Os últimos dias de campanha
autárquica foram o espelho de todos os que já tinham sido passados, ou
seja, o protagonismo recaiu sobre a
difícil situação económica e financeira vivida em Portugal. Nestes dias, a
decisão do Tribunal Constitucional relativamente ao chumbo do despedimento por
extinção do posto de trabalho e a obrigação à alteração do despedimento por
inadaptação marcaram as principais manchetes. Enquanto que a oposição saudava
esta decisão, Pedro Passos Coelho continuou a defender a sua postura inicial,
mencionando que tencionava manter o rumo com vista a alcançar os objectivos
anteriormente delineados. O Governo foi tomando algumas iniciativas no domínio
financeiro ao longo deste período de tempo, como a criação de uma comissão permanente
de apoio ao investimento e a execução da venda do BPN Brasil ao Banco BIC.
Neste seguimento, é
essencial salientar que, segundo o FMI, as receitas das privatizações podem
reduzir a dívida pública. Contudo, os valores alcançados com as privatizações
foram muito reduzidos, o que significa que a longo prazo as decisões podem vir
a ter um carácter insustentável. No último dia de campanha a oposição apelava a
um voto de indignação e mudança. Contrariamente, Paulo Portas e Pires de Lima continuavam
com a sua postura optimista salientado o crescimento do último trimestre e
afastando a hipótese um segundo resgate financeiro, demonstrando, assim, alguma
apreensão relativamente à imagem que se tem passado para os mercados
exteriores.
Passado
o dia de reflexão onde se continuou a dar importância à decisão do Tribunal
Constitucional, aos dados que comprovam o crescimento económico e à queda dos
juros da dívida pública para 6.78%, chegou finalmente o dia em que se ansiava a
tão esperada decisão dos portugueses. Deste dia, sai uma enorme derrota para o
PSD e uma vitória para o PS, para a CDU e para o CDS. Passos Coelho assumiu a
sua grande derrota, que, para muitos, embora a abstenção tenha atingido valores
históricos, é o espelho do sentimento nacional, enquanto que a oposição
festejava a vitória, salientando a demonstração de descontentamento da
população perante as políticas governamentais.
Passado
o frenesim eleitoral, voltou a falar-se do elevado valor do défice. Este que se
situava nos 7.1%, falhando, em muito, a previsão dos 5.5.% do Governo (que
garante que será cumprida)e a meta inicial de 4,5%. Fernando Ulrich defende que
Portugal vai no caminho mais correcto e, tal como o Governo, nega a
possibilidade de preparação de um novo resgate, salientando que a principal
preocupação deverá ser a concretização dos compromissos com os credores. Também
neste contexto, o Presidente da República fez questão de mencionar que Portugal
já saiu da recessão e que não percebe uma taxa do défice tão elevada. No
entanto, tal como Durão Barroso, salienta que é essencial esperar para ver os
resultados das avaliações da troika, apela ao investimento e à cooperação económica
e, inacreditavelmente, desdramatiza os resultados das eleições autárquicas. Ainda
no domínio financeiro a Tesouraria do Estado foi-se sentido ameaçada, temendo um
atraso nos fundos da troika. No entanto, o FMI defende que o plano de
austeridade foi adaptado as características do país.
Estes últimos dias foram
marcados pela Fusão da PT com a OI. Esta fusão dará origem a uma das maiores
empresas de telecomunicações. O grande enigma está, realmente, na questão
financeira. A sede da empresa passará a ser no Brasil mas garante-se que não
haverão despedimentos e que os encargos com o fisco serão referentes ao local
onde se registam as receitas. O Governo garante que será uma boa oportunidade,
embora a oposição acredite que este não seja um negócio assim tão vantajoso
para Portugal. É essencial referir o grande disparo nas bolsas relativamente à
PT e à OI com o surgir na novidade.
Por último, surge o
lançamento de uma plano de regularização das dívidas ao fisco que terá como
principal objectivo conseguir com que os contribuintes e as empresas paguem as
suas dividas fiscais de acordo com as suas capacidades.
Fontes:
Programas televisivos:
Noticiários (SIC NOTICIAS E TVI24); 25º hora (Resumo diário)
– TVI 24.
Alguns links a consultar:
SILVA, Marta, Fusão PT/ Oi será a
quarta maior do sector em 2013, Jornal
Económico, publicado a 2/10/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/fusao-pt-oi-sera-a-quarta-maior-do-sector-em-2013_178522.html,
consultado a 3/10/2013.
CRISÓSTOMO, Pedro, Défice
ficou em 7,1% no primeiro semestre, Jornal
Público, publicado a 30/09/2013, in http://www.publico.pt/economia/noticia/defice-orcamental-portugues-atinge-71-no-final-do-primeiro-semestre-1607572,
consultado a 1/10/2013.
Juros da dívida sobem mas mantêm-se abaixo
dos 7% a dez anos, Jornal Público, publicado a 30/09/2013, http://www.publico.pt/economia/noticia/juros-da-divida-sobem-mas-mantemse-abaixo-dos-7-a-dez-anos-1607560,
consultado a 1/10/2013.
Governo junta-se a Bruxelas e nega
"negociações" para segundo resgate a Portugal, Jornal Público,
publicado a 28/09/2013, in http://www.publico.pt/economia/noticia/governo-juntase-a-bruxelas-e-nega-negociacoes-para-segundo-resgate-a-portugal-1607397,
consultado a 28/09/2013.
Juros da dívida portuguesa baixam mas não
descolam da barreira dos 7%, Jornal Público, publicado a 27/09/2013,
in http://www.publico.pt/economia/noticia/juros-da-divida-portuguesa-baixam-mas-nao-descolam-da-barreira-dos-7-1607272,
consultado a 28/09/2013.
PEIXOTO, Margarida, FMI avisa que pode ser
preciso flexibilizar mais os défices, Jornal
Económico, publicado a 26/09/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/fmi-avisa-que-pode-ser-preciso-flexibilizar-mais-os-defices_177971.html,
consultado a 27/09/2013.
PIRES, Luís, Atraso
nos fundos da troika ameaça tesouraria do Estado, Jornal Económico, publicado a 26/09/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/atraso-nos-fundos-da-troika-ameaca-tesouraria-do-estado_177966.html,
consultado a 27/09/2013.
PETROLINHO, Ana e GALRÃO
Márcia, Críticas ao Governo continuam a
marcar campanha, Jornal Económico,
publicado a 26/09/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/criticas-ao-governo-continuam-a-marcar-campanha_177962.html,
consultado a 27 de Setembro de 2013.
Patrícia
Paulino
Nº
de aluno: 212297
Ciência Política – 3º ano
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