sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Terrorismo por motivos religiosos



O terrorismo por motivos religiosos é um dos mais frequentes em todo o mundo. Portugal pode ser considerado um oásis nessa área, visto não ser feita sequer referência a esta pontinha da Europa, no Relatório sobre terrorismo por país do Departamento de Estado, elaborado pelo Consórcio Nacional para o Estudo do Terrorismo e Respostas ao Terrorismo (Start) da Universidade de Maryland.

Este relatório apresenta a avaliação anual realizada pelo Departamento de Estado das tendências e dos eventos no terrorismo internacional, de 1o de Janeiro a 31 de Dezembro de 2012. Expõe uma avaliação estratégica, descrições por país dos esforços de contra terrorismo e secções sobre patrocinadores estatais do terrorismo, refúgios seguros para terroristas e organizações terroristas estrangeiras. Disponível em: http://www.state.gov/j/ct/


 



Em 2011, 12800 pessoas morreram vítimas de ataques terroristas motivados por questões religiosas, tendo-se registado 5000 ataques, e em 2012 registaram-se 15500 vítimas mortais em 8500 ataques.
O número tem vindo a aumentar de ano para ano, indiciando que em 2013 se registarão números assombráveis, tendo acorrido nos seis primeiros meses de 2013, 5100 ataques terroristas.
África, Ásia e Médio Oriente, apresentam os mais elevados valores deste estudo.
Tendo em conta que a maior parte destes ataques são baseados em fundamentos e ideologias religiosas, o terrorismo por motivos religiosos torna-se (aliás, tornou-se à muito tempo), uma das maiores e mais letais armas do mundo.
De acordo com dados apresentados pela CNN seis dos sete grupos terroristas mais perigosos estão associados à Al Qaeda, como por exemplo o Boko Haram da Nigéria, que tem realizado diversas perseguições religiosas contra cidadãos cristãos, e o grupo Al-Shabaab, que elaborou um ataque a um centro comercial de luxo em Nairobi, capital do Quénia, onde 67 pessoas morreram. [1]

De acordo com a Enciclopédia Britânica, terrorismo refere-se ao “uso sistemático da violência para criar um clima generalizado de medo na população e, assim, atingir um objectivo político específico. O terrorismo tem sido praticado por organizações políticas com objectivos tanto de direita como de esquerda, por grupos nacionalistas e religiosos, pelos revolucionários, e até mesmo por instituições estatais, como exércitos, serviços de inteligência e policiais.”
(in http://www.britannica.com/EBchecked/topic/588371/terrorism)

O recurso ao terrorismo por motivos religiosos tem também de ser compreendido consoante o contexto em que está inserido, e actualmente dadas as condições de diferenciação social, crise económica, crise de valores, etc., a religião é vista como um quesito de fé, o acesso a ela é feito por necessidade em obter apoio de algo superior ao ser humano. Consequentemente, qualquer acção feita em nome desse Deus passa a ser legitimada (aos olhos de quem a pratica), tendo em conta que está a ser praticada em nome de algo superior a todos nós.
A esta perspectiva chama-se fanatismo, a uma interpretação das escrituras de acordo com as perspectivas ideológicas e/ou pessoais de cada um.
Casos como Ku Klux Klan, IRA e Al Qaeda, são exemplos desta perspectiva extremista do que a religião pode significar.

De acordo com a teoria da Jihad [2], desenvolvida por Sayyid Quttub [3] o principal objectivo do terrorismo será acabar com os valores da democracia. Valores que se baseiam em governos praticantes de uma política igualitária, religiosamente tolerante e permissiva, que vão contra todas as bases ideológicas dos membros de grupos religiosos extremistas.
As causas que motivam as acções terroristas, podem ter a sua origem em muitas questões diferentes, como a expulsão de estrangeiros, mudanças políticas, acções de retaliação e vingança, projecção local ou global, construção de uma imagem de poder, preservação do território, motivos religiosos, entre outras. Contudo esta visão é sempre afectada pela sua interpretação da religião, e na maioria das vezes, dentro da mente de um terrorista, as suas acções são desculpáveis, pois são apenas males menores para atingir um bem maior.



Mariana Sacadura Franco



[2] Conceito fundamental da religião Islâmica, significa “empenho” ou “esforço”. Consiste na luta pessoal para atingir um estado de fé perfeita.
[3] Poeta, ensaísta e crítico literário egípcio. Foi também um importante activista político e militante radical muçulmano. Acredita-se que o seu pensamento foi uma das principais influências que levaram á formação da Al-Qaeda.



Fontes:




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