quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Retrato da abstenção nos Açores

                  29 de Setembro foi um dia agitado para todo o país ao que muitos dizem, mas tomando partido do resultado da abstenção, 47,4%, este domingo foi apenas impetuoso para cerca de metade dos eleitores portugueses. Não esquecendo as regiões autónomas, os valores de abstenção na Região Autónoma dos Açores corresponderam a uma percentagem de 45,99%, número que ultrapassa a média de abstinência de todo o país.
Analisando os resultados das autárquicas nas nove ilhas dos Açores, o partido que pode ser considerado como o grande vencedor destas eleições tinha o slogan “Um novo ciclo para vencer novos desafios”, Partido Socialista. Foram 46,62% dos votos correspondentes 62 eleitos. O PSD, por sua vez, obteve 31,22% dos votos, segundo a segunda maior força política na região. Este ano verificou-se uma maior diferença nos resultados das eleições entre estes dois partidos, em 2009 separavam-se apenas por cerca de 3% dos votos. (
                  Referente a outros partidos, o CDS-PP obteve um decréscimo na percentagem de votos comparando com as eleições de há 4 anos atrás (2,62% em 2013 e 4,17% em 2009); o CDU manteve praticamente a mesma percentagem de votos com 1,71% em 2009 e 1,72% em 2013; por fim o Bloco de Esquerda evolui na percentagem de votos, de 1,30% em 2009 para 1,69% em 2013. Ao contrário das autárquicas de há quatro anos, em 2013 houve um maior número de coligações que apresentaram uma percentagem entre 1,98% a 6,39%, nomeadamente o PSD.CDS-PP (6,39%), PSD.CDS-PP.PPM (2,23%) e PSD.PPM (1,98%).
No entanto, é curioso observar que há um maior número de candidatos eleitos mesmo que a percentagem dos votos seja mais curta, por exemplo: no caso do PS que apresentou uma percentagem de 46,62% e 62 eleitos, em 2013, obteve uma percentagem ligeiramente maior em 2009, 46,93% mas com menor número de eleitos, cerca de 58. Igualmente no caso do CDS-PP que apresentou um decréscimo de quase metade da percentagem de votos de 2009 a 2013, porém tenha triplicado o número de candidatos eleitos, tendo apenas um nas autárquicas de 2009 e agora três candidatos, em 2013. Para explicar este fenómeno temos que ter em conta os valores dos restantes candidatos partidários que se tem vindo a alterar nas duas últimas eleições e nos valores exagerados da abstenção nestas autárquicas de 2013. A má influência que a abstenção causa nos resultados das eleições, nomeadamente no efeito do número de candidatos eleitos só tem vindo a beneficiar as maiores potências partidárias como são os casos do PS e PSD, como já fora referido anteriormente.
No Domingo, dia 29 de Setembro de 2013, os valores de abstenção na Região Autónoma dos Açores foram de 45,99%, valores superiores às últimas que corresponderam a uma percentagem de 43,34%.
                  O candidato vencedor do Governo dos Açores, Vasco Alves Cordeiro, associado ao Partido Socialista, não deixa de referir que os números da abstenção provocam um sentimento de preocupação para qualquer interessado na política. Embora compreenda a dificuldade de praticar o direito ao voto dos jovens estudantes e residentes fora da sua localidade natural, devido aos processos complexos e mesmo na falta de informação de como votar fora do local onde se encontra recenseado, o Presidente do Governo não perdoa a mentalidade popular de “serem todos iguais” influenciada pelas más decisões do governo, no qual salienta que a ausência às urnas funcionou como forma de castigo à política governativa. O candidato socialista ainda lamenta a falta de instrução e apela à captação das pessoas, principalmente os jovens, pelo interesse na vida política.
                  Examinando redondamente os resultados obtidos nas autárquicas de 2013, ora, não se pode propriamente justificar o resultado destas eleições com a situação actual do nosso Governo. Como foi debatido na última aula, coube ao bom funcionamento das campanhas dos partidos nos concelhos respectivos para o resultado nas eleições. Apesar de o Partido Social Democrata ter apresentado um péssimo resultado nestas autárquicas não podemos esquecer que ainda conseguiram ganhar algumas câmaras que não possuíam em 2009 aos partidos rivais, não esquecendo ainda as que conseguiram manter. Também a mentalidade de castigo ao PSD e dar valor ao PS não justifica as grandes vitórias por parte da CDU que recuperou um número variado de municípios no sul do Tejo; e do CDS-PP que conseguiu quintuplicar o número de câmaras que tinha em 2009, nomeadamente a primeira câmara que conseguiu nos Açores, em Velas S. Jorge, que retirou do PSD.
Deixando de parte a preocupação de quem venceu ou perdeu as autárquicas, há que ter o consenso de que metade do país foi quem perdeu as autárquicas escapando ao direito ao voto. É caso paradigmático, o do arquipélago dos Açores visto que não se deram enormes mudanças nas vitórias dos partidos, mas o valor obtido na percentagem de abstenção não deixa de ser preocupante, ultrapassando a média nacional. O desinteresse na política manifesta-se cada vez mais por razões menos óbvias. Não escapa a ninguém a ideia da situação precária do país e de que deve haver mudança, e que todas as vozes devem ser ouvidas. O direito à greve, à manifestação e ao voto servem para esse efeito e a decisão de fugir às urnas não deveria ser considerado um acto de contestação nomeadamente para as acções do actual governo, pois como já foi explicado, a abstinência só vem a prejudicar qualquer resultado para qualquer uma das vertentes partidárias. Não haverá melhor maneira de saber enviar a mensagem de aviso aos responsáveis do Governo?



Rui Câmara
212303


Fontes:
·       http://expresso.sapo.pt/eleicoes-autarquicas-2013=f832687#400000 consultado a dia 8 de Outubro de 2013
·       http://www.azores.gov.pt/Portal/pt/entidades/pgra/Biografia.htm consultado a 8 de Outubro de 2013
·       http://autarquicas2013.azores.gov.pt/#&panel1-1 consultado a dia 8 de Outubro de 2013
·       http://www.psacores.org/ consultado a dia 8 de Outubro de 2013

·       http://www.eleicoesautarquicas.pt/category/concelhos/r-a-acores/ consultado a dia 8 de Outubro de 2013

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