Bloco de Esquerda:
Análise da proposta do Orçamento do Estado (2013/2014)
A ministra das finanças
classificou a proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano com «exigente,
mas equilibrada; dura mas equitativa». «Exigente» e «dura», sempre para os
mesmos, para os funcionários públicos e pensionistas. De «equitativa» esta proposta
não tem nada, visto que, a grande maioria dos cortes (82%) que o Governo
pretende fazer vão recair sobre os funcionários públicos, pensionistas, a
Educação e a Saúde. Já os monopólios da energia e a banca apenas suportam 4%
dos cortes que o Governo deseja fazer. Estes são (muito resumidamente), os
objectivos do Executivo para o próximo não. Onde está a equidade? Esta questão
deixaria Passos Coelho e Companhia sem resposta mas, a pior que teriam de
enfrentar seria: «quais as alternativas à política de austeridade que
apresenta?», caso o Tribunal Constitucional não concorde com o que está a ser
feito. Afinal «não há um plano B» (isto dito por Maria Luís Albuquerque).
É Claro que não existe um «Plano
B» para o Governo, visto que, «(…) mentiu novamente e segue por um caminho que
se provou que não tem saída, quando apresenta ao país um défice para 2013 que
prova que a austeridade não compensa" (Palavras de Pedro Filipe Soares),
dada a derrapagem do défice de 2013 para 5,9 valor superior ao que tinha sido
acordado com a Troika (5,5%).
Mas o Governo não mente apenas
relativamente ao défice. Mente também quanto aos seus objectivos e as suas
preocupações. Isto porque se de facto quisesse crescimento económico e se
preocupasse com o bem-estar das pessoas, se facto pretendesse um Orçamento
«equitativo» não reduzia salários, pensões ou o abono de família e não
aumentava a idade da reforma. Se de facto fosse verdade que, o Governo
estivesse preocupado com o aumento de emprego e investimento não subia o IVA da
restauração e não baixava o IRC.
Não temos apenas um Governo
especialista em mentiras, temos também um Governo especialista em atribuição de
culpas. A Ministra das Finanças na apresentação da proposta do Orçamento do
Estado justificou (sem demora) que a culpa de a factura da divida cair sobre os
pensionistas e funcionários públicos se deve em grande parte aos investimentos
feitos pelo anterior Governo (PS), em estradas, tendo-se verificado em relação
a 2013 um « acréscimo dos encargos com as Parcerias Publico – Privadas. É certo
que estes encargos juntamente com os juros da dívida davam para pagar quatro
vezes os cortes de salários e pensões. Sucessivos erros que vão sendo cometidos
de Governo para Governo e a culpa é sempre do outro mas, quando se trata de
reparar esses erros, a responsabilidade cai sempre em cima dos mesmos!
É ao verificar austeridade e mais austeridade que o Bloco de Esquerda,
se assume como opositor a esta proposta de Orçamento de Estado e tudo fará para
que seja rejeitada, usando todos os instrumentos possíveis, quer junto do
Tribunal Constitucional, quer no Parlamento (e com o apoio do Partido
Socialista), quer nas ruas manifestando-se, demonstrando às pessoas que não
estão sozinhas no combate a este «brutal pacote de austeridade» a que estão
sujeitas.
Jéssica Caetano
Fontes:
Jornal de Negócios, 16 de Outubro de 2013
http://www.esquerda.net/
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