De acordo com a emissão online da Rádio Renascença,
o Papa Francisco dirigiu-se aos cristãos desafiando-os a participar ativamente
na vida política e a trabalharem pelo “ bem
comum “, visto que faz parte da missão da Igreja “ emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito á
ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa … “ (CIC
par.2245). O Bispo de Roma ainda acrescentou com um tom severo que “ A crise pode tornar-se momento de
purificação e de revisão dos nossos modelos económico-sociais e de uma certa
conceção de progresso que tem alimentado ilusões, para recuperar o humano em
todas as suas dimensões “, nesta declaração o Papa quis alertar aos
políticos para terem em atenção as consequências que advêm das políticas
implementadas (capitalismo selvagem) que tem contribuído para o retrocesso dos
direitos fundamentais, em que o Homem deveria ser o principal beneficiário
(estas políticas acabam por “sufocar” as classes mais desfavorecidas).
Na sequência destas declarações proferidas pelo
Santo Papa, os bispos (Conselho Permanente da Conferencia Episcopal Portuguesa)
reforçam a importância da responsabilidade cívica e o voto das populações nas
eleições autárquicas do próximo domingo. A CEP alertou aos cidadãos que a “ Abstenção acaba sempre no beco sem saída da
desistência de contribuir para a vida em comunidade “. E dirigindo-se
posteriormente aos políticos que se preparam para concorrer, os bispos salientaram
que “ Mais do que fazer prevalecer uma
determinada cor política partidária, esta em jogo a capacidade de os candidatos
servirem o povo da sua zona”.
É neste período de campanha
eleitoral que a Igreja também na voz do bispo açoriano D.António Sousa Braga
defende que apesar da “ desilusão “ em relação aos políticos, é de
extrema importância fazer uma escolha “segundo
as próprias convicções” e “tendo
presente os princípios da Doutrina Social da Igreja”, bem como a “defesa da vida humana em todas as suas
fases e proteção da família heterossexual”. Também alertou que “O primeiro critério na escolha de uma
pessoa, para colocar à frente de uma autarquia, é que ponha claramente o bem
comum acima dos interesses pessoais e de grupo”.
No decorrer da Conferencia
Episcopal Portuguesa realizada em Fátima no início de Setembro, o secretário da
CEP padre Manuel Morujão alertou para a “tentação
de descredibilizar pessoas que estão envolvidas em cargos políticos” e que
cumprem um “serviço” indispensável à coletividade da nação e ao nível das
autarquias”, no entanto, “por esses casos
não se deve generalizar e dizer que a política é um negócio que suja as mãos de
quem se mete nela”, apontou o secretário da CEP. O padre recorda que “a política é uma ocasião excelente de
enobrecer quem está nela e de enobrecer o povo que serve”.
Também D. Jorge Ortiga (Arcebispo Primaz de Braga)
pediu aos políticos que não se distraiam em discussões e se concentrem na
realidade social do país. O Arcebispo afirmou ainda que “Corre-se
o risco de os partidos e a própria assembleia se distrair um pouco em algumas
discussões, sem encontrar verdadeiramente aquela solução e o acordo suporte de
algumas atitudes, não tendo a capacidade de reconhecer determinadas situações
que existem, que persistem e se agravam todos os dias”. D. Jorge Ortiga receia
que esses números se agravem já este ano, caso o bem comum não seja colocado em
primeiro lugar: “Seria bom que
efetivamente o consenso entre as principais forças fosse uma realidade. Tenho
as minhas dúvidas, mas espero que no essencial estejamos de acordo para depois
se poder lutar por aquilo que é o particular, mas que o bem comum seja colocado
em primeiro lugar.”
É neste ambiente de Campanha Autárquicas que a
Igreja Católica alerta aos cidadãos que possam ser mais participativos na vida
civil e que os políticos possam estar ao serviço das populações, principalmente
os que mais sofrem.
Após as eleições do dia 29 de Setembro, Igreja Católica prenunciou-se
na voz do bispo D.Pio Alves administrador apostólico da Diocese do Porto e do
presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações
Sociais. Num texto a publicar na mais recente edição do
Semanário ECCLESIA, o bispo D.Pio Alves elogia a participação política dos
cristãos nas autárquicas do último domingo “ Deixo aqui a minha saudação às mulheres e aos homens que, com
verdadeiro espírito cívico, exerceram funções; às/aos que continuam; às/aos que
iniciam. A todos: Obrigado! ”. O prelado reforça ainda mais a importância da participação política dos
cristãos, recordando que o Concílio Vaticano II, na encíclica Gaudium et Spes,
revela a “especial responsabilidade” dos cristãos na política: “Todos os cristãos tenham consciência da sua
vocação especial e própria na comunidade política; por ela são obrigados a dar
exemplo de sentida responsabilidade e dedicação pelo bem comum”.
Das recentes eleições, o Presidente da Comissão
Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais analisa que a
informação as noticia sobre as autarcas e autarquias foram variadas, na medida
em que “A grande informação centrou,
prioritariamente, a sua atenção nos números, cruzados estatisticamente de molde
a responder a quase todas as curiosidades”.
Segundo ainda D.Pio Alves, “estas mulheres e estes homens”, que trabalham
pelas suas comunidades com diferentes níveis de responsabilidade, “normalmente”
são notícia “quando suspeitos e acusados
de incapacidades ou abusos como corrupção, gestão danosa, nepotismo,
favorecimento ilícito.
E se existem actos ilícitos também existe “muito
fumo sem fogo”, “a inveja, a calúnia, a
leviandade informativa são capazes de muitas construções”, acrescenta.
Em última análise, o
bispo salienta que a imagem construída na opinião pública não incentiva à
participação activa “macula tudo e todos
quantos assumem ou se dispõem a assumir estas funções” e considera que esta
situação “dá jeito aos cidadãos honestos
para se desculparem da sua inibição”, uma contribuição que poderia “dar” um
ar novo à construção e ao exercício da política.
Fontes:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=122907
(23-09-2013) http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1371&did=12138 (21-09-2013)
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97041 (22-09-2013)
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=96906 (21-09-2013)
http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=97193 (4/10/2013
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gaudium_et_Spes (Concílio
Vaticano II “ Alegria e Esperança “ – A Igreja no Mundo Actual) 1965
(4/10/2013)
Joana Reais, 213227
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