quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Nova vaga de austeridade

O futuro dos portugueses mantém-se nas mãos dos credores internacionais. Novas medidas de austeridade assombram a vida de milhares

O Orçamento de Estado para 2014 corre o risco de novo chumbo no Tribunal Constitucional. O aumento da idade de reforma, o reforço de impostos e os cortes nas pensões e salários da função pública são algumas medidas que constam neste documento. Uma semana depois do primeiro-ministro ter respondido a 20 perguntas dos portugueses e de ter apelado à consciência das dificuldades vividas por milhares, este orçamento acaba por sair à rua com cruéis medidas de austeridade.

O aumento da idade da reforma para os 66 anos e a sua dependência com a evolução da esperança média de vida portuguesa é uma das medidas apresentadas pelo Governo. “Quem se reformar ao longo de 2014 terá de trabalhar “mais 12 meses para além dos 65 anos para compensar a redução do montante das pensões em resultado da aplicação do novo factor de sustentabilidade de 12%”, mostra o relatório que acompanha a proposta de Lei do OE para 2014.

De mãos dadas com estes sucessivos cortes está o aumento dos encargos com subsídios de desemprego para 1,2% enquanto as subvenções dos políticos ficam suspensas para quem tem outros rendimentos superiores a 2000 euros. Para além disso, no próximo ano, os trabalhadores do Estado e os pensionistas da Caixa Geral de Aposentações e da Segurança Social  vão continuar a receber o subsídio de Natal em duodécimos. Ao nível dos impostos, a nova realidade marca o aumento do preço dos combustíveis, dos encargos das empresas com carros de serviço até 35%, no sector energético e nas bebidas espirituosas. Já o IVA  no sector da restauração não sofrerá aumentos. 

Os cortes milionários no OE afectam também a Administração Interna, o Ensino e o Sistema Nacional de Saúde. Com contenção de despesa na ordem dos 300 milhões de euros e com aumento das taxas moderadoras, a saúde torna-se um dos sectores fundamentais mais comprometido. 3900 milhões é o novo valor a poupar para o próximo ano.

Hoje, em declarações políticas na Assembleia da República, Heloísa Apolónia dirige-se a Paulo Portas e afirma que o mesmo perdeu credibilidade quando disse que era irrevogável a sua demissão. A mesma falta de credibilidade junto dos membros do Governo vai igualmente para Vítor Gaspar ou Miguel Relvas. Acrescenta que “um governo sem palavra é, de facto, perante isso que estamos em Portugal. E, mais grave, um governo que prossegue num caminho que não dá resultado e que lapida a vida concreta dos portugueses”.¹

Para além disso, pede esclarecimentos sobre o Orçamento de Estado para 2014 e acusa o orçamento como "arrasador para o país, os portugueses e os seus autores”. O PSD e CDS, por sua vez, demonstram que são “absolutamente perigosos para o país, por via das inúmeras medidas medonhas que tem tomado desde que assumiu funções". Para a deputada portuguesa em representação do partido “Os Verdes”, as medidas do OE “vão levar ao alargamento da bolsa de pobreza em Portugal, pobreza que se está a tornar estrutural" e que estas não estão “viradas para o crescimento económico”.²

De seguida, acusa o Governo de fazer recair a maioria do esforço nos cidadãos concretos - mais de 85% - em detrimento do esforço que pede ao grande poder financeiro e económico, que não chega aos 5%.³
 
Apela ainda à participação na manifestação de 19 de Outubro marcada pela CGTP e à participação na greve de 8 de Novembro, convocada pela Frente Comum para que “o Governo perceba que não são fantoches os funcionários públicos, que são gente com vida, família e dignidade concretas: "É dignidade que este país reclama!"

E 2014 poderá não ser o último ano de austeridade.

Adriana Correia
Fontes:

Sic Notícias, TVI24, RTP1

 

² https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=afM8ZhurNTI







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