Nas últimas semanas tem havido
muita polémica envolta no programa cautelar português e na eventual saída do
programa de assistência financeira, por parte de Portugal. Após o presidente do
BCE, Mario Draghi, ter referido que o País necessita de um novo programa,
aquando do final do período de assistência, tensões dentro do Parlamento
voltaram a emergir, quer no seio da coligação parlamentar, quer com membros da
maioria dos partidos representados.
Passos Coelho afirmou
repetidamente que “não estigmatiza nenhuma das possibilidades”[1],
quando foi questionado por diferentes figuras parlamentares. António José
Seguro foi um dos que questionou o Primeiro-Ministro, ao que Passos retorquiu que
“já o tinha informado pessoalmente[2]”,
ao mesmo tempo que referiu a inexistência de qualquer negociação em curso, que
tenha como finalidade a saída do programa.
De acordo com as palavras da
vice-presidente do PSD, Teresa Leal Coelho, não há nenhum tipo de tentativa de
sair do programa de assistência financeira, dado que “o objectivo é sairmos
daqui a seis meses em condições de regresso ao mercado”[3],
o que seria impossível se Portugal rejeitasse as linhas de crédito com juros
mais baixos, tornando a Economia do país insustentável.
As decisões quanto ao programa
cautelar a serem discutidas e efectuadas no Conselho Europeu, foram remetidas
para o final do próximo mês[4],
altura em que irão ser levadas a cabo medidas específicas, de acordo com as
posições dos Eurodeputados face ao assunto. Apesar da incerteza perante algumas
questões, a uma escala menor, o Tribunal da UE já declarou que não vai ceder os
recursos monetários pedidos por Portugal para os estaleiros navais de Viana do
Castelo[5],
denotando-se a falta de conhecimento português da legislação imposta pela União
Europeia.
Contudo, houve um consenso no seio
do Parlamento digno de referenciar. Ontem, o PSD e o PS chegaram a acordo[6]
sobre a proposta de lei de reforma do IRC, que pressupõe uma taxa agravada de
7% para os lucros das grandes empresas nacionais, assim como um decréscimo da
taxa de IRC de 23 para 17%, que abrange as pequenas e médias empresas com lucro
até 15 mil euros. Este acordo confere um novo fôlego para as PME portuguesas,
visto dinamizar o seu negócio e, ultimamente, a Economia portuguesa, dado que a
taxa normal de IRC vai, também, baixar de 25 para 23%. Mesmo com esta boa
notícia, é necessário afirmar que ainda falta uma “avaliação final”[7]
de todas as particularidades do decréscimo dos impostos.
Mesmo com a obtenção deste
consenso, a falta de entendimento do PSD, do Governo e do PS ainda se encontra
patente[8],
o que acarreta entraves ao processo de tomada de decisões interno, num momento
onde a sustentabilidade das opiniões dos membros partidários é fulcral para o
bem-estar do País.
Inês Salen, 212814
[1] Diário de
Notícias: “Não existe nenhuma negociação
em curso”, diz Passos, in http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3594864
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013, às 10h15min);
[2] Idem;
[3] Jornal
de Negócios: PSD rejeita “negociação
oculta” para saída de resgate financeiro, in http://www.jornaldenegocios.pt/economia/ajuda_externa/detalhe/psd_rejeita_negociacao_oculta_para_saida_de_resgate_financeiro.html
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013, às 10h23min);
[4] Público:
Passos atira para o final de Janeiro
negociações sobre o programa cautelar, in http://www.publico.pt/politica/noticia/passos-atira-para-o-final-de-janeiro-negociacoes-sobre-o-programa-cautelar-1616791
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013, às 10h34min);
[5] Diário
de Notícias: Tribunal da UE recusa ajuda
a Portugal de 6,7 milhões, in http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3593583
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013 às 10h50min);
[6] TVI 24: PS e PSD chegam a acordo sobre reforma do
IRC, in http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3593583
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013 às 11h06min);
[7] Idem;
[8] Expresso
(Opinião): PSD, PS e dinossauros, in http://expresso.sapo.pt/psd-ps-e-dinossauros=f845917
(consultado no dia 19 de Dezembro de 2013 às 11h21min).
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