quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O que dizem os estudos...


Um estudo realizado por São José Almeida sobre a participação nos Movimentos Sociais e nos partidos, revela que a falta de confiança nos políticos é problema com maior expoente.
Os cidadãos têm a percepção de que os governos são pouco autónomos e orientam-se por interesses incapazes de sustentar algum tipo de credibilidade.
Este estudo demonstra que os portugueses sentem-se mais representados pelos movimentos sociais de protesto do que pelos partidos políticos. Deste modo, o Barómetro da Qualidade da Democracia apurou que num total de 100%, apenas 12% dos inquiridos afirmaram que «entre as "instituições e agentes individuais de representação política" existentes na sociedade portuguesa, aquela pela qual que se sentam melhor representados é os "movimentos sociais de protesto", enquanto outros 10% apontam os "partidos políticos", uma percentagem que é igualada pelos que apontam "os sindicatos". À frente deste indicativo de representatividade surge o Presidente da República, com 22% de preferências. E em último os autarcas, com apenas 3%, atrás até da Igreja, com 7% de escolhas.»
Já António Costa Pinto, outro autor do estudo, argumenta que a participação em movimentos sociais deve-se  à ausência do sentimento de pertença a um partido , acrescentando que, quando fala de manifestações sindicais,  deve-se ao facto destas expressarem  esse sentimento de desconfiança. Isto é «quanto mais a iniciativa é independente dos partidos, mais adesão tem».
Por outro lado, quando estamos perante este tipo de estudos, facilmente se remete para a ideia de que os autarcas são os que representam melhor os cidadãos. O estudo constata que esta teoria não passa de um mito. Pois, na verdade o estudo não comprova esta tendência. 
Na questão que coloca em causa o índice de credibilidade do Presidente da República, chama-se a atenção para o facto, de assumir uma referência de extrema importância no que diz respeito à representação dos interesses da Nação. O que não impede que esta “tradição” seja dissimulada pela actual conjuntura. Todavia, o Presidente da República é por norma o símbolo da esperança nacional.  Mas será Cavaco Silva o símbolo da esperança que os Portugueses tanto procuram?
Na perspectiva do sociólogo Luís Sousa, outro autor do estudo, este está a perder de forma galopante a sua projecção. Tudo por causa da sua total contradição na coerência do discurso e da acção.  E o sociólogo conclui: «As pessoas que se manifestam nas ruas não são iletradas, sabem qual o papel do Presidente no permitir de inconstitucionalidades
Quando a descredibilização dos políticos é uma das premissas considerada  um indicador chave  na classificação de um dos factores principais que contribui para a degradação da democracia,  Luís de Sousa conclui que «os três problemas da democracia em Portugal mostram como há uma degradação do ponto de vista ético das lideranças que se torna mais acentuada com as medidas de austeridade». Logo, a descredibilização dos políticos leva a que os inquiridos escolham o Presidente como o principal agente de responsabilização dos abusos efectivos dos governos.[1]
Outra das ilações a que se pode chegar, prende-se com o facto de os portugueses acharem que o Governo está condicionado, que acaba por sustentar a conclusão a que se chegou no início no estudo, ou seja, a falta de autonomia de Portugal. E disso não há a menor dúvida. Desde que a Troika chegou a Portugal, os portugueses tem cada vez mais sérias dúvidas, quanto à sua permanência, que nos coloca numa situação de clarividência de um Portugal Protectorado.
Indo de encontro ao assunto que este estudo aborda, achei pertinente referenciar o debate sobre “Os Novos Movimentos Sociais” que a Associação para o Aprofundamento da Cidadania irá realizar no dia 19 de Novembro. A Associação interroga-se: «Será esta uma nova forma de democracia participativa? Onde falhou a democracia representativa? Onde falharam o Estado, os partidos políticos, os governos? Falta massa crítica ou liderança? Que influência e instrumentos têm estes movimentos para a mudança de paradigma? Para onde caminham estes movimentos e com que objectivos? Encontrarão estes movimentos as soluções para os problemas e desafios que enfrentamos?». [2]
Estas e outras questões são o mote para compreender o que faz mover estes cidadãos e os moldes nos quais se desenrolam estas acções.
 
 
 
[1]Fundação PROJUSTITIAE, Movimentos sociais de protesto estão à frente dos partidos e a falta de confiança nos políticos é o maior problema, estudo publicado na página da Fundação PROJUSTITIAE. Disponível em: http://www.projustitiae.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=1444:movimentos-sociais-de-protesto-estao-a-frente-dos-partidos-e-a-falta-de-confianca-nos-politicos-e-o-maior-problema&catid=15:noticias-anteriores&Itemid=23 [consultado a 17 de Outubro de 2013 às 21h:52]
[2] Portugal Orçamento Participativo, Debate sobre "Os Novos Movimentos Sociais”, publicado na página do Orçamento Participativo. Disponível em: http://ptnetok.com/opportugal/agenda.php?id=924 [consultado a 17 de Outubro de 2013 às 22h:08]
 
Margarida Mendes
17 de Outubro de 2013
 
 
 
 
 

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