PSD
Passos
Coelho e o governo
A passada semana ficou
inevitavelmente marcada pela entrevista do primeiro-ministro, seja pelo formato
inovador da mesma seja pelas respostas dadas por Pedro Passos Coelho. Esta
entrevista tratou-se da estreia do programa da RTP “O País Pergunta”,
consistindo na oportunidade de vinte cidadãos seleccionados colocarem questões
ao chefe do governo sobre matérias concretas da actualidade política nacional.
Neste formato nunca antes visto em Portugal, parece pertinente frisar,
transcrevendo, pelo menos três ideias importantes deixadas pelo primeiro-ministro:
1º.
“Quem
está a suportar o peso todo desta crise é justamente a classe média e aqueles
que têm maiores rendimentos. O que eu espero, com honestidade, é que até ao
final do primeiro semestre do próximo ano este período de emergência que
estamos a viver possa ser encerrado e nós possamos retornar a um caminho de
crescimento que seja melhor do que aquele que tivemos nos passado” (defendendo
que o governo tem resguardado os cidadãos com menores rendimentos e voltando a
apontar uma nova data para o fim da crise bem como para o consequente início da
recuperação económica)
2º.
“Estão
praticamente concluídas as negociações que permitirão que neste orçamento – no
orçamento rectificativo que será apresentado ainda para este ano – que ainda
sejam introduzidas essas novas condições condições de competitividade fiscal”
(anunciando um segundo orçamento rectificativo para o ano de 2013 em resposta a
uma pergunta em torno do Centro Internacional de Negócios da Madeira)
3º.
“Não
é fácil a um Governo conduzir as políticas que este teve de conduzir e
enfrentar a contestação que nós enfrentámos, mas o que posso dizer é que desde
o início senti um peso da responsabilidade muito grande que é este: se eu
falhar a minha missão, é o país inteiro que falha” (reiterando confiança no
trabalho do seu governo, mesmo depois da crise política decorrente das
demissões de Vitor Gaspar e Paulo Portas)
Na sequência desta entrevista, o
PSD veio de pronto enaltecer a postura demonstrada por Pedro Passos Coelho na
resposta a todas as perguntas colocadas. Coube à deputada social-democrata
Francisca Almeida esse papel, realçando que “foram perguntadas questões que
cobriram as várias áreas de governação, perguntas muito concretas e
específicas. O primeiro-ministro manifestou um conhecimento e domínio muito
grande de todos os dossiês da governação”. Para além disso, é convicção do
partido que o líder do governo demonstrou uma “preocupação muito particular com
questões sociais” e, também, com o objectivo do executivo em “viabilizar
Portugal enquanto país”, comprovando que Passos Coelho foi “frontal, directo e
sério”.
Efectivamente esta é a posição
geral assumida pelo PSD quanto ao desempenho do governo, isto é, um apoio
constante às medidas implementadas pelo mesmo ou não fosse este um governo
suportado pela maioria parlamentar PSD/CDS. Dois exemplos disso foram as
recentes declarações do deputado Paulo Batista Santos e da deputada Teresa Leal
Coelho: numa declaração política no plenário da Assembleia da República, Paulo
Batista Santos rejeitou aquilo que apelidou de falácia sobre a acusação de que
o governo apenas se preocupa com metas financeiras que o próprio estabelece e
acaba, invariavelmente, por falhar, preferindo realçar que “Portugal está
definitivamente a mudar de vida, a recuperar a sua credibilidade externa e como
ainda esta semana várias entidades e fundos de investimentos internacionais o
confirmaram, a economia portuguesa regista sinais claros de recuperação”; no
que a Teresa Leal Coelho diz respeito, a vice-presidente da bancada social democrata
veio a público “defender” o primeiro-ministro quanto a uma possivel pretensão
do seu governo em cortar as subvenções vitalícias dos políticos, relembrando
que Passos Coelho “foi dos poucos políticos que renunciou à subvenção
vitalícia. É talvez um dos poucos políticos que tem legitimidade para propor
esta medida”.
Não restando qualquer tipo de
dúvidas no que toca ao apoio incondicional do PSD ao governo liderado por
Passos Coelho, ainda assim, a verdade é que várias são as vozes de contestação
que se levantam dentro do partido. Alguns notáveis do partido como Manuel
Ferreira Leite, Ângelo Correia ou Luís Marques Mendes vieram recentemente
criticar o governo, situação que se vem repetindo com frequência. Ferreira
Leite explicou que “é opinião unânime que o êxito das mudanças necessárias num
processo desta natureza assenta na compreensão da sua necessidade, na
estratégia para a sua concretização, na clareza dos meios utilizados, na
definição inequívoca dos seus objectivos e na percepção dos seus resultados. Só
assim serão aceites pelos cidadãos que se sentirão envolvidos e empolgados para
o processo de mudança”, acrescentando de seguida que não encontra no governo
essa preocupação “nem nas decisões mais gravosas que têm sido tomadas”.
Terminou esta linha de ideias afirmando que “não percebo a estratégia e muito
menos o que se espera encontrar no fim de ela ser aplicada”.
Já Ângelo Correia insurgiu-se
depois de conhecida a possibilidade de o governo avançar com o corte das
pensões vitalícias dos políticos, considerando que “cortar tudo é demagogia
completa. Há pessoas que não têm outros meios de subsistência. Conheço vários
casos”. Por fim, Marques Mendes, quando colocada a questão dos cortes nas
pensões de sobrevivência, defendeu que o governo voltou a perder a coordenação.
No seu entender, “parece um governo de adolescentes, de gente imatura. Isto é
mau porque sempre que a economia melhora, a política piora”, existindo muito
ruído à volta que é mau para a economia porque não deixa passar nem uma mensagem
nem um ambiente de confiança.
Rúben Guerreiro
17 / 10 / 2013
Fontes:
·
09-10-2013
+ http://sicnoticias.sapo.pt/economia/2013/10/09/passos-coelho-espera-que-o-periodo-de-emergencia-termine-ate-junho-de-2014,
consultado dia 11-10-2013 às 17 horas.
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09-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661171, consultado dia
12-10-2013 às 10 horas.
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10-10-2013
+ http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=27&did=125141, consultado
dia 12-10-2013 às 16 horas.
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10-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661219, consultado dia
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09-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661121, consultado dia 13-10-2013
às 18 horas.
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10-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=661349, consultado dia
14-10-2013 às 22 horas.
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10-10-2013
+ http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=87684, consultado
dia 15-10-2013 às 9 horas.
·
11-10-2013
+ http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=87780, consultado
dia 15-10-2013 às 22 horas.
·
12-10-2013
+ http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=1&did=125506, consultado
dia 16-10-2013 às 19 horas.
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