sábado, 16 de novembro de 2013

A ascensão de Costa nas sondagens

As últimas semanas da governação costista em Lisboa foram marcadas por uma acesa discussão e luta partidária quanto à liderança do Conselho da Área Metropolitana de Lisboa e a presença de Costa em várias frentes de batalha enquanto figura assinalada para possíveis cargos electivos continua a ser um assunto em voga, desde a liderança do Partido Socialista à Presidência da República.

Quanto à área metropolitana de Lisboa, esta regista a maior concentração populacional e económica de Portugal, perfazendo 18 conselhos onde residem quase 3 milhões de habitantes isto é, cerca de ¼ da população portuguesa. Já a nível económico, concentra em si 25% da população activa do país assim como 30% das empresas nacionais que contribuem para mais de 36% do Produto Interno Bruto e que se mantêm nesta área do litoral onde é mais fácil desenvolver actividades económicas pela proximidade com dois grandes portos nacionais: Lisboa e Setúbal. É então uma região com relevo a nível internacional e com potencialidades competitivas.

A vitória em Lisboa tem ajudado a consolidar o protagonismo político de António Costa, que no final de Outubro viu o seu índice de popularidade aumentar para valores recorde, com 56% dos inquiridos a afirmarem a sua preferência por Costa enquanto próximo líder do Partido Socialista, ao passo que Seguro está em processo de decadência atingindo o nível de popularidade mais baixo de sempre, com apenas 13 % das preferências.


Assim, Costa parece aproveitar este momento de fraqueza para conquistar mais pontos, principalmente através da chefia do Conselho da Área Metropolitana de Lisboa, onde o PCP contesta veementemente a vitória do Presidente da Câmara. Deste modo, a grande disputa reside na interpretação da lei, nomeadamente da alínea 2 do artigo 105º do Regime Jurídico das Autarquias Locais que defende o seguinte:

«As deliberações do conselho metropolitano e do conselho intermunicipal consideram-se aprovadas quando os votos favoráveis dos seus membros correspondam, cumulativamente, a um número igual ou superior ao dos votos desfavoráveis e à representação de mais de metade do universo total de eleitores dos municípios integrantes da área metropolitana».

Quem apoia Costa defende que a eleição do Presidente do Conselho é um assunto de deliberação, indo por isso ao encontro deste artigo e dando razão e legitimidade à vitória por este conquistada, pois Costa teve uma maioria de votos nesta eleição, assim como uma maioria de votantes dos municípios da área metropolitana. No entanto, o PCP tem manifestado desagrado com sucessivos abandonos em reuniões pelo facto de crer que a eleição para a Presidência do Conselho Metropolitano de Lisboa não se configura como um assunto deliberativo, sendo a utilização deste artigo para legitimar a vitória de Costa ilegal. O PCP acrescenta ainda que que a lei apenas diz que o Conselho tem de eleger o seu Presidente e os seus Vice-Presidentes admitindo até recorrer aos tribunais devido a tão profunda discórdia sobre o método de eleição.

A interpretação desta lei por parte de António Costa e dos socialistas da área metropolitana pode ter sido utilizada por estes para alcançar uma maioria no executivo do Conselho pois caso tal não se desse teria de se começar a fazer acordos de governabilidade e coligações entre os vários partidos, sendo que o parceiro natural seria o PCP pelos resultados obtidos nas autárquicas em Setembro.

Depois de saído o novo regime jurídico das autarquias locais e com a alteração da forma de eleição (a regra do voto único e intransmissível para cada câmara já não vigora) Costa defende que cada câmara deve ter um voto específico consoante as suas características, sendo que a mais importante é a populacional. Assim, este argumento é também favorável a Costa visto que Lisboa concentra uma parte significativa da massa populacional, assim como parte dos negócios importante e outras actividades comerciais.

Outro problema ligado a esta questão provém do binómio número de câmaras- número de votantes. Deste modo, o PCP argumenta que, por ter mais câmaras na área deve ter preferência para eleição na presidência, já os socialistas argumentam que a presidência se deve pautar pelo número de eleitores, sendo que as suas câmaras, ao todo, albergam mais habitantes que as conquistadas pelo PCP. De lembrar que os nove municípios que deram a vitória a António Costa representam 67% dos eleitores enquanto as nove câmaras da CDU representam os restantes 33%.

É nesta diferença entre maioria de eleitores e maioria de câmaras que reside também o motivo da discórdia, sendo que a CDU defende o modelo seguido na Área Metropolitana do Porto, em que apesar de o PS ter a maioria de eleitores nas câmaras que conquistou, o Conselho decidiu entregar a presidência ao PSD, que tem uma maioria de câmaras, pois apesar de, em Lisboa, o PS ter o maior número de eleitores, a CDU tem o maior número de câmaras.

Retomando o assunto da necessidade de intervenção concertada e de acordos universais entre actores políticos, Costa critica duramente o modelo de debate quinzenal utilizado na Assembleia da República pois configura uma dinâmica que destrói uma possível vontade de consenso. Na sua óptica, os debates são “coreografados para serem um duelo entre matadores” em que o Primeiro-Ministro e o líder da oposição se tentam prejudicar mutuamente, e que só contribui para a “deterioração cada vez mais acentuada das relações entre os principais locutores políticos”, pois, como o próprio afirma “as democracia e os consensos não se conseguem com duelos”.

Assim, o modelo de debate quinzenal “é uma das invenções mais estúpidas que a Assembleia da República fez nos últimos anos”, sendo que esta foi uma medida proposta, criada, defendida e idealizada por António José Seguro. A proposta foi aprovada em 2007, ainda numa legislatura em que José Sócrates era Primeiro-Ministro, e inscreve-se no art. 72º do Regimento da Assembleia da República tendo como nome “Debate de Actualidade”. O regimento afirma que “em cada quinzena pode realizar-se um debate de actualidade a requerimento potestativo de um grupo parlamentar” (alínea 1).

            Apesar de, nos termos da lei, esta ser uma ideia dinâmica e beneficiar o diálogo interpartidário, num segundo momento e depois de se avaliar a prática parlamentar portuguesa a conclusão que se pode tirar é a de que os partidos não utilizam estes debates de actualidade para alcançar consensos e como Costa afirma este é “um factor que condiciona a possibilidade da eficácia da consensualização política”. 1


Quanto à Presidência da República e às eleições para 2015, e com Cavaco Silva já fora da corrida por impossibilidades de acumulação de mandatos pois este já é o seu segundo mandatos desde 2006, aí coabitando com um Governo socialista, António Costa surge como uma grande oportunidade da esquerda.

Com 26,6% das intenções de voto, ainda que acompanhado de perto por António Guterres, Costa perfilha-se como grande sucessor de Cavaco Silva, ou pelo menos seria essa a escolha da maioria dos portugueses que votassem na esquerda. O candidato de peso da direita é Marcelo Rebelo de Sousa que tem vindo a conquistar apoios de todos os quadrantes da sociedade.

                                                                                                         
                                                                                                               Joana Lemos


Fontes e links de consulta

António Costa classifica de “estúpida” a invenção de Seguro in Diário Digital http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=667465

Passos Coelho e Reformulação do OE 2014

Após meses de elaboração de propostas e medidas, o Orçamento para 2014 começa a ser discutido esta quinta e sexta-feira em Plenário, com o objectivo de obter um consenso aquando da sua votação global final, prevista para dia 26 de Novembro.

Passos Coelho, tendo em conta a proposta de Lei, declarou que o Governo “não tem nenhum prazer” nem tomou qualquer decisão de “ânimo leve”[1], referindo também a necessidade do Executivo de cortar despesa estadual no sector da Segurança Social e nos salários dos funcionários públicos. Apesar desta dita “necessidade”, a maioria parlamentar apresentou uma modificação quanto aos valores mínimos, sendo que os salários da função pública abrangidos sobem de 600 para 675 euros, proposta essa que visa poupar 21 milhões de euros ao Estado, compensados com a diminuição das transferências do organismo para as Estradas de Portugal.[2]

Mesmo com todas as consequências benéficas que acarretam, as propostas alternativas apresentadas ao longo dos últimos dias pelos diferentes partidos visam apenas controlar a acção do Tribunal Constitucional, de forma a tentar evitar o chumbo do Orçamento de Estado para 2014.

Passos Coelho, na última Comissão Permanente do PSD, reconheceu que “o Governo pode não chegar ao fim da legislatura”[3]; quando confrontado com estas declarações e questionado sobre a patente instabilidade política, quer dentro do PSD ou no seio da maioria parlamentar, o primeiro-ministro afirmou que não existe qualquer “incerteza política e que o Governo, o que quer que aconteça em Portugal, cumprirá o seu mandato”[4], contrariando as avaliações levadas a cabo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Temendo os riscos inerentes à instabilidade e ineficácia política, como a falta de confiança dos investidores e das agências de rating, Passos Coelho está a considerar a possibilidade de existência de uma diminuição do IRS em 2015, mas apenas se houver algum tipo de excedente orçamental: “Se viermos conseguir a baixar alguma coisa na carga fiscal que incide sobre o IRS (…), então, é justo que os portugueses recebam o retorno da política que foi seguida.”[5].

Depois de se analisar com atenção estas ocorrências, torna-se claro o receio do Executivo face ao possível veto do Tribunal Constitucional, pois, se este órgão não existisse, não se denotaria nenhum tipo de medida proposta que visasse o benefício dos portugueses. A proximidade das futuras eleições também influência a tomada de decisões, relativamente às medidas propostas no Orçamento, apesar de Passos negar este facto.

Para concluir, Cavaco Silva remete para a consolidação do “muito importante”[6] crescimento económico no terceiro trimestre de 0,2%, de maneira a evitar o pedido de um segundo resgate.



Inês Salen (212814)


[1] RTP: Passos Coelho remete para 2014 entendimento sobre salário mínimo, in http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=695522&tm=9&layout=123&visual=61 (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 09h47min)
[2] Jornal de Noticias: PSD e CDS-PP querem cortes salariais a começar nos 675 euros, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3535572 (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 09h55min)
[3] Jornal de Notícias: Passos Coelho admite demissão se Constitucional chumbar Orçamento, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3134917 (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h03min)
[4] TVI24: «Governo cumprirá o mandato, o que quer que aconteça em Portugal», in http://www.tvi24.iol.pt/503/politica/passos-coelho-oe2014-governo-fmi-resgate-primeiro-ministro/1510334-4072.html (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h20min)
[5] Jornal de Notícias: Passos admite diminuição do IRS em 2015 e recusa eleitoralismo, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3536009 (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h33min)
[6] Sapo: Há políticos que “não estudaram o que significa” novo resgate, in http://economico.sapo.pt/noticias/ha-politicos-que-nao-estudaram-o-que-significa-novo-resgate_181798.html (consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h39min)

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Relatório FMI (8ª e 9ª Avaliações)

Ao longo das últimas semanas o mais esperado relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) surge com óptimas notícias para o país. Contudo, não deixa de ser uma questão dúbia, isto porque, o que é melhor para o país no que toca à sua competitividade, entrada e reconhecimento perante os mercados nem sempre são boas notícias para a maioria dos portugueses que tanto sofrem com o peso de austeridade que recaí sobre eles.
Explorando as conclusões retiradas, os responsáveis consideram que serão necessários mais ajustamentos estruturais em Portugal em 2015 e nos anos seguintes, admitindo que a agenda da reforma pode não ser suficientemente ambiciosa. Salientam a importância de apoios dos parceiros europeus para que se assegure os desafios financeiros a médio prazo. No entanto, a Troika sabe que existem algumas limitações acrescidas com a oposição do Tribunal Constitucional face a algumas medidas que integram o Orçamento do Estado para 2014 e, devido à tamanha crise política, decidiram aguardar para que mais tarde possam implementar o pacote fiscal, mas com a consciência de que estão muito limitados.
O relatório encara a situação com transparência e frontalidade ao afirmar que o crescimento da actividade económica e a descida da taxa de desemprego são índices positivos, salientando um aspecto negativo e importante, a taxa de desemprego cerca de 17,4% continua a ser das mais altas da zona europeia. As exportações cresceram e os custos unitários de trabalho baixaram. Ou seja, o FMI prevê uma contracção na economia de 1,8%, menos 0,5% do que inicialmente previsto. Baixar a taxa de IRC (Imposto sobre Rendimento das Pessoas Colectivas) é visto com bons olhos porque pode aumentar a competitividade entre as empresas e gerar mais emprego, desta feita o relatório refere que as gerações mais jovens devem recair mais para o sector privado.
Na análise feita pelo economista José Gomes Ferreira, comenta que daqui só se poderá melhorar, pois já se “bateu no fundo” como se costuma dizer. Igualmente refere que a Organização Internacional quer que os cortes na despesa do Estado para 2014 sejam permanentes, os salários mais baixos e flexíveis como defende a Troika e reporta que a dívida é sustentável desde que se faça tudo o que está previsto no relatório. Com isto, aprovou-se um cheque de 1910 milhões de euros, serão necessários 3400 milhões de euros para os dois anos seguintes, ou seja, 2015 e 2016 para que o PIB (Produto Interno Bruto) chegue a 2016 com a taxa de défice estrutural de 0,5%. Isto porque, a meta prevista para 2014 de 4,0% não se conseguiu atingir por existir divergências políticas tanto no próprio governo, como na oposição em Portugal. A partir de 31 de Maio de 2014 o FMI deixa de ser o principal credor do país, passando em 2015 e anos seguintes a ser o BCE (Banco Central Europeu) e a Comissão Europeia.
Para concluir, recordo que este tema é sensível e ao mesmo tempo é dúbio porque são boas notícias para Portugal e más notícias para os trabalhadores, continuam a contrair as suas despesas em detrimento das medidas fiscais previstas em orçamento. A questão dos cortes na saúde, o FMI afirmou que a austeridade é para continuar até mesmo, se possível, ir mais além. Querendo isto reforçar a ideia de que as reformas no Estado são para ir a avante mesmo na incerteza que se consiga regressar aos mercados.


Vale a pena todo este esforço?

André Henrique Rodrigues
211109

Fontes:

Extrema-direita na Hungria

Ao que parece e de acordo com uma notícia do “Público” o anti-semitismo está a crescer na União Europeia. “O anti-semitismo cresceu na União Europeia nos últimos cinco anos, sobretudo através da Internet, dizem 76% dos cerca de 6000 judeus que participaram num inquérito da Agência Europeia dos Direitos Fundamentais, divulgado esta sexta-feira.”[1] Na Hungria este tipo de pensamento e sentimento é particularmente grave já que dos 6000 judeus inquiridos em oito países da Europa(Alemanha, Bélgica, França, Hungria, Itália, Letónia, Suécia e Reino Unido), 91% afirma esse nesse país há um risco muito grande em ser judeu. O inquérito permitiu também concluir que não é só na sociedade em geral que existe esse tipo de pensamento, o próprio discurso político está “contaminado” com esse tipo de ideias e não é por acaso que 84% dos inquiridos” reconhecem a presença do discurso anti-semita no discurso político”[2].
É precisamente sobre a Hungria que irei falar um pouco esta semana para dar a conhecer o movimento da extrema-direita desde há uns anos para cá, a sua evolução nas eleições, ás acções de rua e as consequências sofridas por aqueles que são o alvo da extrema-direita. O movimento/partido  de extrema-direita mais conhecido na Hungria é o Jobbik( Movimento por uma Hungria melhor) e foi fundado  a 24 de Outubro  de 2003, é actualmente a terceira força política em termos de representação parlamentar com 43 lugares em 386 e tem também 3 deputados no Parlamento Europeu. Afirmam ser contra a globalização capitalista e defendem a preservação da cultura e identidade húngara, como muitos outros movimentos de extrema-direita o Jobbik também rejeita ser apelidado de força de extrema-direita preferem ser vistos como uma força patriótica que não é nem de esquerda nem de direita. É uma estratégia política que os novos nacionalismos têm utilizado com bastante sucesso que mais não passa de uma operação de marketing e de omissão das verdadeiras intenções. Em 2007 o Jobbik formou a Guarda Húngara que procurava ser uma força com o objectivo de manter a ordem social e em 2009 foi extinta por ordem judicial com acusações de ter cometido crimes contra as minorias presentes na Hungria. O facto é que esta força política tem conseguido captar a atenção de muitos cidadãos e em particular dos jovens e veja-se, em 2006 o Jobbik obteve uma votação para o parlamento húngaro de 2.20% (119.007 votos) sem conseguir obter um único assento parlamentar, já em 2010 a votação subiu de forma brutal tendo alcançado os 16.67%( 855.436 votos) elegendo assim 47 deputados.
Recentemente surgiu um novo movimento de extrema-direita na Hungria, chama-se “Amanhecer Húngaro” e  nasceu a partir de uma dissidência do Jobbik. “Andras Kisgergely, o presidente desta organização de extrema direita garantiu aos jornalistas que na página oficial do partido na Internet vai ser divulgado o registo étnico de todos os membros… além disso quer ainda rasgar o tratado de Trianon, assinado depois da 1ª Guerra Mundial, de forma a recuperar territórios que pertenciam à Hungria até 1920.”[3] Por enquanto ainda não se encontra legalizado mas isso não deverá ser um impedimento à actuação deste movimento. A pergunta que se faz é, até quando se vai tolerar a criação, o desenvolvimento e a consolidação deste tipo de movimentos neonazis?



Rui Campos nº211648
13/11/2013

terça-feira, 12 de novembro de 2013

A "libertação" de um povo livre



O Budismo Tibetano ou Lamaísmo, pertence a uma vertente do Budismo chamada Maaiana, que assume como representante supremo o Dalai Lama.
O termo Lamaísmo provém de Lama (tibetano), que significa “mestre” ou “superior”.
Tendo em conta o seu forte carácter místico, os estudiosos europeus utilizam este termo para distingui-lo do Budismo Indiano.
O Dalai Lama é a reencarnação de uma longa linhagem de professores de Darma (lei natural ou realidade), que escolhe de forma consciente reencarnar, de forma a continuar a exercer o seu juramento religioso e esclarecer a humanidade. Acredita-se que esta linhagem teve início a 1110.  
Após a morte de um Dalai Lama, os monges iniciam uma busca para descobrir o seu renascimento.
Uma antiga profecia declarava que o décimo-quarto Dalai Lama não governaria o Tibete, e tendo em conta a ameaça iminente da invasão Chinesa, este prenúncio não estaria nada mal direccionado. O Dalai Lama sobe ao trono com apenas 16 anos pela primeira vez, e a Novembro de 1950 é coroado. É-lhe permitido reinar até Março de 1959, quando é forçado a abandonar o Tibete pelo Exército de Salvação Popular. Acontece que os representantes do Tibete tinham assinado um acordo, chamado “Acordo dos Dezessete Pontos”, e se o consentimento do Dalai Dama tinha sido dado, é uma questão muito pouco clara. Neste acordo era permitido á China que “libertasse” o Tibete.   

O Dalai Lama é um líder religioso e político, sendo em uníssono um Monge e um Lama (Professor de Darma). Exerceu o poder político no Tibete a partir do Séc. XVII até 1959, e apesar de o Dalai Lama actual não se encontrar a exercer este poder, é considerado o líder oficial do Governo Tibetano em exílio.
A Administração Central Tibetana, oficialmente a Administração Central Tibetana de Sua Santidade o Dalai Lama (comumente chamado Governo Tibetano no Exílio), é dirigida por Tenzin Gyatso, o décimo-quarto Dalai Lama, que afirma ser o governante legítimo, por direito, do Tibete.  
Assumindo o poder assim que a China começa a exercer um forte controlo militar sobre o Tibete, concede a Tenzin Gyatso uma imagem não só de um líder espiritual extremamente importante como a de uma figura política preocupada com os seus cidadãos e com a libertação do seu povo. Apesar de ter sido forçado a afastar-se do perímetro político Tibetano, contínua a consciencializar todos aqueles a quem consegue chegar, a partir de Dharamsala, Índia.
A luta Tibetana contra a ocupação Chinesa, continua e continuará a ser um dos principais enfoques do discurso de Tenzin Gyatso, apresentando diversas soluções não violentas relativas a disputas religiosas e políticas.


                                                     1956 - O Dalai Lama (segundo à direita) com Mao Zedong
                                                  (no centro), o presidente da República Popular da China, numa 
                                                               tentativa de estabelecer relações diplomáticas 




O Governo no Exílio surpreendentemente, funciona com todos os aspectos institucionais e burocráticos exigidos a qualquer outro sistema de governo. É necessário ter em conta que cerca de 120 mil tibetanos vivem no exílio, e a grande maioria concentra-se na Índia.
O governo é dividido entre o poder Executivo, Legislativo e Judiciário.
O chefe do Executivo é eleito directamente pelos tibetanos exilados, para um mandato de 5 anos, enquanto os restantes membros do gabinete são nomeados pelo chefe do executivo e aprovados pela Assembleia dos Representantes do Povo Tibetano.
O Parlamento Tibetano no Exílio é o órgão superior do legislativo, composto por 46 membros, 43 eleitos directamente enquanto os 3 restantes são nomeados pelo Dalai Lama, para um mandato de 5 anos.
O principal órgão do judiciário é a Comissão Suprema Tibetana de Justiça, chefiada pelo comissário-chefe de justiça e outros dois comissários, todos eles são nomeados pelo Dalai Lama e posteriormente aprovados pela Assembleia.
O Governo no Exílio é sediado em Dharamshala (norte da Índia) e tem representações em Nova Deli (Índia), Nova York (EUA), Genebra (Suíça), Tóquio (Japão), Londres (Reino Unido), Canberra (Austrália), Paris (França), Moscovo (Rússia), Pretória (África do Sul) e Taipé (Taiwan).




Mariana Sacadura Franco




Fontes:

História da procura do novo Dalai Lama: http://www.sunnet.com.br/home/Noticias/A-Historia-do-Dalai-Lama.html (Consultado a 11 de Novembro de 2013)

Acordo dos dezessete pontos: http://www.tibetjustice.org/materials/china/china3.html (Consultado a 11 de Novembro de 2013)


http://www.salves.com.br/tibbudtib.htm (Consultado a 9 de Novembro de 2013)

http://pessoas.hsw.uol.com.br/dalai-lama.htm (Consultado a 10 de Novembro de 2013)


Desvalorizar a CGTP-IN, é desvalorizar a maior organização social do país cuja influência é determinante no futuro imediato da atual sociedade portuguesa. [À procura de um relatório final.]

Ao longo dos últimos três meses fomos acompanhando a actividade da central sindical mais representativa do nosso país. A CGTP-IN, fiel aos seus princípios, à sua história e à sua tradição reivindicativa, tem demonstrado uma coerência e uma firmeza inabalável e dificilmente comparável com qualquer outra organização social existente em Portugal.
Nas raízes desta central sindical encontraremos os movimentos associados ao anarco-sindicalismo e ao sindicalismo revolucionário do início do século XX. São evidentes, numa fase posterior e já em plena ditadura fascista, as influências do Partido Comunista Português, mais concretamente dos seus militantes que deram e continuam a dar corpo e voz ao movimento sindical português, hoje consubstanciado na realidade insofismável que é a CGTP-IN. Uma constatação que é também o sinónimo do reconhecimento e confiança depositada ao longo dos anos pelos trabalhadores portugueses na sua central sindical, nos sindicatos seus filiados, nos seus dirigentes, delegados e activistas sindicais. A história oficial da CGTP-IN nasce em 1970, a 1 de Outubro. Uma história que continua hoje com a força de quem trabalha, através do seu reforço, renovação e desenvolvimento, imprescindíveis à sua consolidação na sociedade portuguesa e, mais concretamente no mundo do trabalho, origem e justificação da sua própria existência.
Em Setembro, quando fomos desafiados no jogo da simulação, assumindo a representação da CGTP-IN no âmbito das aulas da unidade curricular de Laboratório I (Análise de politica Interna) do Professor Adelino Maltez, percebemos a importância que nos calhava em sorte mais ou menos construída, e do interesse que incontornavelmente iria estar associado a este trabalho.
Tentando fazer uma breve retrospectiva dos vários trabalhos apresentados e disponíveis no blog criado para o efeito, procuraremos simultaneamente, apresentar uma espécie de relatório final, tendo contudo a noção que será um relatório inacabado e imperfeito no que diz respeito ao estudo da CGTP-IN. Esta labuta, que se quer diária, requer impreterivelmente dedicação e entusiasmo continuado, para os anos que se seguem.
Regressando ao nosso universo temporalmente limitado aos três meses já referidos, iniciámos a nossa pesquisa sobre a CGTP-IN no contexto político em que o país se encontrava na altura, isto é, em plena campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 29 de Setembro de 2013.
O texto publicado a 24 de Setembro com o título ‘As eleições autárquicas do próximo dia 29 de Setembro e as posições da CGTP-IN[1], procurou destrinçar a acção e o discurso político-sindical da central sindical num contexto em que o povo português procurava definir as suas opções políticas e eleitorais, no plano dos respectivos governos locais perspectivando os próximos quatro anos. Uma acção teórica e prática indissociável da sua natureza ideológica [da CGTP-IN] que sempre se assumiu defensora dos ideais e valores de ‘esquerda’, conotados portanto com a defesa das funções sociais do Estado, dos direitos dos trabalhadores e dos interesses em geral relacionados com o mundo do trabalho. Capitalizar em votos nas forças políticas por tradição minoritárias no sistema político português, situadas no espectro político-ideológico da esquerda, tornou-se assim uma linha coerente de raciocínio, face ao profundo descontentamento que grassa na sociedade portuguesa contra os partidos do ‘arco da governação’.
«Procura-se no mundo do trabalho, a alavanca que derrote os partidos da política de direita, como comummente afirma a CGTP-IN. O empobrecimento generalizado a que assistimos, será uma das principais razões que deverá motivar os trabalhadores, enquanto parte fundamental em qualquer ato eleitoral, a votar no próximo domingo por uma verdadeira alternativa em detrimento da velha alternância, já de todos conhecida.»[2]
Após as eleições de 29 de Setembro, surge a segunda publicação datada de 1 de Outubro com o título de ‘As propostas da CGTP-IN após os resultados eleitorais do passado domingo’[3]. Os resultados eleitorais foram para a central sindical um sinal inequívoco do profundo descontentamento dos portugueses com os partidos do tradicional ‘arco da poder’, tendo o PS, PSD e CDS-PP perdido em conjunto mais de 850 mil votos quando comparado com as eleições de 2009.
«Neste quadro, de combate permanente à política do governo e na procura do seu enfraquecimento irreversível e posterior demissão, a CGTP-IN enaltece os resultados eleitorais obtidos no passado domingo. São claramente para a Central, o sinónimo de um profundo descontentamento e repúdio à política de austeridade, por um lado, e aos partidos que suportam o governo, por outro, não deixando de referir neste ‘lote’, o PS enquanto partido do dito arco da governação. Ideia de alguma forma sustentada pelos votos perdidos nestas eleições [pelos três partidos] quando comparados com as eleições autárquicas de 2009.»[4]
Um dos factores que marcou o ato eleitoral de 29 de Setembro foi a elevada abstenção, atingindo novos máximos no plano das eleições autárquicas desde que se realizam eleições livres, justas e democráticas, possibilidades apenas alcançadas após a revolução de 1974. Todavia, não deixa de ser um sinal preocupante sobre o estado de saúde do sistema político português.
No âmbito da CGTP-IN, as posições sobre a abstenção em concreto são difusas ou mesmo inexistentes, contudo, decidimos abordar esta temática num ângulo um pouco diferente se comparado por exemplo com um qualquer partido político cuja natureza intrínseca lhe permite uma avaliação destes acontecimentos políticos com maior soltura e espontaneidade.
A terceira publicação surge assim a 7 de Outubro com o título ‘A abstenção nas passadas eleições autárquicas reforça as posições da CGTP-IN?’[5], indicando em alguma medida o percurso mais ou menos assumido da nossa breve deambulação pelo mundo político-sindical. Neste sentido, apontámos justificações sociológicas que poderão estar na base da crescente abstenção, mergulhando em assuntos como o desemprego ou a emigração. Num plano complementar, mais de carácter político e ideológico, aflorámos a temática em torno da maior ou menor legitimidade dos actuais governantes portugueses. Para a CGTP-IN, a abstenção é o resultado da conjugação de todos estes elementos e muitos outros que poderiam ter sido desenvolvidos e não o foram por inoportunidade manifesta.
Na primeira quinzena de Outubro e num capítulo recorrente do funcionamento político interno português, entramos nas deambulações sobre a apresentação e discussão da proposta de lei do Orçamento de Estado. Tornou-se assim importante analisar no concreto um documento considerado estratégico para qualquer governo, mas também para o futuro do país e da respectiva população. Obviamente, a desconstrução pretendida foi realizada na óptica da central sindical em apreço. A 15 de Outubro portanto, o Governou tornou oficial a sua proposta ao entregá-la na Assembleia da República, cumprindo com as regras político-legislativas em vigor.
No dia seguinte, após reunir a informação necessária e considerada imprescindível na contextura deste tema, publicámos o artigo denominado de ‘A CGTP-IN e a proposta do OE 2014 de um Governo que anuncia o fim da austeridade se baixarem as expectativas…’[6], onde se procurou transmitir as críticas da central sindical a um projecto que procura aprofundar a política praticamente institucionalizada de austeridade, levada a cabo pelo Governo de Paulo Portas e Passos Coelho. No seio desta intensa manifestação de desagrado da CGTP-IN, somam-se as acções de rua, de luta e protesto, materializando e complementando as posições da central. É disso exemplo, as marchas em Lisboa e no Porto de 19 de Outubro, enquadradas num intenso debate com o Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, sobre a travessia da Ponte 25 de Abril e em que moldes a mesma podia ou não realizar-se. O simples facto destas acções se terem realizado, terá supostamente isolado ainda mais um governo, que carece neste momento de uma base social que lhe possa conceder qualquer tipo de amparo.
A 30 de Outubro, publicámos o quinto artigo com o título ‘Um Orçamento de Estado que não resolve os problemas do país, do povo e dos trabalhadores portugueses!’[7], confirmando algumas ideias já avançadas pela CGTP-IN e descritas no artigo precedente. A novidade centrou-se nas propostas [no âmbito da discussão do orçamento], em alternativa às do governo, que a central apresentou publicamente, desconstruindo as teses das inevitabilidades tão propagandeadas pelos membros do actual executivo e respectivos acólitos. Avançou-se ainda sobre a prática recorrente do governo em desrespeitar a Constituição da República, especulando sobre eventuais cenários no que concerne ao futuro de Portas e Passos. Um futuro repleto obviamente de inconstitucionalidades, e onde se deve prever as consequências daí subsequentes no surgimento de uma crise política de contornos expectáveis e irreversíveis. Relembramos algumas das conclusões desse artigo:
«Percebe-se claramente a intenção da CGTP-IN em alargar o mais possível a onda de contestação e protesto organizado contra o Governo, envolvendo o maior número de estratos sociais, sectores profissionais e outras camadas da população, que por norma estão fora do âmbito tradicional de intervenção e influência da Central. Procura-se deste modo que a ‘pressão das ruas’ se faça sentir inexorável e constantemente, não só junto da Assembleia da República e do Presidente da República mas também junto do Tribunal Constitucional. A queda do governo PSD/CDS-PP mantém-se, obviamente, como um objectivo incontornável.» [8]
Em Novembro, a CGTP-IN aprofundando o processo de contestação à política do governo e à sua proposta de OE para 2014, realiza uma grande manifestação que faz transbordar o espaço público em frente à Assembleia da República no dia em que se procedeu à votação na generalidade deste documento, ou seja, a 1 de Novembro. Milhares de pessoas respondem positivamente ao apelo da central sindical e ‘chumbam’ na rua o OE que consideram ilegal, ilegítimo e desastroso.[9]
A CGTP-IN afirmava nesse dia que «Enquanto os deputados debatiam, no parlamento, o Orçamento de Estado para 2014 (OE), a CGTP-IN reclamava, na rua, a rejeição do OE 2014 que contem medidas que são a continuação da ofensiva exploradora e de empobrecimento dos trabalhadores e reformados e pensionistas mas, também, de outras camadas da população, para além de constituir mais um passo largo no ataque às funções sociais do Estado, aos serviços públicos e ao Poder Local Democrático, entre muitas outras malfeitorias contra os trabalhadores, o povo e o país.»[10]
Neste sentido é anunciado a próxima acção de luta, novamente para as imediações da Assembleia da República, agendada para o dia 26 de Novembro, data em que será aprovado na globalidade e definitivamente o OE para 2014. No período intermédio, destacam-se as lutas sectoriais que decorrem com mais ou menos impacto, mas que demonstram inequivocamente a insatisfação em vários sectores profissionais e de actividade, do público ao privado, mobilizando os respectivos trabalhadores contra a política que lhes impõe arbitrariamente sacrifícios atrás de sacrifícios.
Neste campo de acção, destacam-se as lutas desenvolvidas no sector dos transportes, nomeadamente, na CP, na CARRIS ou na SofLusa, mas também a greve nacional da administração pública do dia 8 de Novembro, que envolveu igualmente as estruturas sindicais da UGT. Afirma a coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, a estrutura mais representativa dos trabalhadores do Estado e afecta à CGTP-IN, que «a greve da administração pública, que começou na quinta-feira [dia 7 de Novembro] com os bombeiros municipais de Lisboa e prosseguiu depois com os hospitais, já é uma demonstração e resposta inequívoca de uma postura de grande descontentamento com o que se está a passar.»[11] O secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos reforçava esta tese afirmando que se trata «de uma enormíssima adesão de todos os serviços, escolas, finanças, segurança social, autarquias (...). As coisas estão a correr bem e vão continuar. Estes trabalhadores e trabalhadoras estão todos os dias a ser mal tratados pelo Governo».[12]
Paralelamente às lutas que se realizam nas suas várias dimensões com impactos de norte a sul do país e até nas ilhas, a CGTP-IN não deixa de cumprir com o seu papel de natureza mais institucional. No dia 9 de Novembro, numa acção de rua que culminou junto ao Ministério das Finanças, com os trabalhadores dos transportes, Arménio Carlos referia, sobre a eventual participação de Passos Coelho na reunião de Comissão Permanente da Concertação Social, anunciada pelo presidente do Conselho Económico e Social (CES), José Silva Peneda, que o «Governo quer dar a ideia que quer negociar com os parceiros sociais, mas na verdade só impõe as suas propostas. Se quer negociar retire as suas propostas».[13]
No intuito de consolidar posições perante a ineficácia e ineficiência da actual política governativa, com consequências dramáticas na vida de milhares de famílias portuguesas, a CGTP-IN, perante os dados do INE publicados nesse período que apontam a destruição de mais de 100 mil empregos em Portugal nos últimos 12 meses, refere o seguinte:
«Esta situação é resultado das medidas que o Governo e a Troica têm imposto aos portugueses, nomeadamente aos trabalhadores, mas também pensionistas e demais camadas desfavorecidas da população. Medidas que estão a acentuar a destruição do aparelho produtivo do país e a degradação dos serviços públicos. Medidas que o Governo quer continuar a aprofundar com proposta de Orçamento de Estado para 2014 e o chamado “Guião para a Reforma do Estado”, que mais não é do que a liquidação das Funções Sociais do Estado, conquistadas com a Revolução de Abril. Neste contexto é necessário que os trabalhadores e as restantes camadas da população façam do dia 26 de Novembro um Dia Nacional de Indignação, Protesto e Luta, participando nas greves, paralisações e concentrações que terão lugar em todo o país e na Grande manifestação na Assembleia da República, contra um Orçamento de Estado que afronta o povo e a Constituição da República. É urgente a demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas e a concretização de uma política alternativa, de Esquerda e Soberana.»[14]
Percebe-se assim a intenção em aumentar o grau de contestação, suportado num descontentamento com fundamentos sem dúvida objectivos, canalizando-o para a luta organizada com expressão já no próximo dia 26 de Novembro, como supramencionado. A somar às razões que para a CGTP-IN justificam mais cedo do que tarde, a demissão deste governo, juntou-se-lhe o ‘guião da reforma do Estado’ apresentado pelo Vice-primeiro ministro Paulo Portas (o ministro irrevogável para os mais leigos). Para a central sindical, este documento consubstancia «a declaração de um choque frontal com a Constituição e visa destruir as funções sociais do Estado.»[15]

De forma telegráfica, sintetizamos três objectivos que para a CGTP-IN estão na base desta ‘reforma’, nomeadamente, tornar permanentes os cortes apresentados como temporários; colocar as Funções Sociais do Estado ao serviço dos negócios privados e, por último, forçar a revisão da Constituição.[16]
Será porventura bastante difícil proceder a uma discussão séria sobre uma eventual reforma do Estado num momento em que se discute o Orçamento para 2014. Contudo, a apresentação de Paulo Portas serviu, no mínimo, para distrair os portugueses dos novos planos de austeridade que estão na génese do OE. Tem servido igualmente para mascarar a mais que provável solicitação do governo português de um 2º resgate quando, até há poucos dias atrás, essa ideia era apresentada como irreal, insustentável e mesmo despropositada, só possível na mente de indivíduos mal intencionados.
Para a CGTP-IN, o caminho há muito que está definido. Será a luta organizada e determinada dos trabalhadores que derrotará esta política e este governo. Uma política que, materializada no orçamento ou num pseudo guião de reforma de Estado, terá nesta Central Sindical um firme opositor, considerando a natureza politico e ideológica que arregimenta os actuais governantes do PSD / CDS-PP. Não esquecemos o papel do PS, membro efectivo do triunvirato português do ‘arco da governação’. Será pertinente questionar, o que fará o PS nos próximos meses? Um Partido que sempre esteve profundamente comprometido com esta política e estes projectos que conduziram em grande medida à grave crise económica e social que o país actualmente atravessa.
Muitos destes problemas serão seguramente abordados pelo economista da CGTP-IN, Tiago Cunha, que estará presente na aula de Laboratório I (Análise de Política Interna) do próximo dia 21 de Novembro. Aguardamos com entusiasmo este debate, não excluindo a produção oportuna de mais um artigo sobre os tópicos desenvolvidos nesse dia.
Concluímos esta breve incursão pelo universo da CGTP-IN, relembrando e reforçando a sua natureza, os seus objectivos e o seu papel na sociedade portuguesa. Na Declaração de princípios e objectivos programáticos da central, pode ler-se:
«Toda a história da humanidade, todo o caminho milenário do homem na busca do progresso e da liberdade lançam raízes no trabalho, no esforço criador e produtivo. É no trabalho, na vida e na solidariedade e entreajuda dos trabalhadores que a humanidade encontra os mais sólidos, mais generosos e mais humanos dos seus valores éticos. A dimensão e profundidade da participação dos trabalhadores na vida política, económica, social e cultural, de cada sociedade e de cada país constituem desde sempre o mais seguro índice da capacidade mobilizadora das energias nacionais, da amplitude da liberdade, das realidades e das esperanças de felicidade dos homens. O movimento sindical é um contributo dos trabalhadores não apenas para a defesa dos seus direitos e interesses, mas também para o desenvolvimento e libertação das sociedades de que fazem parte. A CGTP -IN, criação histórica dos trabalhadores portugueses, constitui um contributo determinante para o progresso e a liberdade e é um património comum de quantos trabalham e lutam por um Portugal de prosperidade, justiça e liberdade. A identidade da CGTP -IN é definida pelas raízes históricas da sua cultura e experiência sindicais, pela sua natureza de classe e pelo carácter dos princípios por que se rege na sua estrutura e formas orgânicas e na sua acção político -sindical[17]
A CGTP-IN é de facto um actor primordial no nosso país. A sua intervenção politico-sindical foi, é, e será determinante nos destinos imediatos de milhares de trabalhadores portugueses, mas também no futuro de Portugal e do seu povo. Ignorar esta central sindical, será ignorar a vontade expressa dos seus representados (sem esquecer as respectivas famílias) e da sua reivindicação maior: o Direito ao trabalho digno e com direitos, remunerado condignamente numa sociedade que respeite os direitos, liberdades e garantias dos indivíduos como consagrado na Constituição da República Portuguesa.
O futuro deste governo e da sua política está assim condenado ao fracasso se continuar a atropelar o elemento substantivo de qualquer país, de qualquer nação, i.e., se continuar a desprezar o bem-estar do povo português, negando e espezinhando as suas justas expectativas.

Luís Dias
12 Novembro de 2013




[1] Dias, Luís Filipe, As eleições autárquicas do próximo dia 29 de Setembro e as posições da CGTP-IN, texto publicado no blog da turma do 3º ano da Unidade Curricular de Laboratório I (Análise de Política Interna) do curso de Ciência Política do ISCSP|UL, a 24 de Setembro. Disponível em http://laboratoriopolitico13.blogspot.pt/search?updated-max=2013-09-26T15:25:00-07:00&max-results=7&start=129&by-date=false
[2] Idem
[3] Dias, Luís Filipe, As propostas da CGTP-IN após os resultados eleitorais do passado domingo, texto publicado no blog da turma do 3º ano da Unidade Curricular de Laboratório I (Análise de Política Interna) do curso de Ciência Política do ISCSP|UL, a 1 de Outubro. Disponível em http://laboratoriopolitico13.blogspot.pt/2013/10/as-propostas-da-cgtp-in-apos-os.html
[4]Idem
[5] Dias, Luís Filipe, A abstenção nas passadas eleições autárquicas reforça as posições da CGTP-IN?, texto publicado no blog da turma do 3º ano da Unidade Curricular de Laboratório I (Análise de Política Interna) do curso de Ciência Política do ISCSP|UL, a 7 de Outubro. Disponível em http://laboratoriopolitico13.blogspot.pt/2013/10/a-abstencao-nas-passadas-eleicoes.html
[6] Dias, Luís Filipe, A CGTP-IN e a proposta do OE 2014 de um Governo que anuncia o fim da austeridade se baixarem as expectativas…” texto publicado no blog da turma do 3º ano da Unidade Curricular de Laboratório I (Análise de Política Interna) do curso de Ciência Política do ISCSP|UL, a 16 de Outubro. Disponível em http://laboratoriopolitico13.blogspot.pt/2013/10/a-cgtp-in-e-proposta-do-oe-2014-de-um.html
[7] Dias, Luís Filipe, Um Orçamento de Estado que não resolve os problemas do país, do povo e dos trabalhadores portugueses, texto publicado no blog da turma do 3º ano da Unidade Curricular de Laboratório I (Análise de Política Interna) do curso de Ciência Política do ISCSP|UL, a 30 de Outubro. Disponível em http://laboratoriopolitico13.blogspot.pt/2013/10/um-orcamento-de-estado-que-nao-resolve.html
[8] Idem
[9] Pinto, Salomé, Milhares em frente ao Parlamento chumbaram a proposta de Orçamento para 2014, vídeo publicado no youtube a 1 de Novembro de 2013. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=U9YxtvbESec [acedido a 12 de Novembro, às 07h34]
[10] CGTP-IN, Cresce o protesto e luta para o dia 26 de Novembro, artigo publicado na página oficial da internet da CGTP-IN. Disponível em http://www.cgtp.pt/trabalho/accao-reivindicativa/6813-cresce-o-protesto-e-a-luta-dia-26-novembro [acedido a 12 de Novembro, às 07h45]
[11] Ganhão, Mafalda, Greve na Função Pública com adesão elevada, artigo publicado no Jornal O Expresso a 8 de Novembro de 2013. Disponível em http://expresso.sapo.pt/greve-na-funcao-publica-com-adesao-elevada=f839960 [acedido a 12 de Novembro, às 08h12]
[12] Diário Digital, Greve tem uma das maiores adesões dos anos, diz Arménio Carlos, artigo publicado no espaço da internet do Diário Digital a 8 de Novembro de 2013. Disponível em http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=667510 [acedido a 12 de Novembro, às 08h21]
[13] Diário Digital, CGTP desvaloriza presença de Passo em reunião inédita com parceiros sociais, artigo publicado no espaço da internet do Diário Digital a 9 de Novembro de 2013. Disponível em http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=667748 [acedido a 12 de Novembro, às 08h36]
[14] CGTP-IN, Mais de 100 mil empregos destruídos no último ano, artigo publicado na página oficial da internet da CGTP-IN a 8 de Novembro de 2013. Disponível em http://www.cgtp.pt/trabalho/emprego/6827-mais-de-100-mil-empregos-destruidos-no-ultimo-ano [acedido a 12 de Novembro, às 08h53]
[15] CGTP-IN, Guião choca com Constituição, vídeo publicado na página oficial da internet da CGTP-IN a 31 de Outubro de 2013. Disponível em http://www.cgtp.pt/comunicacao/comunicacao-sindical/6811-guiao-choca-com-constituicao [acedido a 12 de Novembro, às 09h34]
[16] CGTP-IN, Guião para a ‘Reforma’ do Estado afronta os trabalhadores, o povo e o país, documento publicado na página oficial da internet da CGTP-IN. Disponível em http://www.cgtp.pt/trabalho/accao-reivindicativa [acedido a 12 de Novembro, às 09h58}
[17] CGTP-IN, Estatutos, disponíveis na página oficial da internet da CGTP-IN, em http://www.cgtp.pt/images/stories/Estatutos_CGTP-IN_bte17_2012.pdf [acedido a 12 de Novembro, às 10h34]