No passado dia 28 de Novembro de 2013 recebemos no Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas o Deputado Luís Fazenda, militante e
fundador do Bloco de Esquerda. O nosso convidado falou-nos não só das origens e
bases ideológicas do partido como também, da sua situação actual, nomeadamente
o fraco desempenho do partido nas eleições autárquicas deste ano e, a actual
liderança de João Semedo e Catarina Martins.
Na sua opinião, o
Bloco de Esquerda nasceu da necessidade de preencher o espaço político à
esquerda que em 1998/1999 não estava preenchido. O partido surgiu num momento
em que dominava o neo – capitalismo pelo que, era necessário uma força política
que lutasse contra ele que do ponto de vista político, quer do ponto de vista
ideológico. Nasce numa altura em que um conjunto de questões como, a eutanásia,
o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não eram temas de grande
reflexão em Portugal. O Bloco nasce da junção de várias faccções políticas: a
UDP, PSR e o Política XXI.
A UDP, partido ao qual pertencia Luís Fazenda. Um grupo
formado em 1974 por três grupos marxistas – leninistas: o comité de Apoio à
Reconstrução do Partido Marxista – Leninista, os Comités Revolucionários
Marxistas – Leninistas, e a Unidade Revolucionária Marxistas – Leninistas
(próxima aos trotskistas). Actualmente, é uma associação política liderada por
Joana Mortágua.
O Partido Socialista Revolucionário, partido ao qual
pertencia Francisco Louçã, foi fundado em 1978 a partir da fusão da Liga
Comunista Internacional com o Partido Revolucionário dos Trabalhadores e
integrou um conjunto de militantes de várias correntes trotskistas. Extinguiu-se
como partido político em 2006, transformando-se na Associação Política
Socialista Revolucionária (ASPSR).
O Partido “Política XXI ”, do qual fez parte Miguel Portas,
fundado por ex-membros do PCP e do MDP/CDE. Tal como outros partidos anteriormente
referidos, transformou-se numa associação política, o Fórum Manifesto, cuja
identidade vai da esquerda marxista à social – democracia de esquerda.
Luís Fazenda não nos facultou apenas, as origens ideológicas
do Bloco de Esquerda mas, fez também uma análise da actualidade do partido
nomeadamente, a liderança bicéfala, e os maus resultados nas últimas eleições
autárquicas.
Relativamente à liderança de Catarina Martins e João Semedo,
o nosso convidado considerou que para a maioria dos críticos, tem de haver
apenas um líder que tem de decidir tudo dentro de um partido e que, para os
mesmos é difícil que essas decisões sejam tomadas por dois. No entanto,
disse-nos Luís Fazenda que esta é uma liderança semelhante a outras existentes
pela Europa e, o Bloco de Esquerda quis acompanhar esta evolução.
Relativamente ao novo Partido “Livre” Luís Fazenda considera
que esta este não é uma ameaça para o Bloco de Esquerda. A cisão com Rui Tavares
deveu-se ao facto de que este era a favor do bombardeamento na Líbia e, outros
membros do BE, nomeadamente, Miguel manifestaram-se contra. Foi a partir daqui
que se deu a cisão de Rui Tavares com o Bloco de Esquerda.
Na opinião de Fazenda o Partido “Livre” procura agregar
várias pessoas que que sirvam de “muleta” para o Partido Socialista.
Confrontado pela audiência pelos maus resultados obtidos
pelo partido nas últimas eleições autárquicas, Luís Fazenda justifica que tal
facto se deve á fraca implementação do Partido a nível local e que algo deve ser
feito nesse sentido, a fim de melhorar os resultados nas próximas eleições.
Pelo contrário, há outros partidos que têm uma implementação muito mais forte a
nível local, que lhe permite obter melhores resultados. A perda de Salvaterra
de Magos, concretamente, deveu-se à impossibilidade de a figura política que “representava”
o BE, não se ter podido recandidato. No futuro, Luiz fazenda espera que os resultados
eleitorais das europeias sejam mais favoráveis para o BE, caso contrário será
preciso mudar muita coisa no seio do partido.
Jéssica Caetano
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