sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Posicionamento da Igreja Católica e o Resultado das Eleições Autárquicas

De acordo com a emissão online da Rádio Renascença, o Papa Francisco dirigiu-se aos cristãos desafiando-os a participar ativamente na vida política e a trabalharem pelo “ bem comum “, visto que faz parte da missão da Igreja “ emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito á ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa … “ (CIC par.2245). O Bispo de Roma ainda acrescentou com um tom severo que “ A crise pode tornar-se momento de purificação e de revisão dos nossos modelos económico-sociais e de uma certa conceção de progresso que tem alimentado ilusões, para recuperar o humano em todas as suas dimensões “, nesta declaração o Papa quis alertar aos políticos para terem em atenção as consequências que advêm das políticas implementadas (capitalismo selvagem) que tem contribuído para o retrocesso dos direitos fundamentais, em que o Homem deveria ser o principal beneficiário (estas políticas acabam por “sufocar” as classes mais desfavorecidas).
Na sequência destas declarações proferidas pelo Santo Papa, os bispos (Conselho Permanente da Conferencia Episcopal Portuguesa) reforçam a importância da responsabilidade cívica e o voto das populações nas eleições autárquicas do próximo domingo. A CEP alertou aos cidadãos que a “ Abstenção acaba sempre no beco sem saída da desistência de contribuir para a vida em comunidade “. E dirigindo-se posteriormente aos políticos que se preparam para concorrer, os bispos salientaram que “ Mais do que fazer prevalecer uma determinada cor política partidária, esta em jogo a capacidade de os candidatos servirem o povo da sua zona”.
                É neste período de campanha eleitoral que a Igreja também na voz do bispo açoriano D.António Sousa Braga defende que apesar da “ desilusão “ em relação aos políticos, é de extrema importância fazer uma escolha “segundo as próprias convicções” e “tendo presente os princípios da Doutrina Social da Igreja”, bem como a “defesa da vida humana em todas as suas fases e proteção da família heterossexual”. Também alertou que “O primeiro critério na escolha de uma pessoa, para colocar à frente de uma autarquia, é que ponha claramente o bem comum acima dos interesses pessoais e de grupo”.
                No decorrer da Conferencia Episcopal Portuguesa realizada em Fátima no início de Setembro, o secretário da CEP padre Manuel Morujão alertou para a “tentação de descredibilizar pessoas que estão envolvidas em cargos políticos” e que cumprem um “serviço” indispensável à coletividade da nação e ao nível das autarquias”, no entanto, “por esses casos não se deve generalizar e dizer que a política é um negócio que suja as mãos de quem se mete nela”, apontou o secretário da CEP. O padre recorda que “a política é uma ocasião excelente de enobrecer quem está nela e de enobrecer o povo que serve”.
Também D. Jorge Ortiga (Arcebispo Primaz de Braga) pediu aos políticos que não se distraiam em discussões e se concentrem na realidade social do país. O Arcebispo afirmou ainda que “Corre-se o risco de os partidos e a própria assembleia se distrair um pouco em algumas discussões, sem encontrar verdadeiramente aquela solução e o acordo suporte de algumas atitudes, não tendo a capacidade de reconhecer determinadas situações que existem, que persistem e se agravam todos os dias”. D. Jorge Ortiga receia que esses números se agravem já este ano, caso o bem comum não seja colocado em primeiro lugar: “Seria bom que efetivamente o consenso entre as principais forças fosse uma realidade. Tenho as minhas dúvidas, mas espero que no essencial estejamos de acordo para depois se poder lutar por aquilo que é o particular, mas que o bem comum seja colocado em primeiro lugar.”
É neste ambiente de Campanha Autárquicas que a Igreja Católica alerta aos cidadãos que possam ser mais participativos na vida civil e que os políticos possam estar ao serviço das populações, principalmente os que mais sofrem.

Após as eleições do dia 29 de Setembro, Igreja Católica prenunciou-se na voz do bispo D.Pio Alves administrador apostólico da Diocese do Porto e do presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais. Num texto a publicar na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, o bispo D.Pio Alves elogia a participação política dos cristãos nas autárquicas do último domingo “ Deixo aqui a minha saudação às mulheres e aos homens que, com verdadeiro espírito cívico, exerceram funções; às/aos que continuam; às/aos que iniciam. A todos: Obrigado! ”. O prelado reforça ainda mais a importância da participação política dos cristãos, recordando que o Concílio Vaticano II, na encíclica Gaudium et Spes, revela a “especial responsabilidade” dos cristãos na política: “Todos os cristãos tenham consciência da sua vocação especial e própria na comunidade política; por ela são obrigados a dar exemplo de sentida responsabilidade e dedicação pelo bem comum”.
Das recentes eleições, o Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais analisa que a informação as noticia sobre as autarcas e autarquias foram variadas, na medida em que “A grande informação centrou, prioritariamente, a sua atenção nos números, cruzados estatisticamente de molde a responder a quase todas as curiosidades”.
Segundo ainda D.Pio Alves, “estas mulheres e estes homens”, que trabalham pelas suas comunidades com diferentes níveis de responsabilidade, “normalmente” são notícia “quando suspeitos e acusados de incapacidades ou abusos como corrupção, gestão danosa, nepotismo, favorecimento ilícito.
E se existem actos ilícitos também existe “muito fumo sem fogo”, “a inveja, a calúnia, a leviandade informativa são capazes de muitas construções”, acrescenta.
Em última análise, o bispo salienta que a imagem construída na opinião pública não incentiva à participação activa “macula tudo e todos quantos assumem ou se dispõem a assumir estas funções” e considera que esta situação “dá jeito aos cidadãos honestos para se desculparem da sua inibição”, uma contribuição que poderia “dar” um ar novo à construção e ao exercício da política.

Fontes:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=122907  (23-09-2013) http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1371&did=12138 (21-09-2013)
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97041  (22-09-2013)
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=96906 (21-09-2013)

http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97193 (4/10/2013
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaudium_et_Spes (Concílio Vaticano II “ Alegria e Esperança “ – A Igreja no Mundo Actual) 1965 (4/10/2013)

Joana Reais, 213227

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