“Vamos apoiar Hugo Ernano” é o nome de uma página no Facebook que procura dar apoio a um militar da
GNR que foi alegadamente "mal" condenado . Descobri esta página recentemente e não lhe
dei muita importância por várias razões que não vou agora dizer mas ao fazer a
minha “visita” semanal ao site do PNR encontrei um artigo com o nome “Condenação
de um militar da GNR em Loures: o absurdo da Justiça”e rapidamente percebi que
era sobre esse mesmo caso que motivou a criação da página na rede social e que
já conta com cerca de 72 mil “likes”. Decidi então fazer uma pequena reflexão
sobre o assunto e sobre o populismo “fascizante” que anda por aí.
Começando pelos factos e citando o jornal Público “Os factos
remontam a 11 de Agosto de 2008, quando o jovem de 13 anos foi atingido a tiro
pelo militar da GNR Hugo Ernano durante uma perseguição policial a uma carrinha
após um assalto a uma vacaria.”[1] O PNR
sobre a acção do militar apenas tem a dizer que o “guarda limitou-se a cumprir
o seu dever”[2]
e depois diz o habitual” O PNR tem muito orgulho e confiança nos profissionais
das nossas Forças de Segurança, que são o único muro entre os cidadãos honestos
e os criminosos, já que a Justiça e alguns profissionais da mesma parecem estar
do lado do crime.”[3].
A morte de um jovem de 13 anos é completamente irrelevante para o PNR, o facto
do Tribunal ter considerado que houve abuso de autoridade por parte do militar
é irrelevante, o que importa é que o militar cumpriu o seu dever. As ditas
forças de segurança não merecem da minha parte qualquer tipo de respeito já que
são parte de um sistema e de um Estado injusto e desigual e mais não fazem do
que defender pela força os responsáveis por situações de pobreza e exclusão que
levam as pessoas a enveredar pelo crime como forma de sobrevivência. Dando uma vista de olhos pelos comentários
publicados na tal página do Facebook, rapidamente verificamos a existência
daquele típico discurso populista, racista e preconceituoso. A extrema-direita
alimenta-se desse tipo de sentimentos e
pensamentos que estão muito presentes na sociedade portuguesa e em situações de
crise e com o crescimento do “medo” da “insegurança”
é bastante fácil encontrar os bodes expiatórios. São avisos para um futuro que,
infelizmente, poderá não estar muito longe caso não haja uma mudança sistémica
profunda.
Rui Campos nº211648
30/10/2013
[2] http://www.pnr.pt/2013/10/28/condenacao-de-um-militar-da-gnr-em-loures-o-absurdo-da-justica/ acedido ás 22:10 de 30-10-2013
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