inédita, tendo já Jorge Sampaio acumulado o cargo de Presidente da Câmara de Lisboa com o de líder do PS na oposição em 1989.

Quanto a isto, Costa esquiva-se respondendo apenas que “o presidente de câmara é uma espécie de provedor” 6 parecendo não fechar completamente a porta a uma liderança da bancada socialista.



                                                                         Joana Lemos


Fontes:
1 Carlos Freire, Manuel, Lisboa: António Costa reforça maioria absoluta, publicado a 27 Setembro 2013, in Diário de Notícias Política, www.dn.pt, consultado a 27 Setembro 2013, 22:13

2 Programa de Governo da Cidade de Lisboa, 5 Marcas fundamentais para os próximos quatro anos, in http://www.juntosfazemoslisboa.pt/, consultado a 26 Setembro 2013, 21:48

3 Lusa, António Costa pede “maioria muito expressiva” em Lisboa, publicado a 25 Setembro 2013, in Público – Autárquicas 2013, , consultado a 26 Setembro 2013, 23:00

4 Lusa, António Costa alerta para “excesso de confiança” na votação em Lisboa, publicado a 26 Setembro 2013, in Jornal i, www.ionline.pt, consultado a 26 Setembro 2013, 23:55

5 Sá Lourenço, Nuno, “Está feito”, desabafou Costa. “Agora descansa”, pediu-lhe Seguro, publicado a 26 Setembro 2013, in Público – Autárquicas 2013, www.publico.pt/politica, consultado a 27 Setembro 2013

6 (Reportagem radiofónica) Baldaia, Bárbara, António Costa não vai entregar qualquer pelouro a Fernando Seara, publicado a 27 Setembro 2013, in Tsf, www.tsf.pt, consultado a 27 Setembro 2013, 19:37

Como organizar uma campanha vencedora

Uma campanha eleitoral consiste em transformar um candidato no único “herói credível” ou, ironismos à parte, a única solução competente e honesta para, ainda que temporariamente, uma significativa melhoria seja reconhecida.
 
Apesar da obtenção de poder esteja limitada ao nível local, as campanhas adquirem um formato de alta dimensão. Nesta fase, os quadros políticos têm assim o trabalho de organizar e dirigir campanhas de forma a torná-las mais apelativas e potenciais vencedoras.
Neste sentido, por campanha eleitoral entende-se o período em que os partidos e os seus candidatos apresentam o seu plano para os anos seguintes, com promessas fantásticas, com o objectivo de alcançar o maior número de votos.
Todavia, nem tudo corre bem. Em consequência de uma campanha empobrecida em que o debate foi inexistente, a consciência política dos portugueses fica clara e igualmente fragilizada. Também como se sabe, a televisão é o meio de comunicação e informação por excelência dos portugueses. Esta aparenta ainda igualdade em relação a todos os eleitores e, sem ela, não são conhecidos (e reconhecidos!) os candidatos, os programas, os novos partidos ou quaisquer outras informações fulcrais para o exercício do voto consciente.
Tal como o Jornal Público noticiou no passado dia 9: “Esta será uma campanha eleitoral absolutamente inédita em Portugal em 40 anos. Depois de terem decidido não realizar debates para as autárquicas, as três televisões de sinal aberto e os respectivos canais de informação pagos não darão qualquer notícia sobre acções de campanha dos candidatos às câmaras municipais e assembleias de freguesia.”.
O director de Informação da SIC considera ainda “impossível ignorar a “campanha eleitoral”, mas é preciso fazer a cobertura com “sentido de responsabilidade sem violar a lei e cumprindo os direitos de informar e ser informado”.
Mas, apesar de uma cobertura muito limitada, estas continuam a abrir mote para ataques que não só são somente políticos e ideológicos como muitas vezes pessoais.
Numa visão mais verde relativamente às eleições autárquicas, D.M. Santos dá o seu contributo. Este afirma que é preciso considerar as acções dos candidatos “considerando que muitas vezes nada fizeram nem nada cumpriram do que prometeram, podemos no mínimo desconfiar das suas reais intenções. (…) Eles aparecem em todo lado beijando crianças, abraçando idosos, dando mensagens de esperança aos desempregados, preocupando-se com os pobres, acendendo velas aos santos, mas também, principalmente, organizando grandes festas e arraiais para os eleitores. É tudo parte do negócio.”₃
Por fim, é importante referir não só a exigência que estas eleições adquirem mas também numa maior participação activa e empenho para que um simples voto seja o início de uma complexa luta.
 
Fontes:
Programas: Noticiários diários – RTP Informações e SIC Notícias
Jornais: Público
 http://osverdesacores.blogspot.pt/ - consultado às 23h03 do dia 27 de Setembro de 2013
 
Adriana Correia
 
 
 
 






 

Comentadores económicos e financeiros (de 19 de Setembro de 2013 a 26 de Setembro de 2013)


Durante esta semana, os assuntos que estiveram na ordem do dia e em destaque nos mais variados meios de comunicação, a nível económico e financeiro, foram as metas do défice, a 8ª avaliação e a iminência de um segundo resgate e a reforma do IRC.
Relativamente às metas do défice são várias as opiniões dos comentadores. Jorge Coelho, que comenta a actualidade política na Sic Noticias, afirma preferir a flexibilização do défice, em vez dos cortes nas pensões. Como parece ter sido recorrente durante esta semana, segundo alguns analistas, havia aqui uma decisão a ser tomada, ou cortavam-se nas pensões ou diminuíam-se as metas do défice. Já Lobo Xavier, comentador na Sic Notícias e presidente da actual comissão de reforma do IRC, adopta uma perspectiva política da situação, dizendo que António José Seguro só afirma que se o défice fosse de 5%, não se cortaria nas pensões, tendo em vista unicamente a campanha eleitoral, mas que, segundo o comentador da Sic Notícias, em nada ajudaria a grave situação portuguesa. Entretanto, Mario Dragui, presidente do BCE veio a público, dizer que não acreditava na viabilidade de um défice de 4,5 % ou 5%, pois seria algo que impediria a descida dos juros da dívida, situação que Portugal tenta evitar. Posto isto, e segundo todo o dito e desdito do governo sobre este assunto, assume-se que a meta do défice ficará mesmo nos 4%.

Já falando da 8ª avaliação, e do seu resultado pouco esperado, seguido da possibilidade de um segundo resgate em Portugal, Henrique Raposo, cronista do Expresso, aponta como principal factor a falta de coerência governamental e afirma mesmo que Portugal funcionaria melhor se falasse a uma só voz. José Pacheco Pereira, comentador no programa Quadratura do Círculo na Sic Notícias, fala mais uma vez da situação governamental: “Paulo Portas antes das negociações com a troika, quer salvar a sua pele, não há um governo coerente, passando-se a imagem de que a troika é algo muito mau para Portugal.”. Marcelo Rebelo de Sousa, no seu comentário semanal na TVI, certifica que são os partidos na sua campanha eleitoral que colocam Portugal na iminência de um novo programa de ajustamento, devido aos cortes nas pensões que apontam como necessárias e à falta de alargamento das metas do défice. Já José Gomes Ferreira, comentador assíduo na Sic e na Sic Notícias, falando sobre a grave situação que assombra o país, diz que a instabilidade política só agrava a situação financeira a nível interno e a nível externo, que existe uma incapacidade da parte do governo de conseguir criar medidas estruturais que não sejam inconstitucionais (esta afirmação provem dos consecutivos chumbos do Tribunal Constitucional às medidas do governo), a austeridade aplicada não era a recomendada, e agora já não existe tempo para remediar a situação, existindo também o problema acrescido do aumento dos juros da dívida, que não só dependem da situação interna, quando da situação externa. Gomes Ferreira afirma também que é tudo uma bola de neve até à chegada do segundo resgate, e é “exequível pensar-se em diminuir a dívida sem haver crescimento económico”, enquanto os mercados avaçam que de forma a renegociar a dívida é necessário avançar-se com o segundo resgate.

Quanto à reforma do IRC, também existem as mais variadas interpretações e opiniões. Ana Paula Dourado, cronista no Jornal de Negócios, acredita que com esta reforma “Portugal pode tornar-se ponto de passagem e de branqueamento dos investimentos em territórios de baixa tributação”. Já Pedro Patrício Amorim, também ele do Jornal de Negócios, opina que esta reforma “pode ser benéfica a longo prazo, atraindo investimento externo, mas tem que ser bem negociada com o partido da oposição”, e tem de ser um compromisso a longo prazo, tendo em conta que o investimento inicial é bastante alto. Eduardo Paz Pereira, do Jornal de Negócios, discorda do momento em que a reforma surge, mesmo assim louva a tentativa de atrair investimento, e discorre ainda que a reforma não deve avançar nos moldes em que se encontra prevista.

Susana Amador


Deixo aqui alguns links de interesse para o tema:




Fontes:
·         http://sicnoticias.sapo.pt;
·         http://www.jornaldenegocios.pt;
·         http://expresso.sapo.pt/henrique-raposo=s24907;
·         http://economico.sapo.pt/.


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O poder financeiro e a campanha das eleições autárquicas


            Primeiramente, é essencial referir que, embora se esteja em período de campanha autárquica, a realidade vivida no país tem como principal foco a necessidade de resolver os problemas financeiros de Portugal. Deste modo, as principais manchetes apontam para os resultados da oitava avaliação da troika, para a incerteza política, para os elevados juros da dívida pública, para o falhado regresso aos mercados, para a análise da execução orçamental e para a possibilidade de existência de um segundo resgate financeiro.

            Relativamente à oitava avaliação da troika, Pedro Passos Coelho demonstrou a sua intenção em manter o rumo no que toca à definição do limite do défice, resguardando que o programa de ajustamento é para cumprir. Contudo, já não falando em oposição, até mesmo dentro do próprio Governo existem diferentes posições quanto a este assunto, talvez até por uma questão de campanha eleitoral, visto que existem entidades defensoras de que a oposição a algumas circunstâncias acabará quando as eleições autárquicas estiverem passadas.  Dentro deste grande tema, é fundamental referir as contradições existentes entre o Relatório do FMI e a mesa de negociações. Assim, crucial será mencionar que a debilidade económica só contribui para o aumento das tensões políticas e para a diminuição da credibilidade portuguesa a nível internacional.

            Para compreender melhor esta dinâmica há que ter em conta as afirmações de alguns entendidos relativamente ao poder financeiro como é o caso de Nouriel Roubini. Este afirma que são as eleições autárquicas e as decisões do Tribunal Constitucional que vão decidir o futuro visto que são o espelho da “fadiga da austeridade”. Esta fadiga poderá, então, conduzir a um segundo resgate e a uma reestruturação da dívida pública.

             Durante esta semana, Portugal falhou o regresso aos mercados e foram evocadas algumas ideias como a criação de um Orçamento de Estado mais duro para que se evite um segundo regate. A oposição ao Governo acabou por considerar que este estava a fazer uma espécie de chantagem para com os portugueses.

            Por fim, quanto aos resultados da execução orçamental, a receita atingiu maiores números mas a despesa manteve-se. Os juros da dívida pública acabaram por baixar mas não de uma maneira significativa. Neste seguimento conjuntural, o principal problema a ser debatido é a incerteza política que acaba por colocar em causa todas as decisões financeiras.
 
Fontes:
 
Programas: 25ª Hora - TVI 24
                   Noticiários diários - TVI 24 e SIC Notícias
 
Jornais: Diário Económico
 
Alguns links importantes a consultar:
 
"Fitch coloca incerteza política como um dos maiores riscos em Portugal", in http://economico.sapo.pt/noticias/fitch-coloca-incerteza-politica-como-um-dos-maiores-riscos-em-portugal_177920.html, consultado a  25/09/2013.  
 
"Receita Fiscal rende mais de 13 milhões até Agosto", in http://economico.sapo.pt/noticias/receita-fiscal-rende-mais-13-mil-milhoes-ate-agosto_177833.html, consultado  24/09/2013.
 
"Credores pressionam governo para garantir ajustamento", in http://economico.sapo.pt/noticias/credores-pressionam-governo-para-garantir-ajustamento_177763.html, consultado a 24/09/2013.

Patrícia Paulino
 19/09/2013 a 25/09/2013

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

PSD Análise campanha autárquica



As Eleições Autárquicas de dia 29 de Setembro estão revestidas de grande importância para todo o país, tendo em conta o período de dificuldades que Portugal e os portugueses têm vivido. Assim sendo, todos os partidos têm encarado esta campanha eleitoral como decisiva para esclarecer os cidadãos quanto às posições que defendem não só para as autarquias mas também a nível nacional.
O Partido Social Democrata não foge à regra, porém, as circunstâncias em que estas eleições se realizam tornam a tarefa deste partido deveras complicada: o PSD encontra-se a governar o país, aplicando o Memorando de Entendimento e, em alguns casos, indo até para além deste. Dessa forma, o apoio popular ao PSD vem sofrendo duros golpes e prevê-se que o resultado destas eleições comprove isso mesmo. As declarações de Jorge Moreira da Silva, 1º Vice-Presidente do PSD, explicam a importância destas Eleições Autárquicas: “Estas eleições autárquicas são Eleições Autárquicas especiais e não são especiais porque são um desafio que muitos olham como muito difícil para o PSD. São eleições especiais porque ocorrem num momento em que o Poder Local tem a oportunidade de participar de uma forma ainda mais significativa num novo Modelo de Desenvolvimento que vá para lá de um resgate económico-financeiro”.
Acerca do problema que foi criado em torno da limitação de mandatos, o PSD viu-se fortemente implicado uma vez que, por exemplo em dois municípios tão importantes como Lisboa e Porto, os seus candidatos viram as candidaturas postas em causa até ao início do mês de Setembro. Ainda assim o PSD defendeu intransigentemente que a limitação de mandatos era territorial, tendo visto o Tribunal Constitucional  decidir favoravelmente a essa mesma interpretação da lei. Se já na Festa do Pontal o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, colocava como fasquia ganhar as Eleições Autárquicas, ultrapassada a questão da limitação de mandatos o partido pôde então concentrar-se na campanha eleitoral sem qualquer tipo de entraves.
Uma das tónicas presentes nesta campanha eleitoral tem sido a incidência com que os líderes dos diferentes partidos políticos relegam o tema autárquico para segundo plano e centram boa parte dos seus discursos na actualidade política nacional, fenómeno este impulsionado em grande parte por Pedro Passos Coelho que não raras vezes optou por fazer campanha defendendo o governo das críticas da oposição. Não obstante isso, as sondagens apontam para a vitória social democrata em pelo menos seis capitais de distrito, nomeadamente Aveiro, Braga, Bragança, Porto, Santarém e Viseu (em Faro é apontada a possibilidade de um empate técnico entre PSD e PS). Para terminar, um breve apontamento em relação ao que Marcelo Rebelo de Sousa enquanto comentador político define como grelha de análise para os resultados do PSD nestas Eleições Autárquicas: número de municípios conquistados e a vitória específica da câmara do Porto.

Rúben Guerreiro
26 / 09 / 2013

Fontes:
·      25-05-2013 + http://autarquicas.psd.pt/noticia.php?id=47, consultado dia 19-09-2013 às 16 horas.

·      17-08-2013 + http://autarquicas.psd.pt/noticia.php?id=92, consultado dia 19-09-2013 às 17 horas.

·      http://www.eleicoesautarquicas.pt/category/sondagens/´, consultado dia 21-09-2013 às 14 horas.

·      22-09-2013 + http://www.tvi.iol.pt/videos/programa/4529/128762, consultado dia 24-09-2013 às 9 horas.

Saudações do professor à comunidade de turma

O mais difícil de qualquer coisa é sempre o começo. Também eu estou a tentar. Gostei da animação da primeira sessão de trabalho do nosso Laboratório
José Adelino Maltez

As eleições autárquicas do próximo dia 29 de Setembro e as posições da CGTP-IN

No contexto das centrais sindicais, optamos pela análise da CGTP-IN, considerada por muitos especialistas como a maior organização social do país. Neste sentido, recolhemos algumas posições públicas desta central, de natureza político/sindical, assumidas ao longo das últimas semanas, quer por intermédio do seu secretário-geral, quer por sindicatos seus filiados
Tratando-se de uma central sindical em que maioritariamente predominam dirigentes sindicais comunistas, tem-se caraterizado esta organização como uma espécie de ‘corrente de transmissão’ das posições do PCP. Contudo, quem por norma adota este tipo de linguagem esquece-se, deliberadamente ou não, que são os trabalhadores nas empresas e locais de trabalho que elegem os seus representantes para os respetivos sindicatos que, por sua vez, indicam quais os elementos aos órgãos dirigentes da CGTP-IN, eleitos democraticamente de 4 em 4 anos em Congresso.
À parte das considerações iniciais, evidencia-se atualmente pela CGTP-IN um combate sem tréguas à política do Governo, sustentado pelo PSD e CDS-PP. O facto de estarmos num momento de campanha eleitoral, mais importância revela a estratégia assumida por esta central sindical, ou seja, no constante enfraquecimento do governo e das suas opções políticas, sempre escudadas no Memorando de Entendimento celebrado em 2011, mas revelando inequivocamente na sua essência uma clara opção ideológica.
Contudo, a estratégia da CGTP-IN, além das questões subjetivas, tem raízes em problemas objetivos de profunda gravidade. Muitas das medidas implementadas pelo Governo PSD/CDS-PP, têm penalizado duramente os trabalhadores portugueses, do sector público e privado, mas também os reformados e/ou aposentados, os trabalhadores desempregados ou os jovens que procuram pela 1ª vez entrada no mercado de trabalho. Neste sentido, as posições da CGTP-IN assumem-se claramente contra estas políticas e exigem simultaneamente a rotura com as mesmas. A reivindicação em torno da demissão deste Governo e a convocação de eleições antecipadas, tem sido nota corrente nas declarações dos responsáveis da CGTP-IN.
«O sindicalista [Arménio Carlos] considerou que o Executivo "é um Governo fora da lei, é um Governo que precisa de ser substituído, e é um Governo que continua, em vez de responder àquilo que são as necessidades do país e os interesses e anseios da população, continua persistentemente a atacá-los".»[1]
Procura-se assim, face às próximas eleições do dia 29 de Setembro, uma forte penalização eleitoral dos partidos que defendem, aplicam e desenvolvem uma política contrária aos interesses do mundo do trabalho. A conotação da realidade nacional à realidade local, como indissociáveis, está igualmente presente na ação desenvolvida pela CGTP-IN.
«Arménio Carlos assegura que o país precisa de políticas de esquerda. (…) o secretário-geral culpou o governo e o Presidente da República pela situação do país e acusou o executivo de ter medo de eleições.»[2]
A CGTP-IN, coerente com as suas premissas, desenvolve simultaneamente uma forte ação reivindicativa, considerando que se aproxima a discussão em torno do Orçamento de Estado para 2014, consubstanciado, pelo que se conhece, em novas medidas de austeridade. Neste sentido, anuncia-se que em «setembro vão ser realizados plenários de dirigentes e ativistas sindicais da CGTP em todo o país para discussão da proposta reivindicativa e de ação.»[3]
Conhecendo algumas das intenções do Governo, como a muito propalada ‘convergência das pensões’ [da CGA com as da Segurança Social], a CGTP-IN marca posição indubitavelmente contra estas novas medidas. Desenvolve ações concretas de esclarecimento e de luta de rua, onde implícita e recorrentemente, está a necessidade de demitir o Governo de Paulo Portas e Passos Coelho. «"Os trabalhadores e os pensionistas estão a ser confrontados com um novo ataque às reformas, por isso, a CGTP decidiu fazer esta campanha contra o roubo nas pensões e o aumento da idade da reforma", disse Arménio Carlos em conferência de imprensa.»[4]
A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, da CGTP-IN, realiza a 25 de Setembro uma jornada de luta nacional envolvendo os aposentados e reformados, dando expressão de rua à ação reivindicativa supramencionada.
A CGTP-IN denúncia a constante subserviência do Governo aos ditames da troika. Na última avaliação das organizações internacionais em solo português, criticaram duramente a ausência de vontade política, quer interna, quer externamente, em reconsiderar um conjunto de metas, irreais face às condições económicas e sociais do país que, caso sejam executadas, agravarão inevitavelmente a atual situação, já de si extremamente precária. A CGTP-IN refere que no «encontro, os representantes da troika não tiveram em consideração as opiniões e propostas da CGTP-IN, nem tão pouco em discuti-las. Fizeram deste encontro uma farsa!»[5]
Num plenário nacional de delegados e dirigentes sindicais, envolvendo dois dos sindicatos afetos à CGTP-IN [da administração local], realizado no passado dia 20 de Setembro, pode-se ler numa das resoluções aprovadas o seguinte:
«(…) assumem como imperativo de participação no próximo dia 29 e de combate contribuir para a derrota dos responsáveis por estas políticas de destruição do País.»[6]
Reconhece-se deste modo, a importância dos trabalhadores em exercer o seu direito ao voto, como uma ‘arma’ ao seu dispor, demonstrando a sua insatisfação e indignação perante as políticas assumidas pelos partidos que suportam o Governo, penalizando-os obviamente nas urnas.
A CGTP-IN e os sindicatos seus filiados procuram assim, no seu campo de influência, capitalizar em votos nos partidos de esquerda [não se incluindo aqui o PS] o descontentamento normal e legítimo que se observa no seio dos trabalhadores, usurpados nos seus direitos e rendimentos sem memória no Portugal democrático conquistado com a revolução de 1974.
Procura-se no mundo do trabalho, a alavanca que derrote os partidos da política de direita, como comumente afirma a CGTP-IN. O empobrecimento generalizado a que assistimos, será uma das principais razões que deverá motivar os trabalhadores, enquanto parte fundamental em qualquer ato eleitoral, a votar no próximo domingo por uma verdadeira alternativa em detrimento da velha alternância, já de todos conhecida.

24 de Setembro de 2013
Luís Dias




[1] Padrão, Isaltina, CGTP que o Governo viu terceiro “cartão vermelho” e deve cair, artigo publicado no Diário de Noticias a 29 de Agosto de 2013, versão eletrónica. Disponível em http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3394229 [Acedido a 24 de Setembro, às 09h59]
[2] SIC Noticias, Arménio Carlos garante que PSD e CDS “fogem das eleições como o diabo na cruz”, artigo publicado a 6 de Julho de 2013, versão eletrónica. Disponível em http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/07/06/armenio-carlos-garante-que-psd-e-cds-fogem-das-eleicoes-como-o-diabo-da-cruz [Acedido a 23 de Agosto, às 21h46]
[3] Ferreira, Ricardo Simões, CGTP marca lutas para Outubro, artigo publicado no Diário de Noticias a 4 de Setembro de 2013, versão eletrónica. Disponível em http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=3403992 [Acedido a 24 de Setembro, às 10h15]
[4] Rádio Renascença, CGTP acusa Governo de iniciativa “imoral e inconstitucional”, artigo publicado a 18 de Setembro de 2013, versão eletrónica. Disponível em http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=122479 [Acedido a 24 de Setembro, às 10h37]
[5] CGTP-IN, Reunião com a Troika foi uma farsa!, posição oficial da CGTP-IN publicada na página oficial da internet a 18 de Setembro de 2013. Disponível em http://www.cgtp.pt/comunicacao/comunicacao-sindical/6695-reuniao-com-a-trika-foi-uma-farsa [acedido a 24 de Setembro, às 10h54]
[6]STAL, STAL e STML protestaram em S.Bento contra retrocesso social, artigo publicado na página oficial do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) a 20 de Setembro de 2013. Disponível em http://www.stal.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=1303&Itemid=1 [Acedido a 24 de Setembro, às 11h37]