sábado, 9 de novembro de 2013

Relatório da participação do Dr. Carlos Magno na aula do dia 31/10/13

Na sequência de um convite feito por mim ao Dr. Carlos Magno, ao abrigo do tema em questão para o debate da aula, irei elaborar uma análise à sua participação na aula.

Para começar, o nosso convidado é uma pessoa extremamente acessível em termos humanos e com uma cultura fora do comum devido à sua enorme experiência de vida e contacto com outras vivências.

No início da sua intervenção fala da experiência de trabalho que tem juntamente com o Prof. Maltez, referenciando um amigo que têm em comum - Francisco Lucas Pires - que influenciou o Dr. Carlos Magno a dedicar-se ao estudo do Norte do país.

Posteriormente a esta pequena curiosidade, começa por contar que o Norte é completamente desprezado, principalmente pelos lisboetas, que refere que têm um défice de conhecimento do território, no seguimento duma afirmação que foi. "Nós avaliamos pelos mapas que temos na cabeça".

Depois aprofunda um pouco mais no assunto sobre o qual foi convidado e começa a falar um pouco sobre geografia em termos mundiais e refere que Portugal é muito pequeno e que a Polónia tem uma péssima geografia: "Trocavam a história pela geografia".

De seguida dá uma ideia da noção de tempo/espaço da globalização, pois esta não é só referente ao espaço, também é tempo.

Voltando à questão nacional e interagindo com a oradora que estava responsável pela região do Algarve - Rebeca Martins – diz que essa mesma região é um território sazonal e refere que quando os algarvios falam do Norte, normalmente estão a generalizar o assunto.

Transmite-nos o que para ele significa uma cidade, que é o elemento essencial de ligação entre as pessoas de todas as regiões, países e que sem estas e a ligação entre elas as regiões e os países não existiam. Para suportar este pensamento, o Dr. Carlos Magno cita uma afirmação de Rui Moreira, recém eleito presidente da câmara municipal do Porto, ao jornal “El País” e que diz o seguinte: “Só quero que o Porto lidere uma rede de cidades”.

Em seguida a esta citação, o Doutor alarga novamente o âmbito da conversa e comenta a actual crise que vive o país e a Europa. Diz que o sistema rebentou completamente e que são necessárias novas ideias e medidas para se voltar a acreditar que é possível dar a volta à situação.

Por fim, conclui a sua sábia intervenção com o tema das eleições autárquicas, mais concretamente sobre a vitória de Rui Moreira na câmara municipal do Porto dizendo que a vitória foi de uma pessoa da elite, burguês e dandy que com um grupo de pessoas bastante alargado em termos de espectro político arrebataram a vitória de forma categórica.

Para concluir o meu relatório, tenho de agradecer mais uma vez ao Dr. Carlos Magno a sua presença na nossa aula. Foi um óptimo contributo que conquistou a “plateia” por completo devido à imensa sabedoria e fluidez de comunicação.

Gonçalo Serpa
Nº212809
10 de Novembro, 2013

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

"O imprevisto está à espera de uma oportunidade"

O corresponde em Paris do Jornal Expresso, Daniel Ribeiro, escreveu sobre o ataque às portagens e prefeituras na Bretanha. Os manifestantes intitulados de “Barretes vermelhos” destruíram diversos pórticos que faziam parte da nova linha de portagens implementadas pelo governo francês com o objectivo de taxar os veículos pesados mais poluentes.
Na análise do jornalista, estas acções visam demonstrar o descontentamento da  população, no contexto da crise, que levou a uma manifestação de assalariados e de um grupo agroalimentar ameaçado de fechar portas. 
Até aqui tudo decorreu aparentemente normal. Trata-se de mais uma acção igual a tantas outras, que estão a acontecer um pouco por toda a Europa.
O dado curioso é que o patrão da empresa também desfilou ao lado dos trabalhadores, que só veio confirmar o descontentamento geral. No entanto, a turbulência gerada contribuiu para a indagação de alguns sindicatos e dirigentes da esquerda, que criticaram a atitude deste senhor. 
Após a suspensão da entrada em vigor das “ecotaxas”, os organizadores das manifestações aceitaram iniciar um processo de negociações com representantes do Governo, mantendo em aceso o pedido de retirada da lei, que terá sido implementado pelo anterior executivo do mandato do ex-presidente Nicolas Sarkozy.
O actual Governo socialista de Jean-Marc Ayrault procura encontrar uma saída que corresponda às expectativas dos manifestantes. Porém, não podemos esquecer que esta medida terá sido aprovada com maioria Parlamentar e que deverá, deste modo, entrar em vigor a partir de Janeiro do próximo ano.
Para além destas, outro tipo de contestações geraram em torno do aumento da fiscalidade, que o Governo quis impor, a certos produtos financeiros ligados à poupança dos franceses.
Para quem não saiba, os “Barretes Vermelhos” da Bretanha foram usados em 1675 pela população camponesa da região, que se revoltaram na altura, com sucesso, contra um imposto que, Luís XIV, lhes quis impor.
Actualmente, são os “Barretes Vermelhos” que constituem a principal preocupação dos socialistas franceses. Os manifestantes foram à História recuperar o símbolo e decidiram atribuir um novo significado. [1]
Numa entrevista concedida à imprensa brasileira, o sociólgo Boaventura  do Sousa Santos falou sobre os protestos de Junho no Brasil, estabelecendo um elo com a democracia, ao mesmo  tempo, afirmou que até o socialismo voltar à pauta política, a população deve ir para as ruas. Nas suas palavras: «Não haverá sociedade democrática enquanto houver capitalismo». [2]
Quem também fez referência às manifestações populares foi o Professor Adriano Moreira. Esta semana num artigo publicado pelo Diário de Notícias, o Professor da “casa” falou sobre as revoltas populares, remontando à Revolução Francesa. Na sua opinião, a movimentação da sociedade civil que tem vindo a dar provas de estar a crescer, demonstra a quebra de confiança nas estruturas públicas, que conduzem a um comportamento de indiferença de escolha. Isto significa que: «De facto as nossas manifestações populares parecem ser geradas pelo lembrado conceito de que a única coisa certa é que o imprevisto está à espera de uma oportunidade (...)].
Deste modo, a indignação que influencia os movimentos sociais, não se cinge apenas à camada mais jovem frustrada (neste contexto o Professor compara ao acontecimento histórico do Maio 68), mas também às restantes gerações que perderam o descrédito no futuro, que acabam por recorrer de forma incessante às redes sociais.
Ou seja, «O povo na rua não é uma comissão de arbitragem de ideologias que o voto decide, é talvez antes o anúncio de que o imprevisto está em busca da sua oportunidade.».

 
 
Margarida Mendes
8 de Novembro de 2013
 
 

Fontes:

[1] Jornal Expresso, 'Barretes vermelhos' atacam portagens e prefeituras na Bretanha, artigo publicado na página do Jornal Expresso a 4 de Novembro de 2013. Disponível em: http://expresso.sapo.pt/barretes-vermelhos-atacam-portagens-e-prefeituras-na-bretanha=f839282 [consultado a 8 de Novembro às 14h12]

[2] Caros Amigos, Boaventura: "Não haverá sociedade democrática enquanto houver capitalismo", entrevista publicada na página da revista Caros Amigos – A primeira à esquerda a 1 de Novembro de 2013. Disponível em: http://www.carosamigos.com.br/index/index.php/politica/3674-booaventura-nao-havera-sociedade-democratica-enquanto-houver-capitalismo [consultado a 8 de Novembro às 14h25]

[3] Diário de Notícias, O povo na rua, artigo publicado no Diário de Notícias a 5 de Novembro de 2013. [consultado a partir da edição impressa]

 

 

Orçamento de Estado

Orçamento de Estado 2014

Segundo as diferentes medidas lançadas no novo orçamento de Estado, para os trabalhadores e pensionistas. As quais são: uma redução dos salários dos funcionários públicos de um 12% , e uma redução da pensão de viuvez, diferente no público e no privado, com cortes entre o 10% e o 12%, e o limite da divida das empresas públicas o qual só pode aumentar um 4%.
Estas são algumas das medidas mais criticadas pela UGT, num comunicado emitido no dia29 de Outubro de 2013. Neste, se define o orçamento como “um orçamento que ataca as funções sociais do Estado e que compromete a prestação dos serviços públicos, pondo em risco os princípios da igualdade de oportunidades e da coesão social de todos os portugueses” .

Considerando que este orçamento constitui um forte ataque aos trabalhadores do sector público, as empresas de este mesmo e a suas remunerações.
Algumas das medidas definidas pela UGT, são consideradas medidas que aumentam o empobrecimento do pais e o ataque para os trabalhadores, estas são:

a)     Redução de salários para a generalidade dos trabalhadores, que já não têm aumentos salariais desde 2009
b) Tentativa de redução definitiva do subsídio de refeição, embora o governo tenha decidido suspender temporariamente esta medida;
c) Redução do valor do pagamento do trabalho extraordinário, das deslocações e ajudas de custo;
d) Redução dos valores da isenção do horário de trabalho;
e) Redução do tempo de pagamento do trabalho nocturno;
g) Suspensão e anulação dos complementos de reforma;
a)    f) Retirada do direito ao transporte aos trabalhadores das empresas públicas de transportes.

Tendo em contas estas medidas, há muitas empresas que lutam contra elas, como é o caso da CTT , a qual é apoiada pela UGT. Mediante greves, comunicados, dialogo e negociações, tentam expressar o sentimento de indignação perante estas. Assim como apoiaram as empresas de transportes no passado 25 de Outubro de 2013.

Com este comunicado a UGT quer demostrar o seu apoio a aqueles trabalhadores e empresas afetadas pelo novo orçamento de Estado e recusa a a convergência do sistema da CGA com o regime geral da Segurança Social, com redução das pensões já em pagamento, bem como o aumento da idade da reforma sem se conhecer efectivamente qual a idade real com que os trabalhadores poderão reformar-se, e o aumento de horario laboral de 35 a 40 horas sem a remuneração própria.

Ana Escudero


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A Maçonaria e os seus Ritos



No fenómeno maçónico existe uma ligação que une o Homem a algo que o ultrapassa que é designada por Rito. Esta palavra tem duas acepções distintas: a mais comum é que representa um sistema maçónico, uma estrutura completa ou que representa uma técnica de acção sobre o corpo humano num plano espiritual.1 Nestes sistemas, é importante referir que cada Rito tem os seus próprios desígnios e Graus. Os Graus 1 e 2 representam o período de aprendizagem (em regra não inferior a um ano). Com a iniciação no grau 3, atinge-se a condição de Maçom Perfeito e passa-se a gozar de todos os direitos e deveres de um Membro da Ordem. Estes três Graus compõem a chamada de Maçonaria Azul.  Com a passagem para o Grau 4, entra-se na chamada de Maçonaria Vermelha que é destinada somente àqueles que demonstram qualidades excepcionais de trabalho e de compreensão dos fins da Maçonaria.  Entra-se portanto num domínio de Graus Superiores (ou de Cúpula) opostos aos Graus Inferiores (ou de Base). Do Grau 19 ao 32, percorre-se a Maçonaria Negra, composta pelos seus Areópagos, Tribunais e Consistórios. Os Maçons de Grau 33 compõem a chamada de Maçonaria Branca, composta pelos Supremos Conselhos.2 Aludir a estes Ritos e Rituais existentes levará a pecar por defeito, por esquecimento ou por ignorância de rituais já extintos ou raros. Mas, mesmo com carácter exemplificativo e recorrendo apenas à memória, é possível identificar alguns dos mais difundidos actualmente e são eles:

- o Rito Escocês Antigo e Aceite

- o Rito de York

- o Rito Escocês Rectificado

- o Rito Francês ou Moderno

- o Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim

- o Rito de Emulação

- o Rito Sueco

- o Rito de Zinnendorf

- o Rito Operativo de Salomão

- o Rito Adonhiramita.

            Referindo brevemente as características de cada um e começando pelo Rito Escocês Antigo e Aceite, este deriva do Rito de Heredom e da época da fuga dos Cavaleiros Templários para a Escócia. Ligados ao Antigo Testamento e à lenda de Hiram (na lenda, Hiram é abordado três vezes para revelar o segredo de um Mestre Maçom, no projecto do Templo, senão perderia a sua vida. Nas duas vezes ele recusa com a frase: "Perco a minha vida, mas não revelo os segredos”. Na terceira vez, negando novamente os segredos a um terceiro enviado para obtê-los, Hiram é morto. Quando Hiram Abiff é encontrado, ressuscita da sepultura) julga-se que alguns dos ritos descritos eram praticados por outras ordens secretas existentes em França, na Alemanha e na Escócia. O rito é composto por três graus simbólicos e trinta filosóficos. O Rito Escocês Antigo e Aceite é o mais especulado, difundido e praticado nos nossos dias. Geridos pelas Obediências Maçónicas, cada um dos três primeiros graus apresenta ensinamentos básicos simbólicos aos aprendizes Maçons. Quando o Maçon atinge o 3º Grau diz-se que este está em pleno usufruto de suas prerrogativas maçónicas. Os graus referidos como Filosóficos são graus elevados onde a filosofia e a moral são estudadas simbolicamente, em cada grau, com lendas ou mitos a estes associados. Os graus elevados Filosóficos são geridos por vários Supremos Concelhos, que têm como objectivo manter a uniformidade mundial dos rituais e dos métodos utilizados.3

O Rito de York é o Rito predominante na Maçonaria Norte Americana. Sob a sua égide desenvolveram-se líderes da sociedade americana com base nos princípios da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade. Este Rito de York ou Rito Americano teve início a partir de 1797 por intermédio de Thomas Smith Webb, que fez uma colectânea dos rituais dos Graus Simbólicos, Graus Capitulares, Graus Crípticos e as Ordens de Cavalaria. Webb tomou por base para composição do Rito, as Ilustrações de Maçonaria e os rituais e procedimentos da Grande Loja dos Antigos (1751). Acredita-se que o Rito de York foi levado para a Inglaterra por volta de 1777. Neste ano Thomas Webb consegue a proeza de reunir diversos Sumos-sacerdotes dos Capítulos numa Convenção. Após a Convenção o companheiro Ephraim Kirby foi eleito Grande Sumo-sacerdote, transformando a união de todos os Grandes Capítulos, o Grande Capítulo Geral dos Maçons do Real Arco. Nos EUA as Lojas Simbólicas são denominadas de Lojas Azuis e em muitas Grandes Lojas só se usa a terminologia Rito a partir do 4º Grau do Rito Escocês Antigo e Aceito e do Grau de Mestre de Marca do Real Arco. Este Rito é dividido em 4 partes:
Lojas Simbólicas - As Lojas Simbólicas, também chamadas de "Lojas Azuis", têm os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçon. Esses formam a base de entrada na Maçonaria.

Capítulo do Arco Real - Os Graus Capitulares, conhecidos como Maçonaria do Real Arco. Conferem 4 graus: Mestre de Marca, Past Master (virtual), Mui Excelente Mestre e Maçom do Real Arco.

Concelho Críptico - O Conselho Críptico ou Conselho de Mestres Reais e Eleitos, confere os graus de Mestre Real, Mestre Eleito e Super Excelente Mestre.

Comandaria Templária - Ou Ordem dos Cavaleiros Templários. Conferem Ordens que são: a Ordem da Cruz Vermelha, a Ordem de Malta e a Ordem do Templo.

O Rito Escocês Rectificado foi relançado nas suas bases actuais, graças ao trabalho de Jean-Baptiste Willermoz, que mantinha relações com maçons de toda a Europa, principalmente com os Irmãos mais qualificados de todos os ritos. O sistema maçónico que o interessava foi o da Estrita Observância Templária, por razões de origem templária que esse sistema atribuía à Maçonaria e pela sua organização. Este teve origem pela introdução em França, dos directórios escoceses em 1773 e em 1774. O sistema era constituído por 9 graus, compreendendo três classes:

1a classe: Aprendiz, Companheiro e Mestre.

2a classe: Escocês vermelho e Cavalheiro da Águia Rosa Cruz.

3a classe: (ordem interna): Escocês verde; Escudeiro noviço; Cavalheiro e Professos.
Os Professos eram considerados Superiores Incógnitos, pois não eram conhecidos dos membros da Ordem. O chefe possuía o título de Grande Superior da Ordem. O sucesso das lojas do Rito Escocês Rectificado foi total na França, principalmente porque elas eram oriundas das tradições templárias e sobretudo porque os seus chefes eram nobres autênticos, príncipes, duques, barões e as iniciações eram muito selectivas. Nessa mesma época estava a instalar-se o Grande Oriente da França, que fez questão de agrupar os Directórios Escoceses sob a sua égide, promovendo a assinatura de um Tratado nesse sentido. Os rituais foram modificados substancialmente, diferenciando o sistema da Maçonaria Tradicional. Esta é a razão pela qual o sistema foi denominado de Rito Escocês Rectificado.

            O Rito Francês ou Moderno é utilizado por Maçons, com grande difusão e prática no continente europeu. O nome deve-se à adopção do Ritual da "primeira" Grande Loja de Londres, dita dos Modernos e que foi traduzido para a utilização das primeiras Lojas Simbólicas em França. Assim o Rito dos "modernos" é traduzido para francês e passa a denominar-se de Rito Francês ou Rito Moderno. Se citamos uma primeira Grande Loja, é porque na Maçonaria Inglesa assistiu-se em 1751 ao aparecimento de uma segunda Grande Loja. Esta Grande Loja, dita dos "Antigos Maçons" apresenta-se como congregando os Maçons fiéis aos "antigos costumes" e critica a primeira Grande Loja, dita dos "Modernos", por introduzir inovações e modificações aos Rituais. Estas rivalidades fazem parte da história da Maçonaria Inglesa até 1813, data a partir da qual se fundem, não na sua totalidade, a actual Grande Loja Unida de Inglaterra. O conjunto da Alta Maçonaria Filosófica deste Rito compreende cinco Ordens de Sabedoria:

 1ª Ordem: Eleito ou Eleito Secreto.

 2ª Ordem: Grande Eleito ou Grande Eleito Escocês.

 3ª Ordem: Cavaleiro Maçon ou Cavaleiro do Oriente.

 4ª Ordem: Soberano Príncipe Rosa-Cruz, Cavaleiro da Águia e do Pelicano ou Perfeito Maçon Livre.

 5ª Ordem: Ilustre e Perfeito Mestre.

O Rito Antigo e Primitivo de Memphis Misraim é actualmente o Rito Maçónico mais esotérico e secreto. Foi fundado em Veneza em 1788. O Rito difundiu-se rapidamente em Milão, Génova, Nápoles e apareceu em França com Michel Bedarride. Este Rito foi constituído em Montauban em 1815, por Francos-maçons que em 1799 haviam participado com Napoleão Bonaparte da Missão no Egipto. A maioria dos membros que acompanharam Bonaparte na Missão no Egipto eram Maçons pertencentes a antigos Ritos iniciáticos: Irmãos Africanos, Rito Primitivo e Grande Oriente de França. Os Irmãos da Missão do Egipto decidiram renunciar à filiação maçónica vinda da Grande Loja da Inglaterra, e assim nascia em 1815 o Rito de Memphis em Montauban, com numerosas Lojas no exterior e personalidades ilustres nas suas fileiras. Até 1881 os Ritos de Memphis e Misraim seguiam rotas paralelas e concordes, no mesmo sentido em particular. Estes começaram a agrupar Maçons interessados no estudo do simbolismo esotérico da Maçonaria, no hermetismo e no ocultismo. Os Ritos de Memphis e de Misraim foram reunidos em 1881, por Giuseppe Garibaldi. Estes perpetuam a sua tradição na fidelidade aos princípios de liberdade democrática e das ciências iniciáticas. Os seus ensinamentos são dirigidos com 99 Graus, divididos em 3 séries, tornando-se desta forma o Rito Maçónico com mais graus dentro da Maçonaria Universal actual. Após os três graus simbólicos (Aprendiz, Companheiro e Mestre) o Rito de Memphis Misraim tem os seguintes graus filosóficos:

4.º Grau (Mestre Secreto)

9.º Grau (Mestre Eleito dos Nove)

13.º Grau (Real Arco)

14.º Grau (Grande Eleito da Sagrada Abóbada)

18.º Grau (Cavaleiro Rosa-Cruz)

28.º Grau (Cavaleiro do Sol)

30.º Grau (Cavaleiro de Kadosh)

32.º Grau (Príncipe do Real Segredo)

33.º Grau (Soberano Grande Inspector Geral)

A partir do 33º grau, o Rito de Memphis-Misraim é composto pelos graus esotéricos.4

O Rito de Emulação é dos mais praticados em Inglaterra e pelo mundo. Este encontrou a sua origem na união em 1813 da Grande Loja dos Modernos, com a Grande Loja dos Antigos. O seu nome deriva de uma Loja a “Loja de Emulação de Aprendizagem”, que a partir de 1823 foi encarregue de instruir os maçons nas prácticas rituais, de que resultaram a união das grandes Lojas. Este Rito é extremamente rigoroso, uma vez que as cerimónias são regidas sobre a partitura de uma música. O ritual é sabido de cor e existe uma dinâmica de conjunto e um exercitar da dimensão do viver do “interior”. A linguagem corporal tem um papel mais importante que a própria linguagem arcaica sob a qual o ritual está escrito. A emulação, a concentração no Rito é um momento de extrema intensidade e importância para quem o pratica. As Lojas de Emulação dispõem de dois expertos e de jóias maçónicas específicas. Este funciona em Lojas Azuis de três graus e é complementado por graus superiores, “Side Degrees”. Estes graus superiores agregam as designações de:
- Mestre de Marca

- Ex-Mestre
- Muito Excelente Mestre Maçon

- Mestre Maçon do Arco Real
- Escocês Trinitário.

O Rito é praticado em vários países e nos Estados Unidos da América é dos mais frequentes. No sistema americano há graus adicionais que completam o trabalho da Loja, do Capitulo e do Conselho.5

O Rito Sueco é o mais praticado nos países e em menor escala nos Países Baixos e na Alemanha. Foi também o Rito mais popular na Rússia até meados da Revolução Russa de 1917. É explicitamente cavalheiresco de origem cristã e a sua origem está ligada ao Rito Escocês Rectificado e ao Rito Zinnendorf. A sua origem dá-se na reforma da Estrita Observância Templária na segunda metade do século XVII, concretamente a partir de 1759. Por isso, tem um sentido profundamente cristão, herdeiro da simbologia Templária. Em 1759, Carl Fredrik Eckleff estabeleceu que a partir de então, denominar-se-ia Rito Sueco, pleno da simbologia cristã, Templária e trinitária da Estrita Observância Templária, mas afastando-o das pretensões políticas da Ordem. Houve a modificação das suas estruturas em 1780 e em 1801. Passou a ser praticado dentro da regularidade administrativa exigida pela Grande Loja Unida da Inglaterra e por isso, a prática do Rito exige que os seus membros sejam explicitamente cristãos. A estrutura do Rito Sueco está organizada a partir dos onze graus repartidos em três grupos, mais um quarto grau com carácter administrativo.
I - Graus de San Juan  

1. Aprendiz

2. Companheiro (Colega)

3. Mestre Maçom ou Mestre de San Juan
II - Graus de San Andrés

4. Mestre Eleito de San Andrés

5. Mestre Escocês ou Mestre de San Andrés

6. Cavaleiro de Oriente ou Novicio
III - Graus capitulares

7. Muito Ilustre Irmão ou Cavaleiro de Ocidente ou Verdadeiro Templário ou Favorito de Salomão

8. Mui Alto e Ilustre Irmão ou Cavaleiro do Sul ou Mestre Templário

9. Irmão Alumiado ou Favorito de San Andrés ou do Cordão Púrpura
10. Irmão da Cruz ou Mui Alumiado

IV - Graus administrativos
11. Mui Alto e Alumiado Irmão. Cavaleiro Comendador da Cruz Vermelha. Grande Dignatário do Grande Capítulo

12. Mestre Reinante.

O Rito Zinnendorf é hoje o mais praticado no sistema maçónico regular na Alemanha e amplamente divulgado na Áustria e em outros países. Sobreviveu na Rússia na época da Revolução de 1917, ao abrigo de uma combinação única com o Rito Sueco. É um Rito explicitamente cavaleiresco com influência cristã, sob um sistema de sete graus. O Rito de Zinnendorf tem o nome do seu fundador Johann Wilhelm Von Zinnendorf, sendo que foi também chamado de Rito Reichell. Recebeu este apelido do autor para ser diferenciado de outros praticados na Alemanha. É cristão e trinitário. A práctica deste Rito significa a crença explícita nos Evangelhos, bem como na Santíssima Trindade. Mantém os direitos de acesso irrestrito e reconhecimento de graus do Rito Sueco e do Rito Escocês, bem como do Rito Francês. A sua doutrina era uma mistura de cristianismo com templarismo, hermetismo e alquimia. Havia o sigilo dos altos graus, que propagaram de forma exponencial e algumas vezes de forma desordenada. O Rito Zinnendorf foi reformado em 1819 por Carl Christian Friedrich Wilhelm Von Nettelbladt adquirindo assim a sua forma actual, sendo ainda praticado na sua forma original em vários países.

O Rito Operativo de Salomão apareceu no século XX, nos anos 60, através de um projecto de investigação. O funcionamento deste Rito foi reconhecido oficialmente em Janeiro de 1974, após um longo período de gestação. Este ressurgimento da antiga maçonaria materializa-se como uma “Ordem Iniciática e Tradicional da Arte Real. Há o resgate para os tempos modernos, os traços e a essência da verdadeira maçonaria cavalheiresca. O Rito Operativo de Salomão, como qualquer outro Rito da maçonaria especulativa divide-se em nove níveis, subdivididos em três ordens:
I - Ordem do Templo

Aprendiz

Companheiro

Mestre

Master Secret

Mestre Maçom da Marca

 II - Ordem do Templo de Salomão
Cavaleiro do Arco Real

Cavaleiro Rosa Cruz
III - Ordem Interna do Templo Sagrado

Contrabandista de Luz

Mestre do Nome Inefável
O sistema originalmente concebido por Jacques Pessoa também inclui o Grau de Marca como uma exemplificação do companheirismo. As suas bases são as antigas formas tradicionais do Rito Francês, do Rito Emulação, do Rito de York, do Rito Escocês Rectificado, entre outros.6


O Rito Adonhiramita é histórico e tradicional, pois foram preservadas em toda a sua essência as tradições ritualísticas e as práticas iniciáticas da Antiguidade, sendo um Rito essencialmente metafísico, esotérico e místico. É um Rito profundamente espiritual e tem por bases teológicas as verdades bíblicas reveladas no Antigo e no Novo Testamento, particularmente, no que concerne à construção do Templo de Salomão e às origens do Cristianismo, com atenção especial para os aspectos proféticos e apocalípticos de ambos os documentos sagrados. A sua denominação deriva do nome da personagem central da Construção do Templo de Salomão, Adonhiram (Hiram de Deus). É derivado diretamente do Rito de Heredon, e abrangia até 1873 cerca de 12 graus, sendo 3 simbólicos e 9 filosóficos. Um século mais tarde, o Rito passou a compor-se de 33 graus e a sua Oficina-Chefe denominou-se de Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita. 7
 


Ana Cristina Santos

 

Fontes:
1 - CARVALHO, ANTÓNIO CARLOS – Para a história da MAÇONARIA em Portugal 1913-1935. Editorial Vega 1976. Consultado a 4 de Novembro de 2013, pelas 15h

2 - MARQUES, A.H. DE OLIVEIRA – A Maçonaria Portuguesa e o Estado Novo. Publicações Dom Quixote 1975. Consultado a 4 de Novembro, pelas 19h

3- Maçonaria em Portugal. Ritos Maçónicos. Acedido em http://www.maconariaportugal.com, no dia 4 de Novembro de 2013, pelas 20h

4- Idem

5- Os Ritos Maçónicos como exegese simbólica. Acedido em http://www.freemasons-freemasonry.com, no dia 5 de Novembro de 2013, pelas 12h

6- Ritos Maçónicos. Rito maçónico de Origem Antiga, Primitivo e Cavalheiresco. Acedido em http://arlsconstrutoresdapaz.blogspot.pt, no dia 5 de Novembro, pelas 13h

7- A Liturgia do Rito Adonhiramita. Acedido em http://www.adonhiramita.org, no dia 6 de Novembro, pelas 20h

 

 

 

Patrões e a Reforma do Estado


O vice primeiro-ministro, Paulo Portas, apresentou um documento sobre a reforma do Estado a realizar futuramente, abrindo debate com a oposição, parceiros sociais e a sociedade civil, de forma a alterar o que for necessário no guião. Apesar da motivação por parte do Governo de Pedro Passos Coelho, múltiplas foram as reacções dos vários sectores do país, especificamente no sector patronal.                                                                                                              
O executivo anunciou uma reunião com a Comissão Permanente de Concertação Social, para que seja realizada uma discussão conjunta sobre o guião apresentado.                                     
Por parte dos grandes sindicatos, CGTP e UGT, as reacções foram negativas às medidas expostas, no entanto estão dispostos ao diálogo com o Governo.                                                               
Por outro lado, as Confederações do Comércio e da Agricultura estão totalmente abertas para discutir as propostas. João Vieira Lopes, presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, afirma que a “credibilidade do documento depende da forma como o Governo se vai empenhar na discussão das medidas”. Se isso não se verificar, este guião é considerado apenas um documento de propaganda política. Numa outra perspectiva, João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, diz que é importante existir disponibilidade e interesse para o debate sobre a reforma do Estado, mas tem que ser realizado a curto prazo, para que se inicie rapidamente a reestruturação do aparelho estatal.                
Os empresários, pela voz de António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa, mostraram expectativas elevadas relativamente ao documento, mas tem que existir consenso entre as forças políticas e sociais no plano da acção do plano.                                                        
Também Augusto Mateus, ex – ministro da Economia, afirma que a reforma do Estado já deveria estar feita, de forma que o aparelho se torne mais simples e com funções actualizadas, adaptadas à actualidade. É necessário garantir uma economia dinâmica que gere coesão social. Também destaca que o programa de ajustamento foi tardio e precipitado. Luís Filipe Costa, presidente do IAPMEI, declarou que o Estado deve cumprir todos os prazos, no entanto, realçou que “o Estado é o que mais tarde paga e o que mais longos prazos tem”.                                
Este guião apresentado pelo executivo tem sido alvo de bastante crítica, no entanto, no geral o sector patronal mostrou-se apelativo ao diálogo, de forma que sejam concretizadas as melhores opções de reformulação do aparelho do Estado. 




http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=25&did=127230 , consultado dia 7 – 11 – 2013 às 17.08h;


Ana Rita Gato
(212268)