Começando por analisar a já tão
falada Reforma do Estado, há que referir que esta não passa de um conjunto de linhas
orientadoras elaboradas e, principalmente, divulgadas num período cujo principal
objectivo passa por atenuar os ânimos relativamente aos problemas em que o país
se encontra envolvido, nomeadamente, no domínio financeiro. Deste modo, após
esta ser aprovada em Conselho de Ministros, foi Paulo Portas quem deu a
conhecer o seu guião, começando por frisar a necessidade de uma reforma no
sistema da Segurança Social. No entanto, esta é uma reforma que só poderá ser
feita em ciclos de crescimento económico, o que, neste momento, não é o caso (embora
sejam visíveis alguns sinais ainda muito ténues). Seguidamente, embora se saiba que o Governo
não tem poder de iniciativa para uma revisão constitucional, esta reforma vem
declarar que seria do interesse nacional, com o terminar do programa de
assistência económica e financeira, que a regra de ouro (regra que visa o
equilíbrio orçamental) estivesse na Lei Fundamental nacional. No que toca a
recursos humanos, o objectivo passa pela diminuição do número de funcionários
de modo a que se consiga proporcionar uma melhor remuneração aos que ficam no
exercício das suas funções. No que é referente à carga fiscal, falou-se na
criação de uma Comissão de Reforma do IRS, cujo principal objectivo passa pelo
desagravamento do imposto em questão para o ano de 2015. Concluindo, este tema pode ser resumido num
conjunto de reformas cujo principal objectivo do executivo passa, supostamente,
pelo estabelecimento de um consenso e de um compromisso que perdure ao longo
dos próximos anos em áreas como a despesa e a administração pública. As respostas
da oposição a este guião para a Reforma do Estado não foram positivas
visto que o caracterizaram como sendo uma “manobra de diversão” que, por sua
vez, não passa de um “retalho de intenções”. O Presidente da República espera
que surjam alternativas e contribuições para o guião. No entanto, resta saber
se haverão, ou não, contribuições.
Quando ao Orçamento do
Estado de 2014, o consenso parece não estar para breve. Os partidos da oposição
continuam a pedir e a apresentar alterações. Contudo, Pedro Passos Coelho,
continua a demonstrar a sua intenção de manter o nível de exigência,
justificando que não há como fugir aos compromissos. Tal como ele, também a
Ministra das Finanças fez questão de lembrar a estreita margem para alterações
orçamentais, defendendo, ainda, que qualquer alteração tem de ter um impacto
neutro quanto aos resultados que se pretendem obter. No entanto, esta, bem como
o Ministro da Economia, ainda demonstrou o seu contentamento por a economia
parecer estar a passar por um momento de viragem.
O Conselho Economico e
Social veio alertar para os nefastos efeitos que o Orçamento do Estado de 2014
terá sobre o rendimento familiar. É neste contexto que faz sentido referir,
para perceber realmente onde é que a crise financeira e os interesses egoístas
da supranacionalidade e da intergovernamentalidade podem chegar, que, segundo
um estudo divulgado pela DECO, cerca de uma em cada dez famílias vive em
pobreza real.
Há ainda que mencionar
que o Estado tem sido caracterizado como sendo um “mau pagador”, somando um
avultado número dividas no que toca a pagamentos a empresas. Neste sentido, há
que referir as palavras de António Saraiva onde refere que “a resistência das empresas
nestas condições é um milagre económico”. Quanto aos bancos, irão ser
submetidos a testes de stress para se clarificar a fragilidades do sistema
bancário e testar a reacção desta instituições às crises financeiras.
No que toca ao ainda
corrente ano de 2013, há que ter em conta a derrapagem de 0,5% que Bruxelas
notou no cumprimento do défice. No entanto, Bruxelas continua a acreditar que
Portugal pode conseguir o limite acordado referente ao défice orçamental. No
entanto, a Comissão Europeia veio a avisar o Governo da necessidade da criação
de medidas alternativas para evitar o chumbo do Tribunal Constitucional
relativamente à fiscalização da constitucionalidade das medidas do Orçamento do
Estado para 2014. No entanto, defende ainda, a falta de flexibilidade deste
novo Orçamento do Estado. Também a
agência Fitch demonstrou a sou acreditação no chumbo de algumas medidas por
parte do Tribunal Constitucional. Neste seguimento, não se pode deixar de
referir as palavras de Durão Barroso durante a presença do Primeiro-Ministro em
Bruxelas. Este afirmou nunca ter criticado o Tribunal Constitucional mas, em
tom de aviso, diz que se o Tribunal Constitucional chumbar as principais
medidas do Orçamento do Estado quem sofrerá são os portugueses com, ainda mais,
austeridade.
Quanto ao tema mais
falado nestes últimos meses, não se pode deixar de ter em consideração a forte
intenção do Primeiro-Ministro em cumprir com o programa de assistência
económica e financeira. Este, defende ainda que agora que se está a chegar ao
final não se pode deitar tudo a perder. Quer Durão Barroso, quer Passos Coelho,
no que diz respeito à existência de um Programa Cautela ou de um segundo
resgate financeiro, continuam a ser desmentir os supostos rumores acerca do
assunto. Quanto aos juros da divida pública, estes atingiram os valores mais
baixos desde os últimos cinco meses, ultrapassando-se, então, a barreira dos
6%.
Concluindo, tal como
Carlos Magno referiu na aula da passada semana, “temos uma agenda que não sai
do mesmo sítio e que nos dá a ideia de que está tudo a andar”.
Patrícia Paulino
Fontes:
Programas televisivos:
Noticiários (RTP, SIC NOTICIAS E TVI24); 25º hora (Resumo
diário) – TVI 24.
Alguns links a consultar:
CUNHA, Isabel, “Durão Barroso nega críticas ao
Tribunal Constitucional mas alerta para consequências das suas decisões”, Jornal Público, publicado a 6/11/2013,
in http://www.publico.pt/politica/noticia/durao-barroso-nega-criticas-ao-tribunal-constitucional-mas-alerta-para-consequencias-das-suas-decisoes-1611616, consultado a 6/11/2013.
PEIXOTO, Margarida, “Melhoria do PIB e do mercado de trabalho pode não ser
duradoura”, Jornal Económico,
publicado a 6/11/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/melhoria-do-pib-e-do-mercado-de-trabalho-pode-nao-ser-duradoura_181031.html,
consultado a 6/11/2013.
“Bruxelas quer que Portugal substitua medidas
se houver chumbos do Constitucional”, Jornal
Económico, publicado a 5/11/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/bruxelas-quer-que-portugal-substitua-medidas-se-houver-chumbos-do-constitucional_180969.html, consultado a
6/11/2013.
“Fitch acredita
que Tribunal Constitucional vai chumbar medidas do Orçamento do Estado”, Jornal Público, publicado a 5/11/2013,
in http://www.publico.pt/economia/noticia/fitch-acredita-que-tribunal-constitucional-vai-chumbar-medidas-do-orcamento-do-estado-1611437, consultado a 6/11/2013.
MARTINS, Raquel, “CES
alerta que 2014 pode trazer nova recessão”, Jornal Público, publicado a
1/11/2013, in http://www.publico.pt/economia/noticia/ces-diz-que-orcamento-devia-dar-prioridade-ao-crescimento-e-ao-emprego-1611083, consultado a 3/11/2013.
VILLALOBOS, Luís, “Governo
promete comissão da reforma do IRS para 2014”, Jornal Público, publicado a 30/10/2013, in http://www.publico.pt/economia/noticia/governo-promete-comissao-da-reforma-do-irs-para-2014-1610860, consultado a 1/11/2013.
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