quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Matéria económica e financeira de 11 de Outubro a 16 de Outubro

Começo por evocar Henrique Monteiro, do Expresso, que no dia 14 de Outubro escreveu sobre o Orçamento de Estado 2014 (OE) dizendo que o país não vai longe ao cortar nas pensões e nos salários, e que se trata, basicamente, de tudo o que os anteriores governos fizeram. Já no dia 15 de Outubro, o mesmo autor, afirma que se só se falam nos cortes nas pensões e na função pública, mas não estão em cima da mesa os cortes estruturais, que tão necessários eram. Pergunta-se se o Estado vai ficar nesta situação de pagar pouco aos trabalhadores para sempre, e se não seria melhor ter menos trabalhadores, mas mais competentes, e menos serviços, mas melhor estruturados. Afirma ainda que falta ânimo ao Governo para fazer a tal reforma estrutural de que há tanto tempo se fala. Acaba ainda com dados reveladores, relembrando que os cortes terão de ser de 2.4 mil milhões de euros, e somente 4% desse dinheiro virá dos cortes nas pensões acima de 2000 euros.

Já Daniel Oliveira, também do Expresso, e apesar de ser um comentador político, fala muitas vezes dos aspectos económicos, revela também a sua opinião aguerrida sobre os cortes nas pensões. Tal como Henrique Monteiro aguardava expectante a tal reforma estadual quando Paulo Portas fez um comunicado durante esta semana, no entanto essa reforma ainda não chegou, ao invés veio só queixar-se do mal-entendido que tinha existido na semana passada, quando se pensava que as pensões de sobrevivência e dos viúvos iam sofrer cortes. O cronista não percebe como é que se vão conseguir extrair dos cortes nas pensões 100 mil milhões de euros, quando feitas as contas existem 25 mil reformados, e o corte anual será de 4 mil euros. Crê que esta mudança da natureza das pensões irá afectar (ainda mais) a confiança na Segurança Social e no sistema, pois esmiuçando os acontecimentos num sentido prático, a carreira contributiva de um indivíduo deixa de se reflectir naquilo que irá receber na sua reforma. Sobre o IRC, o autor afirma que esta redução do imposto sobre as empresas (as grandes empresas sobretudo) fará perder ao estado mais do que se irá ganhar com os cortes nas pensões dos viúvos. A crónica acaba com uma frase que é elucidativa daquilo que se passa em Portugal, e que é a opinião do autor: “Por cada euro que se poupa, o PIB perde um euro e vinte cêntimos”. (texto completo pode ser lido aqui)

Henrique Raposo, também do Expresso, no dia 14 de Outubro optou por falar nos cortes nos funcionários públicos. O autor considera que o que se está a fazer, de reduzir os salários, seria muito mais moral caso os 10% de funcionários excedentários fossem dispensados, afirmando que “Em nome da diabolização do despedimento individual promove-se a degradação colectiva”. No entanto, tal medida foi impedida pelo Tribunal Constitucional, mas o autor acha que o Governo nunca teve muita vontade de fazer uma real reforma estadual. Defende a reorganização do mapa municipal, como uma medida que iria trazer benefícios ao país, dado que o nosso mapa municipal é o mesmo desde o século XIX. Henrique Raposo julga que o Governo só não avançou com esta medida, pois apostava que “os juízes mais reaccionários do hemisfério norte bloqueariam a redução com a invocação da “democracia local””. No dia 15 de Outubro, o mesmo autor fala sobre a demografia portuguesa e o seu impacto na manutenção do Estado Social. Afirma que Portugal perdeu a capacidade demográfica, de forma a sustentar o sistema de pensões. Avança com dados do Pordata, dizendo que o rácio população activa/população reformada é de 1,5 para 1, e o índice ainda piora quando se analisa a população efectivamente empregada e a descontar, em que o rácio é de 1,2 para 1, posto isto, o autor defende “os cortes são uma necessidade absoluta”.

Quanto ao Jornal de Negócios, Camilo Lourenço, falou também dos cortes nas pensões, afirmando que os mesmos vão sempre sofrer críticas, seja porque era penalizador cortas nas pensões mais baixas, seja porque é imoral cortar num subsídio para o qual os trabalhadores trabalharam a vida inteira, e que merecem. Já Pedro Santos Guerreiro, evoca que o Governo anunciou um novo ciclo económico para o país, mas quando se abre o novo OE, os portugueses “vão sentir-se como Álvaro de Campos na “Tabacaria””, ou seja, a austeridade é igual à anterior, ou ainda pior.

O mesmo autor, no dia de hoje, defende que um OE que corte na despesa efectivamente veio tarde, e isso tornou-o imoral, transformando-se num cúmulo da austeridade. Ainda sobre o OE, Henrique Monteiro afirma que se fez um OE “à moda do povo”, e Nicolau Santos (Expresso) diz que o OE “é uma peça de ficção”, devido ao seu optimismo acerca do cenário macroeconómico português”. Em geral, as opiniões sobre o OE 2014 mostram-se negativas, seja no Expresso, seja no Jornal de Negócios. Resta-nos esperar por melhores dias.

Fontes:
Susana Amador



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