quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Há conversa com Nuno Ramos de Almeida

A penúltima aula de Laboratório Político contou com a presença de José Gomes Ferreira como representante dos comentadores económicos, e Nuno Ramos de Almeida a representar os Movimentos Sociais.
Ao longo desta Unidade Curricular tive a oportunidade de reflectir sobre as acções levadas a cabo pelo Movimento Que Se Lixe a Troika.
Hoje foi o dia de ouvir em discurso directo o testemunho do activista e jornalista, Nuno Ramos de Almeida.
Em tom assertivo e bastante claro, Nuno Ramos de Almeida partilhou com a audiência presente, a sua perspectiva sobre a actual realidade política e social, procurando fazer a ponte com o Movimento a que está ligado.
«Temos Partidos Políticos mas não temos actores políticos» - é com este paradigma que o jornalista inicia o seu discurso. Começa então por explicar que foi esta crise de representação política que esteve na origem da criação do Movimento Que se Lixe a Troika.
O facto de os cidadãos não serem consultados por aqueles que se fazem representar pela voz colectiva, e daí tomarem as opções políticas, sem obter o mínimo consentimento daqueles que por si são representados, a juntar à ausência de escolhas políticas, que resultam do rotativismo constante do bloco central, foram o impulso para que em 2012 se realizasse uma manifestação no Largo de Camões.
«Os Movimentos Políticos fazem-se com a participação das pessoas!» e desta concepção surge a título de exemplo o momento em que Rosa Parks decidiu ceder o seu lugar a um negro, que foi o traçar de um longo percurso na História dos Direitos Civis.  
Mas voltando ao momento em que se criou o Movimento Que se Lixe a Troika, este surge sobretudo para contestar o Memorando da Troika para o qual a população não foi consultada, e da qual este está a dar provas de não ter resultados nas mais diversas áreas do emprego, na economia e todos os efeitos negativos que está a ter na sociedade.
«Não estamos todos no mesmo barco. Alguém está a lucrar com esta crise.» A política não pode ser deixada apenas aos políticos. Foi esta e outras situações que levaram à manifestação de 15 de Setembro. Como resultados desta acção, a TSU não avançou. O facto de estas manifestações acontecerem tem um impacto na alteração de uma certa hegemonia que as pessoas pensariam ter. Verificamos que a credibilidade do Memorando da Troika só existe para menos de 8% das pessoas.
A designação de “Movimento” não corresponde à ideia que os membros do Movimento têm acerca de si. Pois, não tem uma organização. Consideram tratar-se de uma rede informal, que repugna a ideia de virem a ser representantes.
Os três princípios que formam a base do Movimento são: 1) dar voz às pessoas; 2) abandonar as políticas da Troika e conseguir que as pessoas tenham poder.
Não dispondo de recursos financeiros, o Movimento utiliza como fonte primária a internet. A força da sua acção está na capacidade de aquilo que é feito ter sentido para os outros, sendo o resultado disso, a multiplicação desse mesmo acto.
Sendo a televisão um meio que tem demonstrado pouca viabilidade em transmitir a mensagem pretendida, a actividade dos activistas não pode ser comparada com a projecção que os Movimentos Sociais costumam ter.
Outras das características que Nuno Ramos de Almeida foi proferindo ao longo da sua mensagem foram a inexistência de uma hierarquia, contrabalançada pela tentativa máxima de activismo puro.
Ao ser colocada a questão sobre o futuro do Movimento, a resposta imediata foi: «Se ele se pudesse extinguir seria um excelente sinal».
Em jeito de conclusão, penso que a mensagem principal que o jornalista quis passar, e que de certo modo define aquilo que é o Movimento Que se Lixe a Troika: «Nós não nos consideramos representantes de ninguém. Consideramo-nos apenas activistas!».



12/12/2013
Margarida Mendes

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