Concluídas as
eleições autárquicas e consequentes análises por parte dos líderes partidários
e comentadores políticos acerca do seu resultado, chegou-se ao consenso de quem
tinham sido os vencedores e os derrotados, mas há sempre um fenómeno que tem
vindo a ganhar relevo com o passar dos anos e que não deixa ninguém
indiferente. Esse fenómeno é a abstenção.
Passados quase
40 anos da Revolução de Abril, o povo está cada vez mais alheado do compromisso
de voto. Os níveis de abstenção são assustadores, pois chegam a alcançar os 60%
em alguns concelhos do país! Existem razões que podem justificar estes números,
mas mesmo assim são resultados quase extremos e muito preocupantes. Se o voto
fosse obrigatório, supondo que os eleitores que se abstiveram votassem em branco
ou nulo – que também alcançaram números históricos – quem teria mais votos não
eram os candidatos, mas sim este tipo de voto que na sua maioria representa um
protesto.
Uma das razões
da elevada abstenção é a falta de divulgação, sobretudo devido à falta de
cobertura das campanhas eleitorais por parte dos órgãos de comunicação social,
mas, em minha opinião a principal causa é a descredibilização da classe
política. O povo está cansado de ser enganado, seja por uns ou por outros, por
isso a população protesta desta forma, abstendo-se de votar em quem quer que
seja.
Os casos mais
flagrantes de abstenção situam-se na zona sul do país, mais concretamente em
concelhos do distrito de Setúbal, onde a população é jovem e consequentemente
mais dinâmica, mas também em concelhos com população qualificada como Oeiras e
Cascais ocorre o mesmo acontecimento.
Já no Norte,
onde a população é ligeiramente mais envelhecida do que nas zonas referidas
anteriormente a taxa de abstenção é um pouco menos elevada, o que revela um maior
distanciamento dos jovens em relação à política.
Devido a todos
estes factos a questão mencionada no título mantém-se: será que a abstenção é
uma desistência da população em virtude da classe política ou é um ataque a
essa mesma classe?
Referências:
Gonçalo Serpa
Nº212809
8 de Outubro, 2013
Nº212809
8 de Outubro, 2013
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