quinta-feira, 17 de outubro de 2013


PSD

Passos Coelho e o governo

        

A passada semana ficou inevitavelmente marcada pela entrevista do primeiro-ministro, seja pelo formato inovador da mesma seja pelas respostas dadas por Pedro Passos Coelho. Esta entrevista tratou-se da estreia do programa da RTP “O País Pergunta”, consistindo na oportunidade de vinte cidadãos seleccionados colocarem questões ao chefe do governo sobre matérias concretas da actualidade política nacional. Neste formato nunca antes visto em Portugal, parece pertinente frisar, transcrevendo, pelo menos três ideias importantes deixadas pelo primeiro-ministro:

1º.         “Quem está a suportar o peso todo desta crise é justamente a classe média e aqueles que têm maiores rendimentos. O que eu espero, com honestidade, é que até ao final do primeiro semestre do próximo ano este período de emergência que estamos a viver possa ser encerrado e nós possamos retornar a um caminho de crescimento que seja melhor do que aquele que tivemos nos passado” (defendendo que o governo tem resguardado os cidadãos com menores rendimentos e voltando a apontar uma nova data para o fim da crise bem como para o consequente início da recuperação económica)

2º.         “Estão praticamente concluídas as negociações que permitirão que neste orçamento – no orçamento rectificativo que será apresentado ainda para este ano – que ainda sejam introduzidas essas novas condições condições de competitividade fiscal” (anunciando um segundo orçamento rectificativo para o ano de 2013 em resposta a uma pergunta em torno do Centro Internacional de Negócios da Madeira)

3º.         “Não é fácil a um Governo conduzir as políticas que este teve de conduzir e enfrentar a contestação que nós enfrentámos, mas o que posso dizer é que desde o início senti um peso da responsabilidade muito grande que é este: se eu falhar a minha missão, é o país inteiro que falha” (reiterando confiança no trabalho do seu governo, mesmo depois da crise política decorrente das demissões de Vitor Gaspar e Paulo Portas)

Na sequência desta entrevista, o PSD veio de pronto enaltecer a postura demonstrada por Pedro Passos Coelho na resposta a todas as perguntas colocadas. Coube à deputada social-democrata Francisca Almeida esse papel, realçando que “foram perguntadas questões que cobriram as várias áreas de governação, perguntas muito concretas e específicas. O primeiro-ministro manifestou um conhecimento e domínio muito grande de todos os dossiês da governação”. Para além disso, é convicção do partido que o líder do governo demonstrou uma “preocupação muito particular com questões sociais” e, também, com o objectivo do executivo em “viabilizar Portugal enquanto país”, comprovando que Passos Coelho foi “frontal, directo e sério”.

Efectivamente esta é a posição geral assumida pelo PSD quanto ao desempenho do governo, isto é, um apoio constante às medidas implementadas pelo mesmo ou não fosse este um governo suportado pela maioria parlamentar PSD/CDS. Dois exemplos disso foram as recentes declarações do deputado Paulo Batista Santos e da deputada Teresa Leal Coelho: numa declaração política no plenário da Assembleia da República, Paulo Batista Santos rejeitou aquilo que apelidou de falácia sobre a acusação de que o governo apenas se preocupa com metas financeiras que o próprio estabelece e acaba, invariavelmente, por falhar, preferindo realçar que “Portugal está definitivamente a mudar de vida, a recuperar a sua credibilidade externa e como ainda esta semana várias entidades e fundos de investimentos internacionais o confirmaram, a economia portuguesa regista sinais claros de recuperação”; no que a Teresa Leal Coelho diz respeito, a vice-presidente da bancada social democrata veio a público “defender” o primeiro-ministro quanto a uma possivel pretensão do seu governo em cortar as subvenções vitalícias dos políticos, relembrando que Passos Coelho “foi dos poucos políticos que renunciou à subvenção vitalícia. É talvez um dos poucos políticos que tem legitimidade para propor esta medida”.

Não restando qualquer tipo de dúvidas no que toca ao apoio incondicional do PSD ao governo liderado por Passos Coelho, ainda assim, a verdade é que várias são as vozes de contestação que se levantam dentro do partido. Alguns notáveis do partido como Manuel Ferreira Leite, Ângelo Correia ou Luís Marques Mendes vieram recentemente criticar o governo, situação que se vem repetindo com frequência. Ferreira Leite explicou que “é opinião unânime que o êxito das mudanças necessárias num processo desta natureza assenta na compreensão da sua necessidade, na estratégia para a sua concretização, na clareza dos meios utilizados, na definição inequívoca dos seus objectivos e na percepção dos seus resultados. Só assim serão aceites pelos cidadãos que se sentirão envolvidos e empolgados para o processo de mudança”, acrescentando de seguida que não encontra no governo essa preocupação “nem nas decisões mais gravosas que têm sido tomadas”. Terminou esta linha de ideias afirmando que “não percebo a estratégia e muito menos o que se espera encontrar no fim de ela ser aplicada”.

Já Ângelo Correia insurgiu-se depois de conhecida a possibilidade de o governo avançar com o corte das pensões vitalícias dos políticos, considerando que “cortar tudo é demagogia completa. Há pessoas que não têm outros meios de subsistência. Conheço vários casos”. Por fim, Marques Mendes, quando colocada a questão dos cortes nas pensões de sobrevivência, defendeu que o governo voltou a perder a coordenação. No seu entender, “parece um governo de adolescentes, de gente imatura. Isto é mau porque sempre que a economia melhora, a política piora”, existindo muito ruído à volta que é mau para a economia porque não deixa passar nem uma mensagem nem um ambiente de confiança.

 

Rúben Guerreiro

17 / 10 / 2013

 

Fontes:

 

·         09-10-2013 + http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/10/09/passos-coelho-espera-que-o-periodo-de-emergencia-termine-ate-junho-de-2014, consultado dia 11-10-2013 às 17 horas.

 

·         09-10-2013 + http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661171, consultado dia 12-10-2013 às 10 horas.

 

·         10-10-2013 + http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=125141, consultado dia 12-10-2013 às 16 horas.

 

·         10-10-2013 + http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661219, consultado dia 13-10-2013 às 11 horas.

 

·         09-10-2013 + http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661121, consultado dia 13-10-2013 às 18 horas.

 

·         10-10-2013 + http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661349, consultado dia 14-10-2013 às 22 horas.

 

·         10-10-2013 + http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=87684, consultado dia 15-10-2013 às 9 horas.

 

·         11-10-2013 + http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=87780, consultado dia 15-10-2013 às 22 horas.

 

·         12-10-2013 + http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=125506, consultado dia 16-10-2013 às 19 horas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.