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da esquerda para a direita: Duarte Marques, prof. José Adelino Maltez, Vítor Dias e Pedro Delgado Alves. |
No passado dia 24 de Outubro,
Quinta-feira, realizou-se na aula de Laboratório (análise de política interna)
um debate acerca da reforma dos sistemas eleitorais, alargando também o diálogo
à abstenção. Constou com representantes dos 3 maiores partidos nacionais, o
Partido Social Democrata (representado por Duarte Marques), o Partido
Socialista (representado por Pedro Delgado Alves) e o Partido Comunista
Português (representado por Vítor Dias). Vítor Dias (funcionário do PCP desde
Abril de 1976, membro do seu Comité Central entre 1979 e 2008 e membro da sua
Comissão Política entre 1991 e 2005) falou sobre os estudos e sondagens em
Portugal, acusando que sejam feitos apenas com o objetivo de gerar lucro e
vender jornais. Comparando com o caso Francês, diagnostica um maior
profissionalismo nas sondagens Francesas com um maior estudo demográfico e que
permite um estudo político e sociológico muito mais fiável e científico. A
questão da possibilidade de realização de eleições primárias para os partidos
políticos abertas a toda a população como no caso norte-americano levará a uma
maior obrigação moral do cidadão no debate político, mas poderá levar a uma
maior desconfiança e a uma crise do sistema político. Vítor Dias fala também
acerca do Sistema d’Hondt, (escolhido e utilizado em Portugal desde 1976) que sacrifica
a proporcionalidade da total representatividade em nome da governabilidade.
Vítor Dias ainda referiu o rico património de eleições da Comissão Nacional de
Eleições. Ainda falando na atualidade do panorama político português, Vítor
Dias refere que a crise politizou uma grande parte da sociedade, sendo que
existe um grande desinteresse pela política pela grande parte dos cidadãos
portugueses. Fala-nos ainda da questão americana, admitindo que, apesar das
duras críticas feitas ao seu sistema, os E.U.A. acabam por ser o país mais
associativo do mundo, que, mesmo apesar de formar cidadãos mais bem informados,
não conseguem ter força significativa sobre o sistema político.
Pedro Delgado Alves falou-nos
acerca da escolha do método d’Hondt e na sua relação não conflitual com os
portugueses, pois em Portugal, desde 1974 nunca foram contestadas eleições,
sendo que a lei eleitoral portuguesa nunca padeceu de ameaças de fraude. O
ex-presidente da JS e atual Presidente da Junta de Freguesia do Lumiar refere
que, na ressaca das eleições autárquicas, podemos traduzir tanto os níveis de
abstenção como os votos nulos e brancos como atos de descontentamento e (apesar
de tudo) participação, respetivamente. Com os casos de listas independentes de
partidos, Pedro Delgado Alves refere que o debate deveria também ser feito
sobre o funcionamento dos partidos e não só sobre o sistema eleitoral. Referiu
ainda o caso da maior abertura dentro do PS para a seleção de candidatos (que
teve mais problemas). Defende que o sistema eleitoral não é a origem dos
problemas, mas sim pela sua minimização em Portugal. Defende a ideia de que se
deveriam fazer pequenas alterações devido à questão da proporcionalidade e não
se deveriam cortar no número de deputados independentes na AR, apesar de se
terem de criar listas e programas eleitorais por essas mesmas listas independentes,
o que poderia ser uma maior garantia de democracia, apesar dessas mesmas listas
terem o trabalho dificultado em relação aos partidos, já mais preparados para
este tipo de eleições, e com uma muito maior representatividade a nível
nacional. Pedro Delgado Alves refere ainda que os vícios não estão na política
por si, mas estão onde estiverem as pessoas.
Duarte Marques defende que o PS e
o PCP foram os grandes vitoriosos nas últimas autárquicas e que o PSD foi
derrotado por culpa própria, devido a ter tomado uma má estratégia eleitoral,
referindo condicionantes como a fusão de freguesias, a grande redução de
outdoors apelativos nas ruas, a própria lei da limitação dos mandatos e a
redução das subvenções, assim como menos cobertura mediática por parte dos
meios de comunicação social. O antigo presidente da JSD referiu alguns estudos
de opinião feitos pelo PSD tanto nos meios rurais como urbanos, sendo que as
preocupações principais antes das eleições eram o desemprego, a crise social e o
parco crescimento das empresas. Pouco antes das eleições autárquicas eram o
lixo, as condições das estradas, a redução de número de postos dos ctt e a
extensão dos centros de saúde, etc. Em relação a uma possível abertura das
eleições primárias dos partidos políticos a toda a sociedade civil, Duarte
Marques refere que seria necessária uma mudança de mentalidades na política e nas
pessoas que fazem a política e defende a existência de estudos de opinião para
obter uma melhor opinião da sociedade civil, mesmo não se podendo governar em
nome disso, e defende o voto obrigatório. Apesar do pouco mediatismo que o PSD
teve nestas autárquicas, defende que a agenda-setting das figuras partidárias
nos comentários políticos (tema lançado pelo prof. José Adelino Maltez)
favorece claramente o PSD, prejudicando o PCP.
Os temas lançados pelos alunos
foram a posição do PCP em relação a uma abertura das primárias à população
geral (Luís Dias); o caso de os Jeovás não votarem por opção religiosa (Mariana
Franco) e a questão da “caça às bruxas no PSD” (Ruben Guerreiro).
Todos os alunos desta Unidade
Curricular agradecem a presença e disponibilidade dos convidados.
José Salvador
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