Após analisada a entrevista feita a
Pedro Passos Coelho, por vinte cidadãos escolhidos com diferentes profissões,
oriundos de diversas áreas geográficas de Portugal, de diferentes classes
etárias e sociais, facilmente se percebe que o poder financeiro é uma das
principais inquietações da população portuguesa. Embora no decorrer do
questionário não tenham sido abordadas as questões de um ponto de vista
técnico, foram abordadas do ponto de vista do quotidiano e das necessidades da
nação.
Aquando
da análise da entrevista, rapidamente se percebe que as perguntas expostas eram
referentes às medidas que iriam constituir o Orçamento do Estado de 2014. Assim,
as medidas com um elevado grau de exigência, que constituem o programa do
Governo, estão dependentes do passado, ou seja, são o resultado da ruptura que
se deu em 2011 e que obrigou Portugal a pedir ajuda externa. Esta ajuda
financeira que foi facultada põe Portugal numa situação de obrigação de corte
da despesa para que se consiga ganhar a total confiança dos mercados e dos
credores a que o país está subordinado. O principal problema está em como
conseguir uma redução da despesa. Esta
redução, para Pedro Passos Coelho, passa por mexer nas pensões e nos salários,
visto que a despesa com o pessoal ocupa uma importante parcela da despesa
total. Contudo, a reforma da Administração Pública começou por reduzir as
estruturas desnecessária e tem vindo a ser entendida sem nexo e, como
consequência das decisões tomadas, as desigualdades financeiras na sociedade
são cada vez mais notórias.
Apesar
da insistência nos cortes de rendimento, há consciência de que estes acabam por
afectar o funcionamento geral do quotidiano português. O Senhor Primeiro-Ministro,
no que toca às graves dificuldades que os empresários da restauração enfrentam,
fez questão de afirmar que não queria gerar falsas expectativas relativamente à
alteração do valor do IVA no Orçamento do Estado de 2014. Contudo, descura as
responsabilidades do elevado imposto em vigor e afirma que a restauração, tal
como outros sectores, está a passar dificuldades porque os portugueses foram
obrigados a definir prioridades.
Também
os jovens se sentem indignados relativamente à falta de oportunidades com que
se deparam. O ensino superior público reporta casa vez mais custos para quem o
frequenta, deixando, assim, muitos daqueles que o desejam frequentar de fora
por incapacidades financeiras que, mesmo com o sistema de distribuição de
bolsas não conseguem ser atenuadas. Ao longo da entrevista foi deixada a ideia
de que esta era uma situação que se tencionava resolver até ao final do próximo
ano lectivo.
Para além do ensino, também
o desemprego atinge valores elevados que deixam grande parte dos jovens, e não
só, sem oportunidades de emprego. Neste campo, foi referido que o problema
estava na deficiência da nossa economia que, no que toca a postos de trabalho,
gerou mais procura do que oferta. Esta é uma situação que só será passível de
resolução quando as empresas voltarem a conseguir acolher funcionários. Quanto
a esta circunstância, Pedro Passos Coelho demonstrou o seu optimismo
relativamente à mostra de sinais de crescimento por parte da nossa economia. Apesar
do desemprego falou-se num projecto cujo objectivo passa por elaborar políticas
que apostem em estágios profissionais e em especializações, que podem vir a
ajudar na garantia de um lugar quando a economia retomar a um funcionamento
equilibrado, ou seja, tem de se recuperar a competitividade das empresas para
se conseguir colmatar as dificuldades.
No final, foi contestada
a legitimidade do Primeiro-Ministro pelos resultados obtidos ao longo desta
governação que, na óptica de Pedro Passos Coelho, até têm sido positivos apesar
da crise. Mantendo a sua postura de continuar a trilhar o caminho escolhido, deixou
claro que se encontra numa posição de grande responsabilidade pois é o povo
quem paga pelos erros do governo. A sua animação está inerente à protecção do
país de uma eventual crise política e do incumprimento das obrigações. Termina
dizendo que o Orçamento do Estado de 2014 não vai ser uma novidade, vai ser
centrado na diminuição do défice por uma questão não só de submissão aos
credores como também de recuperação do equilíbrio financeiro e económico
nacional.
Concluindo, durante os
últimos dias manteve-se bem presente a ideia de que um impasse orçamental
poderá vir a originar um segundo resgate financeiro. Contudo, só com a
apresentação do Orçamento do Estado de 2014 é que se podem retirar todas as
conclusões relativamente às medidas propostas.
Patrícia Paulino
Fontes:
Programas televisivos:
RTP1 – “ O PAÍS PERGUNTA”
Noticiários (RTP, SIC NOTICIAS E TVI24); 25º hora (Resumo
diário) – TVI 24.
Alguns links a consultar:
LUCÍLIA, Tiago, Cortes para quem ganha mais de 600 euros na
Função Pública, Jornal de Noticias,
publicado a 15/10/2013, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=3476374,
consultado a 15/10/2013.
CUNHA, Isabel, Não há razões para choque de expectativas
no OE de 2014, diz Maria Luís Albuquerque, Jornal Público, publicado a 14/10/2013, in http://www.publico.pt/economia/noticia/nao-ha-razoes-para-choque-de-expectativas-no-oe-de-2014-diz-maria-luis-albuquerque-1609107, consultado a 15/10/2013.
Ministra diz que observações internacionais sobre Constitucional são
uma "avaliação objetiva", Jornal
de Notícias, publicado a 14/10/2013, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3476259,
consultado a 15/10/2013.
GARCIA, Filipe, “Portugueses podem esperar orçamento muito
duro”, Jornal Económico,
publicado a 11/10/2013, in http://economico.sapo.pt/noticias/portugueses-podem-esperar-orcamento-muito-duro_179221.html, consultado a 12/10/2013.
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