quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Abstenho-me, com certeza!

Após um período conturbado de campanha política, bem como o dia das eleições para as autarquias locais, o dia mais esperado chega finalmente. A análise dos dados destas eleições, tal como as ilações e reflexões a retirar de toda esta importante via para a democracia, o voto.


Há algum tempo para cá que o povo tem vindo a demonstrar o seu descontentamento para com a Política em geral. Isto porque, desde 2007 confrontamos-nos numa profunda crise financeira à qual nos obrigou a requerer uma ajuda monetária internacional para equilibrar o nosso défice. Ou seja, gastamos mais do que produzimos, onde a nossa balança comercial sofre um desequilíbrio acentuado e, cada vez mais caminhamos para o abismo. Porém, existem factores que indicam melhorias da nossa economia, a luz ao fundo do túnel vai surgindo, isto é a credibilidade perante os mercados.

Aprofundando mais a questão da abstenção, não será de todo incoerente registar que nestas eleições bateram-se vários recordes. Entre eles dois importantes, um maior número de candidaturas independentes e uma grande expressão abstencionista. A abstenção, os votos em branco e os nulos, juntamente com estas candidaturas independentes somaram mais de 51% de todo o universo eleitoral. Quer isto dizer, que o descontentamento da comunidade política é uma realidade inquestionável, bem como o “cartão vermelho” apresentado pelos portugueses à actual partidocracia. O povo não concorda com estas medidas impostas pelo Estado Português e, desta forma expressa a sua soberania e assinala a sua ilegitimidade. Portanto, é de salientar e tomar nota de que o resultado somado dos Partidos Políticos não representam sequer metade dos portugueses.


Na opinião de Paulo Morais através da rádio renascença, o factor da emigração nos últimos anos foi o que mais contribuiu para a subida da abstenção nas eleições autárquicas. Cerca de 120 mil emigrantes portugueses só no último ano. Pois, estes números assombrosos justificam como a vida em Portugal está difícil. A razão principal será mesmo o leque de oportunidades que o estrangeiro consegue oferecer aos portugueses no âmbito da realização pessoal, bem como na garantia de melhores empregos. Outro factor será estarem recenseados, mas não vêm cá votar pela lógica das impossibilidades.


Por incrível que pareça, apesar de ter vindo a melhorar, ainda existem os chamados “eleitores-fantasma”, ou seja, pessoas já falecidas, emigrantes, alterações de morada, entre outros factores que condicionam o processo eleitoral.


É notório, que há um desinteresse generalizado pela política e um divórcio entre os cidadãos e a política, pois os portugueses não confiam nos políticos. O povo contesta com a sua soberania ao abster-se, está saturado de ser penalizado nos seus salários, continuarem a restringir uma geração trabalhadora e a abafar uma geração jovem que quer trabalhar.

Em dados oficiais, 47,4 % dos 9.492.396 eleitores inscritos optaram por não exercer o direito de voto nas autárquicas de Setembro, onde só se dirigiram à urna de voto 4.992.490 eleitores. Dentro destes dados, Sesimbra destaca-se o concelho com mais abstenção, cerca de 62,2%, de seguida em Palmela com 61,44% e por fim em Cascais 62,01%.

Para concluir,  estes dados são preocupantes porque as pessoas sentem-se massacradas com a política, estão profundamente cansadas e desligam-se. Contudo, não se pode esquecer que o voto foi conquistado, é democracia, é participação e confere a representatividade. Considerando que, só assim se consegue alterar o rumo das coisas. Tudo isto é fruto da grave crise financeira do Estado, os cortes são ordem do dia, os despedimentos e os salários precários começam a tornar-se num hábito e não numa solução para milhares de famílias afectadas e sufocadas com estas medidas que são de certa forma, socialmente irresponsáveis.

André Henrique Rodrigues

211109


Links Úteis:
-http://euacuso.blogs.sapo.pt/2013/09/
-http://rr.sapo.pt/opiniao_detalhe.aspx?fid=34&did=123816
-http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3451001
-http://www.dn.pt/politica/interior.aspx?content_id=3456013



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