sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Violência na Grécia

No passado mês de Novembro foram mortos a tiro dois membros do partido de extrema-direita grego, Aurora Dourada. Estas mortes vieram na sequência da morte do militante de esquerda e rapper, Pavlos Fissas, por parte de uma pessoa ligada ao partido neonazi grego. Não se sabe ao certo quem está por detrás desta acção mas “testemunhas contam que os dois atacantes chegaram de motorizada ao local, no subúrbio de Neo Iraklio, a norte da capital, e um deles abriu fogo contra as pessoas que se encontravam à entrada”  . Este acto provocou uma onda de indignação na sociedade grega ou pelo menos em parte dela sendo que está em curso uma investigação policial, há um receio de que este tipo de actos se repitam e se tornem normais face ao aumento da pobreza, miséria e da falta de esperança num futuro melhor em particular nos jovens gregos que se vêm confrontados com uma taxa de desemprego de 58% .  Segundo uma sondagem, realizada após a morte dos dois neonazis, o Aurora Dourada ganhou apoio após o sucedido o que no fundo vem contrair uma tendência de queda verificada logo a seguir à morte de Pavlos Fissas . Foi até publicada uma sondagem que dava o primeiro lugar ao partido de extrema-direita  apesar de ser pouco credível.
A presença do Aurora Dourada tem sido legitimada por alguma comunicação social, esta é pelo menos a opinião de Aris Chatzistefanou que é director dos documentários 'Dividocracia' e 'Catastroika', numa entrevista dada ao jornal “El Diário” o jornalista afirma  que ““sem o apoio da elite política e económica, o Aurora Dourada não teria obtido mais que 0,5% dos votos”.  O jornalista grego explica que existe desde há algum tempo uma cumplicidade entre a comunicação social e o movimento neonazi que procura retratar a violência do Aurora Dourada com as lutas sociais( greves, manifestações). No fundo é procurar retratar os dois extremos como sendo parecidos, ignorando a ideologia nazi desse partido. “Começam com o Aurora Dourada mas também querem lutar contra os sindicatos, os trabalhadores e a esquerda em geral. Não acho que queiram realmente combater o neonazismo. Continuarão a utilizá-lo para a sua política”.  Obviamente que este tipo de jornalismo tem impacto nas sondagens e na formatação da opinião pública e vem reforçar o discurso populista praticado pelo Aurora Dourada. Na altura em que vários membros de extrema-direita gregos foram presos admiti que seria um passo importante no desmantelamento deste movimento mas era insuficiente se não fosse acompanhado de uma mudança profunda na sociedade grega e que eliminasse os factores que levaram à ascensão deste partido e tal como afirma Aris Chatzistefanou “o Aurora Dourada, ainda que se apresente como “anti-sistema”, trabalha, na realidade, para “o que poderíamos chamar ‘o grande capital’: apoiam as privatizações e a evasão fiscal”.




6 Dezembro 2013
Rui Campos

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