PSD
Orçamento
do Estado
Na ordem do dia continua,
invariavelmente, a apresentação da proposta do Orçamento do Estado para 2014,
suscitando diferentes análises e um amplo debate em torno das medidas que a
mesma prevê. Exemplo disso foram as declarações do deputado social-democrata
Miguel Frasquilho a um programa da rádio Renascença, onde demonstrou a vontade
das bancadas da maioria parlamentar em melhorar a proposta de orçamento de
forma a ajudar as famílias: “Gostaria de beneficiar um pouco a saúde financeira
das famílias no próximo ano, ou seja, que não sejam tão prejudicadas. Vamos ver
se será possível. Não posso, nem quero, nem devo ir mais longe nesta altura.
Vamos ter que aguardar pelo debate na especialidade. Posso garantir que o grupo
parlamentar do PSD estará muito empenhado nessa direcção”.
No entanto, estas declarações
de Miguel Frasquilho foram algo desvalorizadas por parte das bancadas
parlamentares da maioria, já que as suas reacções basearam-se na pouca margem
de manobra que este orçamento comporta. O líder da bancada do CDS-PP, Nuno
Magalhães, chegou até a referir que, no seu entender, “essa opinião do doutor
Miguel Frasquilho é uma opinião pessoal”, apesar de ser uma opinião “que é
partilhada por todos nós”. Luís Montenegro, líder da bancada parlamentar do
PSD, optou por reforçar a ideia de que “a margem de manobra deste Orçamento é
muito limitada. Sabemos que as metas que estão estabelecidas com os nossos
parceiros são muito exigentes e isso impõe um rigor e uma exigência que serão
tidos em conta. O que podemos garantir é que não nos vamos eximir de, em sede
de especialidade, podermos contribuir para dar ao Orçamento do Estado uma
formulação final que possa ser ainda mais justa do ponto de vista social, mais
equitativa”.
Esse contributo parece começar
por “uma proteção maior dos rendimentos mais baixos” assente no aumento do
valor mínimo para os cortes nas pensões e salários, como o próprio Luís
Montenegro mencionou numa entrevista concedida ao jornal Público. “É para nós
um objetivo encontrar alternativas que possibilitem que o patamar mínimo a
partir do qual essa convergência [entre Caixa Geral de Aposentações e Segurança
Social] se opera possa ser superior aos 419 euros que estão previstos”, acrescentando
também o líder parlamentar social-democrata que “uma passagem para um valor
superior a 500 euros, entre os 500 e os 600, já é significativo”. Para além das
pensões de sobrevivência, Luís Montenegro levantou a hipótese das bancadas da
maioria proporem, igualmente, o aumento do valor mínimo de 600 euros para os
cortes nos salário dos funcionários públicos: “Por exemplo, se a elevarmos a
fasquia para 700 euros, estamos já a falar de vários milhares de funcionários
públicos que serão atingidos aliviados e que são os que têm os rendimentos mais
baixos”.
Simultaneamente, tiveram lugar
em Lisboa as jornadas parlamentares conjuntas do PSD e do CDS-PP com o
objectivo de clarificar a proposta do Orçamento do Estado para 2014, ficando
essa responsabilidade a cargo do governo que se fez representar por todos os
seus ministros. Conforme explicou o líder da bancada parlamentar
social-democrata, “a nossa intenção é promover entre os dois grupos
parlamentares da maioria um amplo debate sobre a proposta do Orçamento do
Estado. Indo com profundidade à avaliação do trabalho que tem sido feito em
cada um dos ministérios e as perspetiva aos próximos tempos. Nomeadamente o
impacto nas reformas”. Aproveitando a ocasião, e no seguimento do que já havia
sido deixado em aberto na entrevista anteriormente referida, a maioria
parlamentar avançou, no último dia para apresentar alterações ao orçamento, com
a proposta de aumento do limite para os cortes nas pensões de sobrevivência. “Acabamos
de apresentar na comissão de orçamento e finanças uma proposta com vista a que
o limite a partir do qual esse convergência se opera entre o regime da Caixa
Geral de Aposentações e da Segurança Social, dos 419 euros, nós propomos que
passe a ser de 600 euros”, anunciou Luís Montenegro.
Entretanto, o antigo
conselheiro de estado social-democrata António Capucho veio renovar as críticas
quanto às novas medidas previstas e às pressões sobre o Tribunal
Constitucional. Num colóquio organizado pela Associação de Aposentados,
Pensionistas e Reformados (Apre!) em Lisboa, António Capucho defendeu que “o
que se afigura mais grave em toda esta acção persecutória é a ligeireza com que
o Governo e a maioria que o suporta se propõem espezinhar os princípios da
protecção da confiança e da legalidade que são pilares essenciais da nossa
organização democrática e do regime constitucional. A pretendida
retroactividade das leis, especialmente neste domínio [corte das pensões], é
uma arbitrariedade simplesmente revoltante e inaceitável e representaria um
verdadeiro confisco. Deixar isto passar seria escancarar as portas e abrir um
precedente de consequências inimagináveis”.
António Capucho, um antigo dirigente que participou na fundação do PSD,
não se revê neste tipo de política seguido pela actual direcção do partido, uma
vez que acredita existirem alternativas para se obterem receitas sem incidir
nos salários e pensões como, acrescentou, o exemplo da tributação em sede de
IRS.
Rúben Guerreiro
31 / 10 / 2013
Fontes:
·
21-10-2013
+ http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=126962, consultado
dia 26-10-2013 às 19 horas.
·
25-10-2013
+ http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=127073, consultado
dia 27-10-2013 às 10 horas.
·
28-10-2013
+ http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/10/28/psd-admite-aumentar-limites-minimos-para-cortes-e-pensoes,
consultado dia 29-10-2013 às 22 horas.
·
28-10-2013
+ http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/10/28/jornadas-parlamentares-conjuntas-do-psd-e-cds-pp-comecam-hoje,
consultado dia 30-10-2013 às 9 horas.
·
26-10-2013
+ http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=24&did=127166, consultado
dia 28-10-2013 às 21 horas.
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