Após
meses de elaboração de propostas e medidas, o Orçamento para 2014 começa a ser
discutido esta quinta e sexta-feira em Plenário, com o objectivo de obter um
consenso aquando da sua votação global final, prevista para dia 26 de Novembro.
Passos
Coelho, tendo em conta a proposta de Lei, declarou que o Governo “não tem
nenhum prazer” nem tomou qualquer decisão de “ânimo leve”[1],
referindo também a necessidade do Executivo de cortar despesa estadual no
sector da Segurança Social e nos salários dos funcionários públicos. Apesar
desta dita “necessidade”, a maioria parlamentar apresentou uma modificação
quanto aos valores mínimos, sendo que os salários da função pública abrangidos
sobem de 600 para 675 euros, proposta essa que visa poupar 21 milhões de euros
ao Estado, compensados com a diminuição das transferências do organismo para as
Estradas de Portugal.[2]
Mesmo
com todas as consequências benéficas que acarretam, as propostas alternativas
apresentadas ao longo dos últimos dias pelos diferentes partidos visam apenas
controlar a acção do Tribunal Constitucional, de forma a tentar evitar o chumbo
do Orçamento de Estado para 2014.
Passos
Coelho, na última Comissão Permanente do PSD, reconheceu que “o Governo pode
não chegar ao fim da legislatura”[3];
quando confrontado com estas declarações e questionado sobre a patente instabilidade
política, quer dentro do PSD ou no seio da maioria parlamentar, o
primeiro-ministro afirmou que não existe qualquer “incerteza política e que o
Governo, o que quer que aconteça em Portugal, cumprirá o seu mandato”[4],
contrariando as avaliações levadas a cabo pelo Fundo Monetário Internacional
(FMI).
Temendo
os riscos inerentes à instabilidade e ineficácia política, como a falta
de confiança dos investidores e das agências de rating, Passos Coelho está a considerar a possibilidade de
existência de uma diminuição do IRS em 2015, mas apenas se houver algum tipo de
excedente orçamental: “Se viermos conseguir a baixar alguma coisa na carga
fiscal que incide sobre o IRS (…), então, é justo que os portugueses recebam o
retorno da política que foi seguida.”[5].
Depois
de se analisar com atenção estas ocorrências, torna-se claro o receio do
Executivo face ao possível veto do Tribunal Constitucional, pois, se este órgão
não existisse, não se denotaria nenhum tipo de medida proposta que visasse o
benefício dos portugueses. A proximidade das futuras eleições também influência
a tomada de decisões, relativamente às medidas propostas no Orçamento, apesar
de Passos negar este facto.
Para
concluir, Cavaco Silva remete para a consolidação do “muito importante”[6] crescimento
económico no terceiro trimestre de 0,2%, de maneira a evitar o pedido de um
segundo resgate.
Inês Salen (212814)
[1] RTP: Passos Coelho remete para 2014 entendimento sobre salário mínimo,
in http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=695522&tm=9&layout=123&visual=61
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 09h47min)
[2] Jornal de Noticias: PSD e CDS-PP querem cortes salariais a
começar nos 675 euros, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3535572
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 09h55min)
[3] Jornal de Notícias: Passos Coelho admite demissão se
Constitucional chumbar Orçamento, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3134917
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h03min)
[4] TVI24: «Governo cumprirá o mandato, o que quer que aconteça em Portugal»,
in http://www.tvi24.iol.pt/503/politica/passos-coelho-oe2014-governo-fmi-resgate-primeiro-ministro/1510334-4072.html
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h20min)
[5] Jornal de Notícias: Passos admite diminuição do IRS em 2015 e
recusa eleitoralismo, in http://www.jn.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=3536009
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h33min)
[6] Sapo: Há políticos que “não estudaram o que significa” novo resgate, in http://economico.sapo.pt/noticias/ha-politicos-que-nao-estudaram-o-que-significa-novo-resgate_181798.html
(consultado no dia 16 de Novembro de 2013 às 10h39min)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.