A Maçonaria é uma organização de iniciados
que tem com base um Mester (um operário, um oficial mecânico por assim
dizer). Como salienta o autor René Guénon, “a
conexão com o Mester se deixou de existir quanto ao exercício exterior, não
deixa de subsistir de modo mais essencial, permanecendo necessariamente
inscrita na própria forma desta iniciação; se acabasse por ser eliminada Não
seria mais a Iniciação Maçónica, mas antes qualquer outra coisa diferente, e
como seria, por outro lado, impossível subsistir legitimamente outra filiação
tradicional à que existe de facto, não haveria então qualquer Iniciação”.1 Segundo as ideias de Luc
Benoist, a possibilidade do Homem integrar-se numa tradição que confira a cada
Mester um significado superior acaba por tornar a actividade do indivíduo menos
penosa e fatigante. Com este significado superior, o Mester tornar-se-ia parte
do próprio Homem, servindo-lhe de base à sua Iniciação e permitindo-lhe uma
elevação muito além da individualidade temporária. A actividade do artista
torna-se a expressão exterior e mais consciente dos seus próprios princípios.
As
artes e os Mesteres constituem assim uma linguagem simbólica. “O artista e o
esteta (individuo que que aprecia e pratica o belo como um valor essencial)
nasceram em simultâneo no que foram as ruínas dos antigos Mesteres. O Maçon não
é um artista, mas sim o artesão perfeito que soube talhar a pedra em bruto e
dar-lhe uma nova forma, uma forma cúbica e preliminar, tal como os seus Mestres
Maçons medievais o fizeram. O primeiro objecto, o seu fabrico, aparece como um
rito e a noção de arte consistia em fazer todas as coisas necessárias ao corpo
de uma forma a que contentassem também o espírito.
Ser-se Mester é uma vocação, é
adaptar-se naturalmente ao Homem fazendo parte de si e conduzindo-o a um
caminho de Luz e de Conhecimento. Um Homem sem Mester nada conhece verdadeiramente
no seu interior e não passa pela própria transformação de si mesmo. Pode
concorrer para elevar a harmonia que o rodeia e a sua própria, empregando um
elemento supra-humano à semelhança de como Deus criou o Homem com o seu sopro
subtil e supremo. Uma forma de refazer a criação era, para os Maçons, a
construção de Igrejas que tornavam-se na criação de um novo mundo, de um novo
começo. A importância desta associação da Igreja a um novo mundo, dá-se pois
esta é vista como um símbolo cósmico, um modelo natural de toda a arquitectura.
A função verdadeira de um Mester era aproximar a consciência de que o artesão
trabalhava com o Grande Arquitecto do Universo o que o tornaria também um
genuíno criador.2
Ana Cristina Santos
Fontes:
1
- CARVALHO, ANTÓNIO CARLOS – Para a história da
MAÇONARIA em Portugal 1913-1935. Editorial Vega 1976. Consultado a 31 de
Outubro de 2013, pelas 20h
2-
Idem
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