Começo por evocar Henrique Monteiro, do Expresso, que no dia
14 de Outubro escreveu sobre o Orçamento de Estado 2014 (OE) dizendo que o país
não vai longe ao cortar nas pensões e nos salários, e que se trata, basicamente,
de tudo o que os anteriores governos fizeram. Já no dia 15 de Outubro, o mesmo
autor, afirma que se só se falam nos cortes nas pensões e na função pública,
mas não estão em cima da mesa os cortes estruturais, que tão necessários eram.
Pergunta-se se o Estado vai ficar nesta situação de pagar pouco aos
trabalhadores para sempre, e se não seria melhor ter menos trabalhadores, mas
mais competentes, e menos serviços, mas melhor estruturados. Afirma ainda que
falta ânimo ao Governo para fazer a tal reforma estrutural de que há tanto
tempo se fala. Acaba ainda com dados reveladores, relembrando que os cortes
terão de ser de 2.4 mil milhões de euros, e somente 4% desse dinheiro virá dos
cortes nas pensões acima de 2000 euros.
Já Daniel Oliveira, também do Expresso, e apesar de ser um comentador
político, fala muitas vezes dos aspectos económicos, revela também a sua
opinião aguerrida sobre os cortes nas pensões. Tal como Henrique Monteiro
aguardava expectante a tal reforma estadual quando Paulo Portas fez um
comunicado durante esta semana, no entanto essa reforma ainda não chegou, ao
invés veio só queixar-se do mal-entendido que tinha existido na semana passada,
quando se pensava que as pensões de sobrevivência e dos viúvos iam sofrer
cortes. O cronista não percebe como é que se vão conseguir extrair dos cortes
nas pensões 100 mil milhões de euros, quando feitas as contas existem 25 mil reformados,
e o corte anual será de 4 mil euros. Crê que esta mudança da natureza das
pensões irá afectar (ainda mais) a confiança na Segurança Social e no sistema,
pois esmiuçando os acontecimentos num sentido prático, a carreira contributiva
de um indivíduo deixa de se reflectir naquilo que irá receber na sua reforma.
Sobre o IRC, o autor afirma que esta redução do imposto sobre as empresas (as
grandes empresas sobretudo) fará perder ao estado mais do que se irá ganhar com
os cortes nas pensões dos viúvos. A crónica acaba com uma frase que é
elucidativa daquilo que se passa em Portugal, e que é a opinião do autor: “Por
cada euro que se poupa, o PIB perde um euro e vinte cêntimos”. (texto completo
pode ser lido aqui)
Henrique Raposo, também do Expresso, no dia 14 de Outubro
optou por falar nos cortes nos funcionários públicos. O autor considera que o
que se está a fazer, de reduzir os salários, seria muito mais moral caso os 10%
de funcionários excedentários fossem dispensados, afirmando que “Em nome da
diabolização do despedimento individual promove-se a degradação colectiva”. No
entanto, tal medida foi impedida pelo Tribunal Constitucional, mas o autor acha
que o Governo nunca teve muita vontade de fazer uma real reforma estadual.
Defende a reorganização do mapa municipal, como uma medida que iria trazer
benefícios ao país, dado que o nosso mapa municipal é o mesmo desde o século
XIX. Henrique Raposo julga que o Governo só não avançou com esta medida, pois
apostava que “os juízes mais reaccionários do hemisfério norte bloqueariam a
redução com a invocação da “democracia local””. No dia 15 de Outubro, o mesmo
autor fala sobre a demografia portuguesa e o seu impacto na manutenção do
Estado Social. Afirma que Portugal perdeu a capacidade demográfica, de forma a
sustentar o sistema de pensões. Avança com dados do Pordata, dizendo que o
rácio população activa/população reformada é de 1,5 para 1, e o índice ainda
piora quando se analisa a população efectivamente empregada e a descontar, em
que o rácio é de 1,2 para 1, posto isto, o autor defende “os cortes são uma
necessidade absoluta”.
Quanto ao Jornal de Negócios, Camilo Lourenço, falou também
dos cortes nas pensões, afirmando que os mesmos vão sempre sofrer críticas,
seja porque era penalizador cortas nas pensões mais baixas, seja porque é
imoral cortar num subsídio para o qual os trabalhadores trabalharam a vida
inteira, e que merecem. Já Pedro Santos Guerreiro, evoca que o Governo anunciou
um novo ciclo económico para o país, mas quando se abre o novo OE, os
portugueses “vão sentir-se como Álvaro de Campos na “Tabacaria””, ou seja, a
austeridade é igual à anterior, ou ainda pior.
O mesmo autor, no dia de hoje, defende que um OE que corte
na despesa efectivamente veio tarde, e isso tornou-o imoral, transformando-se
num cúmulo da austeridade. Ainda sobre o OE, Henrique Monteiro afirma que se
fez um OE “à moda do povo”, e Nicolau Santos (Expresso) diz que o OE “é uma
peça de ficção”, devido ao seu optimismo acerca do cenário macroeconómico
português”. Em geral, as opiniões sobre o OE 2014 mostram-se negativas, seja no
Expresso, seja no Jornal de Negócios. Resta-nos esperar por melhores dias.
Fontes:
Susana Amador
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