Primeiramente, há que referir que o
poder político está completamente sobre o domínio do poder financeiro, que, no
fundo, acaba por ser o comando do país. Apesar dos esforços desenvolvidos a
realidade aponta para o domínio da instituições internacionais sobre as
finanças públicas nacionais. Deste modo, pode falar-se em dependência de um
ente superior, a troika. Assim, os riscos políticos que se correm estão
intimamente relacionados com o plano de assistência económica e financeira a
que Portugal está submetido.
Quanto
ao futuro económico e financeiro do país, ao longo destes últimos dias, o
executivo frisou que, por enquanto, ainda não está em vista nem um programa
cautelar, nem um segundo resgate. Neste domínio, Pedro Passos Coelho apelou à
espera pelos resultados para se saber se será, ou não, necessária uma nova
assistência no domínio económico e financeiro. Também Maria Luís Albuquerque,
Ministra das Finanças, fez questão de mencionar que, ainda, não se pensa nem em
programa cautelar, nem em segundo resgate financeiro.
Para além deste impasse
relativamente à assistência externa, a Ministra das Finanças, também afirmou que
a intenção do Governo seria a redução dos impostos logo em 2015, caso as sustentabilidade
das finanças públicas o permita. Dentro desta linha de optimismo, fez questão
de demonstrar o seu agrado relativamente ao crescimento da economia em 2013.
Deste modo, sublinhou o aumento do PIB e o aumento ligeiro na procura interna,
o que, a seu ver, são indícios de que a recuperação está a mostrar os seus
sinais. Quanto aos cortes salariais,
estes serão para manter até que as finanças públicas se demonstrem
sustentáveis. No que toca a cumprimento dos limites acordados, esta refere que
a meta do défice de 5,5% para 2013 será cumprida. No âmbito do seu discurso
também há que notar que a sua justificação em relação à existência de um
segundo orçamento retificativo não está ligada à derrapagem das contas
públicas. Por fim, a Maria Luís Albuquerque ainda desafiou, lembrando quais os
objectivos iniciais, os parceiros sociais a ajudarem a melhorar o Orçamento do
Estado de 2014. Estes demonstraram-se dispostos a negociar as alterações.
Demonstrando-se positivo, Paulo Portas, Vice-Primeiro Ministro, mencionou, nas
Jornadas parlamentares do PSD e CDS, que “é possível que Portugal esteja a
poucas semanas de saber oficialmente que saiu da recessão”.
Quanto ao domínio
orçamental, a austeridade é quem vem em primeiro lugar. Neste sentido a Unidade
Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), bem como a agência Fitch, demonstra a sua
incerteza relativamente ao cumprimento do objectivo de se conseguir atingir os
4% de défice acordados para 2014. No que
toca a propostas de alteração do Orçamento do Estado de 2014, o Primeiro
Ministro afirmou que não há qualquer tipo de folga para o conseguir tornar
menos exigente. A alteração pode, então, ser feita, se surtir os mesmos efeitos. Este, para Pedro Passos Coelho, é um
Orçamento do Estado muito difícil de executar visto que se apresenta exigente e
limitado. O défice de 4% é o grande limitador às alterações. No seu discurso,
como já tinha aferido em discursos anteriores, fez questão de lembrar que este
é o último Orçamento do Estado sob alçada da troika. Contudo, o grave clima de
indefinição, nas palavras do Primeiro Ministro, só conseguirá fazer com que os
juros da dívida pública não baixem. Neste sentido, surgirá uma agitação que
dificultará o final do programa de assistência económica e financeira em curso.
Quanto ao dados que foram
divulgados relativamente à execução orçamental, estes demonstram que Portugal,
nos primeiros nove meses do ano, cumpriu o limite do défice orçamental acordado
com a troika. Este cumprimento está, então, associado ao aumento da receita
através do enorme aumento de impostos. Pode dizer-se que o défice que conta
para a troika demostrou um margem de 2900 milhões de euros. Neste sentido, a
oposição não vê qualquer tipo de resultado positivo a não ser o aumento da
carga fiscal.
O Tribunal Constitucional
continua, aos olhos de alguns, a ser o entrave à elaboração das políticas
ditadas pelo governo. Em tom de curiosidade, também o Financial Times fez
questão de mencionar a “ameaça” que o Tribunal Constitucional constitui para
levar avante o Orçamento do Estado de 2014. É neste sentido que Pedro Passos
Coelho afirma que a execução orçamental em 2014 será o mais difícil.
Relativamente ao Guião da
Reforma do Estado, que, após falhar a data anterior, só será apresentado dia 30
de Outubro, mantem-se uma grande
espectativa. Na realidade, há um grande diferença que vai entre o guião e a
execução da reforma. Apesar de só agora ser apresentada, supostamente, este é
um processo que teve início aquando da tomada de posse deste executivo.
Patrícia Paulino
Fontes:
Programas televisivos:
Noticiários (RTP, SIC NOTICIAS E TVI24); 25º hora (Resumo
diário) – TVI 24.
Alguns links a consultar:
RODRIGUES, Sofia, “Ministra não abre
porta a alívio nos cortes no sector público”, Jornal Público, publicado
a 29/10/2013, in http://www.publico.pt/governo/jornal/ministra-nao-abre-porta-a-alivio-nos-cortes-no-sector-publico-27318452,
consultado a 29/10/2013.
PENEDA, Silva, “Poder político em Portugal foi capturado pelo poder financeiro”,
Jornal Económico, publicado a
28/10/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/poder-politico-em-portugal-foi-capturado-pelo-poder-financeiro_180388.html,
consultado a 29/10/2013.
ANIBAL, Sérgio, “Ministra das Finanças
repete que programa cautelar não está a ser discutido”, Jornal Público, publicado a 23/10/2013,
in http://www.publico.pt/economia/noticia/ministra-das-financas-repete-que-programa-cautelar-nao-esta-a-ser-discutido-1610095,
consultado a 24/10/2013.
ANIBAL, Sérgio, “Cortes salariais
“transitórios”, mas ainda sem final à vista”, Jornal Público, publicado a 23/10/2014, in http://www.publico.pt/economia/noticia/cortes-salariais-transitorios-mas-ainda-sem-final-a-vista-1610068,
consultado a 24/10/2013.
GALRÃO, Márcia, "Veremos se é um programa cautelar ou outra coisa o que
precisamos", Jornal Económico
publicado a 23/10/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/veremos-se-e-um-programa-cautelar-ou-outra-coisa-o-que-precisamos_180072.html, consultado a
24/10/2013
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