quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Neonazismo: O caso grego



As crises do capitalismo provocam graves problemas sociais e económicos na vida das classes populares e de todas as outras camadas da sociedade que de uma forma ou de outra dependem do grande capital. Milhares de pessoas são confrontadas com o desemprego, com a pobreza e com a exclusão social.
Estas situações de crise têm sido ao longo da história aproveitadas por organizações políticas de extrema-direita  para fazer avançar uma agenda ideológica de cariz racista e fascista.  Na Grécia tem-se vindo a assistir à emergência de uma organização neonazi e extremamente violenta de nome”Aurora Dourada” que tem as suas origens em 1980 quando  Nikolaos Michaloliakos e um grupo de apoiantes inicia a publicação de uma revista com o nome ” Chrysi Avgi” que quer dizer Aurora Dourada em grego. Eventualmente esta revista irá dar origem a um partido político formal que é reconhecido em 1993 e a partir daí desenvolve uma actividade política contra os imigrantes e organizações de esquerda recorrendo por vezes ao ataque físico, em 2005 o partido interrompe as suas actividades e voltará em 2007 após um congresso.
A história mais recente do “Aurora Dourada” é claramente impulsionada pela crise que afecta a Grécia e pelas duras medidas de austeridade que têm vindo progressivamente a empobrecer a população residente naquele país.  O assassinato do “rapper” Pavlos Fyssas ,por parte de um militante do partido, chamou a atenção tanto das autoridades gregas como da própria sociedade para a actividade criminosa desenvolvida por esta organização, actividade essa que tem particularmente sentida por imigrantes e por militantes de esquerda pois são frequentemente alvo de agressão física.  Na sequência do assassinato de Pavlos Fyssas, militante de esquerda e antifascista, “o líder do partido neonazi grego Aurora Dourada, Nikolaos Michaloliakos, foi detido pela polícia pelo envolvimento na morte do cantor de hip-hop”. Ao líder da extrema-direita grega juntaram-se  pelo menos mais dez militantes desse partido.[1]  Entretanto alguns militantes já foram libertados e o partido afirma estar a ser alvo de perseguição ” “Não é possível acusar ideias!”, reagia ainda o partido no seu site, depois de o Governo ter apresentado ao Parlamento uma lei pretendendo penalizar o discurso racista” [2]
A tentativa de condicionar a actividade violenta e racista deste partido recorrendo ás autoridades gregas poderá, a meu ver, não ser suficiente para travar o problema. Creio que aqueles que são atingidos tanto pela austeridade como pelo fascismo do ”Aurora Dourada” deverão encontrar formas de isolar e desmascarar esta organização que tem uma longa história de violência política e racial.


Rui Campos nº211648


Fonte

Jornal: Público

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