PSD
Orçamento
do Estado
A apresentação da proposta do
Orçamento do Estado para 2014 tem marcado fortemente a discussão política nos
últimos dias, trocando-se argumentos em torno das medidas nela contidas e,
principalmente, das mais mediáticas. Apesar de se ir conhecendo as medidas de
forma espaçada, a verdade é que algumas levantaram logo à partida grande debate
na opinão pública. Os cortes nos rendimentos de funcionários públicos,
pensionistas e reformados têm sido os maiores exemplos disso, centrando muita
da atenção dos diferentes quadrantes da sociedade. Nesse sentido, o
primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, veio defender que se compararmos as
reduções de rendimento agora propostas “com o esforço que fizemos em 2012, não
representam um esforço maior, nem para os pensionistas, nem para os
funcionários públicos. Eles não vão em 2014 sofrer uma redução superior àquela
que tiveram em 2012”.
Recuando um pouco, parece
importante enunciar algumas das linhas gerais desta proposta de lei do
Orçamento do Estado apresentadas pela ministra das finanças, Maria Luís
Albuquerque: aplicação de “uma redução remuneratória progressiva entre 2,5% e
12%, com carácter transitório, às remunerações mensais superiores a 600 euros
de todos os trabalhadores das Administrações Públicas e do Sector Empresarial
do Estado, sem qualquer excepção, bem como dos titulares de cargos políticos e
outros altos cargos públicos”; pagamento em duodécimos do subsídio de natal dos
funcionários públicos e dos aposentados, reformados e pensionistas; manutenção
da contribuição extraordinária de solidariedade aplicada sobre as pensões.
Estas medidas de austeridade inserem-se no compromisso acordado com a troika
que prevê a redução do défice para 4%, tendo o governo para tal que poupar 3900
milhões de euros. Contrastando com este cenário de dificuldades, foram também apresentadas
previsões optimistas do governo para 2014 onde o Produto Interno Bruto crescerá
0,8% e a taxa de desemprego baixará para 17,7%.
O PSD, tendo em conta o seu
papel tanto no governo como na maioria parlamentar que suporta esse mesmo
governo, tem procurado rebater as sucessivas críticas de que a proposta do
Orçamento do Estado para 2014 tem sido alvo. Ainda assim, coube ao deputado
social-democrata Luís Menezes admitir que a presente proposta não se configura
nada fácil para o país, porém, realçando ser indispensável o seu cumprimento de
modo a concluir o memorando de entendimento e recuperar a “soberania plena”
para Portugal. Foi numa declaração política na Assembleia da República que Luís
Menezes transmitiu a posição do PSD quanto à proposta de lei do Orçamento do
Estado (OE): “O OE para 2014 será um exercício duro para as famílias, para as
empresas, para o país. Mas sendo um exercício duro, será também um exercício de
libertação, com equidade e justiça social. Será um exercício de libertação
porque este OE é o último que faremos sob a alçada do programa de assistência
económica e financeira”.
Entretanto, o Partido
Socialista solicitou que a votação final do Orçamento do Estado fosse antecipada
uma semana por entenderem que o mesmo não é constitucional e que, com essa
antecipação, o Presidente da República teria a oportunidade de pedir a sua
fiscalização preventiva num prazo atempado. Este pedido foi discutido numa
conferência extraordinária de líderes parlamentares na Assembleia da República,
tendo sido rejeitado por todos os restantes partidos conforme anunciou no fim Luís
Montenegro: “Nenhum partido acompanhou esta pretensão do PS”. O líder da
bancada parlamentar social-democrata frisou também a “deslealdade política” do
Partido Socialista nesta questão, matéria que não se ficou por aqui e mereceu
posteriores acusações por parte de Marco António Costa. O porta-voz do PSD veio
apontar o dedo ao PS dizendo que “o Partido Socialista tem virado as costas ao
diálogo parlamentar, procurando despachar o Orçamento do Estado para 2014 do
Parlamento”, aproveitando igualmente a ocasião para acrescentar que o momento
do país “impõe que todos coloquem o interesse nacional acima de todos os
outros”.
Para terminar, e não obstante
as declarações do primeiro-ministro defendendo que “o Governo procurou, como
era interesse do país, que o mínimo de questões que pudessem envolver polémica
constitucional constasse do Orçamento do Estado”, fazer uma pequena referência
aos mais recentes comentários de Manuela Ferreira Leite. Claramente num tom
crítico, mas simultanemanete de uma forma invulgar, a antiga ministra das
finanças social-democrata afirmou: “Se eu estivesse no Governo e fosse
responsável por este Orçamento rezava todas as noites para que o Tribunal
Constitucional chumbasse bastantes medidas”. No entanto, Ferreira Leite,
ex-líder do PSD, não se ficou pelas considerações abstractas e esclareceu
prontamente o seu ponto de vista: “Pela simples razão de que eu ficava bem
vista perante a troika e perante os credores porque tinha tentado tomar todas
as medidas possíveis e imaginárias e simultaneamente não tinha os efeitos de
medidas absolutamente lesivas do interesse nacional, do progresso e do crescimento”.
Rúben Guerreiro
24 / 10 / 2013
Fontes:
·
16-10-2013
+ http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=88216, consultado
dia 20-10-2013 às 10 horas.
·
16-10-2013
+ http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=88207, consultado
dia 20-10-2013 às 17 horas.
·
18-10-2013
+ http://noticias.sapo.pt/nacional/artigo/partidos-recusam-proposta-do-ps-para-antecipar-discussao-psd_16807415.html,
consultado dia 21-10-2013 às 21 horas.
·
18-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=663091, consultado dia 21-10-2013
às 23 horas.
·
19-10-2013
+ http://noticias.sapo.pt/internacional/artigo/procuramos-incluir-o-minimo-de-questoes-com-polemica-constitucional-passos_16813300.html,
consultado dia 22-10-2013 às 22 horas.
·
18-10-2013
+ http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=662932, consultado dia 23-10-2013
às 9 horas.
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