Depois dos
resultados destas autárquicas foi possível retirar várias ilações, sendo a
primeira, a vitória do Partido Socialista e a derrota do Partido Social
Democrata. Mas, para ser coerente, é necessário explicar que tipo de vitória
foi o PS detentor. Ao nível do número de autarquias ganhas, observa-se uma
clara vitória, por outro lado, a nível percentual, ocorre apenas uma pequena
diferença entre resultados (é ainda importante referir que perde algumas das
capitais de distrito bastante importantes). Apesar disso, em Lisboa, António
Costa ganhou ”… o que ninguém conseguiu ganhar em autarquias”[1].
Na Madeira, no entanto, questiona-se se a derrota foi de Pedro Passos Coelho ou
de Alberto João Jardim, mas de forma geral o PSD saiu derrotado nesta situação.
O desfecho foi surpreendente, ainda noutro sentido, os resultados do Partido Comunista e
do CDS. Vejamos o seguinte, o PC voltou a reconquistar algumas câmaras que havia
perdido e ainda ganha outras, como é o caso de Loures. Mostrando-se assim o
verdadeiro “vencedor” destas autárquicas e, substituindo o BE, como uma força
alternativa. O CDS por sua vez quintuplica o seu resultado anterior o que
acabou por surpreender o PSD.
Este
resultado global, prevê um futuro incerto e difícil pois, segundo o Professor
Marcelo de Sousa, existe uma forte possibilidade de uma governação do PS por 12
anos[2].
Verificando o resultado destas autárquicas, com a possibilidade de António
Costa concorrer nas Presidenciais e adicionando a provável vitória de António José Seguro
nas legislativas. Caso tal aconteça, o PSD terá de sofrer uma grande mudança
interna. Mas tal já deveria ter sido feito, pois o “…PSD foi um partido que
nasceu a partir do nada. É um partido de bases, não um partido de elites”[3].
Para além disso “…não houve a mínima das considerações sobre o que é melhor
para as populações”[4].
O Bloco de
Esquerda, já frágil, recebeu um forte golpe na sua estrutura. Foi substituído pelo
PC como força alternativa, que era a sua personalidade enquanto partido
político. Necessitando, assim, de reflectir sobre o percurso que deve tomar daqui
para a frente, para não se sujeitar a um possível desaparecimento. Terá, então,
de “…decidir se quer continuar a ser um partido de oposição sistemática[5]”
ou aproximar-se mais do arco de governação à esquerda, neste caso, o Partido
Socialista.
O caso de Rui
Moreira, no Porto, é um excelente exemplo do peso que os candidatos
independentes tiveram nestas eleições. Mostrando uma campanha diferente dos
seus opositores, pois “não optou pela demagogia ao contrário de Luís Filipe
Menezes e mostrou que os portugueses estão fartos da forma demagógica de fazer
política…”[6].
Para
finalizar, Pedro Santana Lopes prevê uma situação em que nenhuma das lideranças
actuais possa atingir uma maioria absoluta nas legislativas, não ultrapassado a
casa dos 30%[7]. O que
pode significar alguma instabilidade política, no caso do Partido Socialista
ganhar, pois é complicado perceber que partido se poderá coligar nessa
situação.
João Martins
[1] Comentário
de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI no dia 30 de Setembro de 2013 in http://www.tvi.iol.pt/videos/13966033
consultado no dia 02 de Outubro de 2013 pelas 22h40m
[2] Idem
[3] (Citações
de Manuela Ferreira Leite no Jornal Expresso) SOARES, Manuela Goucha, “Os Partidos Políticos estão desligados das
pessoas”, Jornal Expresso, publicado no dia 03 de Outubro de 2013 in http://expresso.sapo.pt/os-partidos-estao-desligados-das-pessoas=f833847
consultado no dia 04 de Outubro de 2013 pelas 23h
[4] Idem
[5] Comentários
de Miguel Sousa Tavares na SIC no dia 30 de Setembro de 2013 in http://sicnoticias.sapo.pt/premium/2013/09/30/os-comentarios-de-miguel-sousa-tavares
consultado no dia 04 de Outubro de 2013 pelas 23h40m
[6] Idem
[7]
Comentários de Pedro Santana Lopes para a CMTV in http://cmtv.sapo.pt/detalhe.aspx?channelID=D101C235-41E3-4BF7-97B1-AE61A50465EA&contentID=A010C874-EC0B-4812-91EA-836E47ACE462
consultado no dia 04 de Outubro de 2013 pelas 23h55m
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