PSD
Guião
da Reforma do Estado
Esta semana ficou fortemente
marcada pela apresentação do guião para a reforma do Estado, numa conferência
de imprensa realizada pelo vice-primeiro-ministro Paulo Portas. “É um documento
que tem quatro capítulos, cerca de 110 páginas úteis”, referiu Portas. “O
documento do Governo é uma proposta aberta. Porque o futuro do Estado interessa
a todos. Porque várias das reformas aqui elencadas excedem o tempo desta
legislatura. Porque a recuperação da soberania de Portugal nos deve permitir a
escolha de políticas públicas eficientes e sustentáveis. Porque o objectivo de
equilíbrio orçamental inscrito no Tratado Europeu contém objectivos de médio e
longo prazo. Porque a procura de soluções para um Estado melhor não é um
exclusivo de qualquer corrente de opinião”, destacou do documento o PSD no seu
site.
Desse guião consta um conjunto
alargado de medidas para a reforma do Estado, algumas das quais têm suscitado
sérios debates em vários quadrantes da sociedade: nomeação em 2014 de uma comissão
de reforma do IRS, com o intuíto de preparar a redução do IRS para 2015; revisão
constitucional que, entre outros aspectos, permita a reforma do sector da justiça
e inscreva a “regra de ouro” do equilíbrio orçamental, isto é, do défice; aposta
numa política de descentralização em áreas como a educação e a saúde, avançando
com o cheque-ensino, a concessão de escolas a professores que se tornem
proprietários e gestores das mesmas ou a privatização de mais hospitais; processo
para agregação de municípios, continuando a reforma administrativa territorial
que começou com as freguesias; revisão do modelo governativo da Caixa Geral de
Depósitos; aposta numa administração pública com menos quadros mas com melhores
remunerações; criação em 2014 de uma comissão de reforma da Segurança Social
que, assegurando a sustentabilidade do sistema, a faça evoluir no sentido da
capitalização e do plafonamento; implementação de um modelo mais curto no
ensino superior bem como a reorganização do ensino politécnico. Tendo em conta
a abrangência das medidas e, consequentemente, a dificuldade em encontrar
consensos, Paulo Portas realçou que “várias das políticas que estão inscritas
como propostas neste documento necessitam de consensualização e, por isso
mesmo, o Governo iniciará um diálogo quer com os partidos políticos quer com os
parceiros sociais para os ouvir, para debater, para alterar, e o documento
voltará então a Conselho de Ministros”.
A reacção do PSD a este guião
deu-se durante o debate do Orçamento do Estado para 2014, cabendo a intervenção
ao seu líder parlamentar, Luís Montenegro: “Nós admitimos que possa ser
melhorado e que possa até ser criticado. É um documento que junta o trabalho
que foi feito no âmbito da reforma do Estado àquilo que é a nossa perspetiva
para os próximos anos”. Porém não se ficou por aí, aproveitando a ocasião para
desafiar o PS a integrar uma eventual comissão que seja criada na Assembleia da
República para melhorar o documento, já que não o fez em Janeiro numa comissão
que nunca chegou a entrar em funcionamento porque todos os partidos da oposição
recusaram indicar deputados para a mesma. Esse momento marcou o início de um
dos temas mais falados da semana, a pretensão social-democrata de que o PS participe no
debate da reforma do Estado.
Conforme se tem vindo a
assistir, é imperativo para o PSD que o maior partido da oposição esteja
inserido no compromisso da reforma do Estado, facto que levou os
sociais-democratas a convidar o PS para uma reunião entre os dois partidos onde
sejam discutidas as medidas que constam do guião apresentado pelo vice-primeiro-ministro.
Após uma primeira e contundente recusa dos socialistas em participar num
encontro entre os dois partidos, o vice-presidente e porta-voz do PSD, Marco António
Costa, insistiu e voltou a enviar uma carta ao PS renovando o convite para o
diálogo sobre as propostas para a reforma do Estado. No entanto, a posição
socialista não se alterou e a resposta negativa manteve-se, defendendo que o
debate tem que ser feito no Parlamento com todos os partidos.
Esta intransigência do PS
mereceu, inevitavelmente, críticas por parte dos sociais-democratas, como se pôde
perceber, por exemplo, nas declarações de Pedro Pinto: “Não deixa de nos
surpreender, ao longo de 30 e tal anos, penso que é a primeira vez que um
convite feito pelo Partido Social Democrata ao Partido Socialista tem como
resposta um não rotundo para um encontro, para um debate de uma temática
importante”. Não obstante isso, o vice-presidente do PSD deixou de lado a ideia
de uma rotura entre os dois partidos, deixando a porta aberta a uma inflexão
socialista: “Seria algo de novo. Infelizmente essa é a imagem que está a
transparecer. O PSD ainda espera que o PS, tendo em conta a importância da
matéria, repondere a sua posição e como no passado aceite discutir com o PSD”.
Rúben Guerreiro
07 / 11 / 2013
Fontes:
·
30-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=665572, consultado dia
01-11-2013 às 19 horas.
·
31-10-2013
+ http://www.psd.pt/?idc=4&idi=89748, consultado dia 03-11-2013 às 21
horas.
·
31-10-2013
+ http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/psd-desafia-ps-a-integrar-comissao-eventual-para-melhorar-documento_16862917.html,
consultado dia 04-11-2013 às 23 horas.
·
01-11-2013
+ http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/11/01/psd-renova-convite-ao-ps-para-debater-reforma-do-estado-socialistas-voltam-a-recusar,
consultado dia 05-11-2013 às 13 horas.
·
01-11-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=666011, consultado dia 06-11-2013
às 09 horas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.