segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Os Comentadores do PSD e o Orçamento de Estado

A partir do dia em que ficaram conhecidas as novas medidas, inclusas no Orçamento de Estado de 2014, que este tornou-se polémico devido aos cortes que irão afetar, em grande parte, os pensionistas e os funcionários públicos. A realidade é que estas medidas serão necessárias, segundo o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que explica a existência de “um desequilíbrio entre o que o Estado recebe de descontos e o que paga pelas pensões de sobrevivência”[1]. Como tal, será necessário reequilibrar equitativamente os valores dos descontos com o valor das pensões. Apesar disso, acredita-se que existem mais medidas (cortes na despesa) ainda não anunciadas, como referido por Miguel Sousa Tavares[2]. Por outro lado, Manuela Ferreira Leite critica estes cortes dizendo que não duvida que “eventualmente, isto vai atingir todos os reformados e não apenas os da função pública. Portanto, nessa altura, as pessoas percebam que não deveríamos ter pensado e aceite uma medida desta natureza relativamente a um grupo de pessoas … lamento muito que exista um Partido Social Democrata e haja um Partido Democrata Cristão que subscrevam uma situação desta natureza”[3].

 Apesar das medidas serem, na sua maioria, justas e necessárias não se verifica uma reforma do Estado, como é necessário, pois o governo vai tapando buracos à medida que que os descobre, não há um plano global, ou seja, não há uma reforma do Estado. Este é um problema que se tem levantado várias vezes e que exige uma atuação rápida. Mas até a data o Governo tem-se limitado a fazer pequenas reformas como foi o caso do IRC, não se verificando uma verdadeira e global reforma. Este é um problema que une a opinião de todos os comentadores, em geral.

O Orçamento de Estado gera um outro novo problema, a aprovação e reprovação pelo Tribunal Constitucional. Vejamos, então, o caso dos cortes na função pública, pois existem alguns requisitos necessários para a sua aprovação, sendo eles, segundo o Professor Marcelo Rebelo de Sousa[4]:
1.      Tem de ser uma medida temporária pois, se forem cortes definitivos, não passará no Tribunal Constitucional.
2.       Terá de ter um patamar que não seja chocante mais baixo do que aquele que foi considerado mínimo pelo Tribunal Constitucional.
3.       Tem de ter um carácter progressivo, como tinha a lei de Sócrates.

O possível chumbo pelo Tribunal Constitucional “em vésperas da votação final global do Orçamento, irá originar uma crise política”[5]. A dificuldade de arranjar uma solução alternativa nestes moldes poderá provocar o risco de não se fechar o Orçamento a tempo o que significa uma possível queda do Governo.


                                                                                                          João Martins



[1] Comentário de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no dia 13 de Outubro de 2013 inhttp://www.tvi.iol.pt/videos/13978722 consultado no dia 15 de Outubro de 2013 pelas 21h40m
[2] Comentário de Miguel Sousa Tavares na SIC no dia 14 de Outubro de 2013 in http://sicnoticias.sapo.pt/programas/miguelsousatavares/2013/10/14/os-comentarios-de-miguel-sousa-tavares consultado no dia 16 de Outubro de 2013
[3] Comentário de Manuela Ferreira Leite na TVI24 no dia 13 de Outubro de 2013 in http://www.tvi24.iol.pt/opiniao/ManuelaFerreiraLeite-%C2%ABUmgovernocomunistanaotemumadecisaomuitodiferentedestaemrelacaoaosreformados%C2%BB/1489278-5339.html consultado no dia 16 de Outubro de 2013 pelas 22h14
[4] Comentário de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no dia 13 de Outubro de 2013 inhttp://www.tvi.iol.pt/videos/13978722 consultado no dia 15 de Outubro de 2013 pelas 21h40m
[5] Idem

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