terça-feira, 8 de outubro de 2013

Abstenção: Desistência ou Ataque?

Concluídas as eleições autárquicas e consequentes análises por parte dos líderes partidários e comentadores políticos acerca do seu resultado, chegou-se ao consenso de quem tinham sido os vencedores e os derrotados, mas há sempre um fenómeno que tem vindo a ganhar relevo com o passar dos anos e que não deixa ninguém indiferente. Esse fenómeno é a abstenção.

Passados quase 40 anos da Revolução de Abril, o povo está cada vez mais alheado do compromisso de voto. Os níveis de abstenção são assustadores, pois chegam a alcançar os 60% em alguns concelhos do país! Existem razões que podem justificar estes números, mas mesmo assim são resultados quase extremos e muito preocupantes. Se o voto fosse obrigatório, supondo que os eleitores que se abstiveram votassem em branco ou nulo – que também alcançaram números históricos – quem teria mais votos não eram os candidatos, mas sim este tipo de voto que na sua maioria representa um protesto.

Uma das razões da elevada abstenção é a falta de divulgação, sobretudo devido à falta de cobertura das campanhas eleitorais por parte dos órgãos de comunicação social, mas, em minha opinião a principal causa é a descredibilização da classe política. O povo está cansado de ser enganado, seja por uns ou por outros, por isso a população protesta desta forma, abstendo-se de votar em quem quer que seja.

Os casos mais flagrantes de abstenção situam-se na zona sul do país, mais concretamente em concelhos do distrito de Setúbal, onde a população é jovem e consequentemente mais dinâmica, mas também em concelhos com população qualificada como Oeiras e Cascais ocorre o mesmo acontecimento.

Já no Norte, onde a população é ligeiramente mais envelhecida do que nas zonas referidas anteriormente a taxa de abstenção é um pouco menos elevada, o que revela um maior distanciamento dos jovens em relação à política.


Devido a todos estes factos a questão mencionada no título mantém-se: será que a abstenção é uma desistência da população em virtude da classe política ou é um ataque a essa mesma classe?

Referências:



Gonçalo Serpa
Nº212809
8 de Outubro, 2013

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