quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O agonizante populismo


“Vamos apoiar Hugo Ernano” é o nome de uma página no  Facebook que procura dar apoio a um militar da GNR que foi alegadamente "mal" condenado . Descobri esta página recentemente e não lhe dei muita importância por várias razões que não vou agora dizer mas ao fazer a minha “visita” semanal ao site do PNR encontrei um artigo com o nome “Condenação de um militar da GNR em Loures: o absurdo da Justiça”e rapidamente percebi que era sobre esse mesmo caso que motivou a criação da página na rede social e que já conta com cerca de 72 mil “likes”. Decidi então fazer uma pequena reflexão sobre o assunto e sobre o populismo “fascizante” que anda por aí.
Começando pelos factos e citando o jornal Público “Os factos remontam a 11 de Agosto de 2008, quando o jovem de 13 anos foi atingido a tiro pelo militar da GNR Hugo Ernano durante uma perseguição policial a uma carrinha após um assalto a uma vacaria.”[1] O PNR sobre a acção do militar apenas tem a dizer que o “guarda limitou-se a cumprir o seu dever”[2] e depois diz o habitual” O PNR tem muito orgulho e confiança nos profissionais das nossas Forças de Segurança, que são o único muro entre os cidadãos honestos e os criminosos, já que a Justiça e alguns profissionais da mesma parecem estar do lado do crime.”[3]. A morte de um jovem de 13 anos é completamente irrelevante para o PNR, o facto do Tribunal ter considerado que houve abuso de autoridade por parte do militar é irrelevante, o que importa é que o militar cumpriu o seu dever. As ditas forças de segurança não merecem da minha parte qualquer tipo de respeito já que são parte de um sistema e de um Estado injusto e desigual e mais não fazem do que defender pela força os responsáveis por situações de pobreza e exclusão que levam as pessoas a enveredar pelo crime como forma de sobrevivência.  Dando uma vista de olhos pelos comentários publicados na tal página do Facebook, rapidamente verificamos a existência daquele típico discurso populista, racista e preconceituoso. A extrema-direita alimenta-se desse tipo de sentimentos  e pensamentos que estão muito presentes na sociedade portuguesa e em situações de crise e com o crescimento  do “medo” da “insegurança” é bastante fácil encontrar os bodes expiatórios. São avisos para um futuro que, infelizmente, poderá não estar muito longe caso não haja uma mudança sistémica profunda.


Rui Campos nº211648
30/10/2013

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