O título deste texto contém um termo ou conceito que eu considero
bastante curioso já que combina duas coisas que são em princípio opostas. O
nacionalismo e a palavra progressista, ora bem retirei essas duas palavras de
um artigo recentemente publicado no site do Partido Nacional Renovador e sobre
o qual aqui falarei.
As trágicas experiências nazi-fascistas do século XX são um
exemplo concreto e relativamente recente do nacionalismo enquanto ideologia e
enquanto prática. O nacionalismo propõe ao individuo uma total e incondicional
devoção à pátria e à defesa dessa e a partir desse argumento considera-se
ameaça tudo aquilo que pode “prejudicar” o país e a “pureza” da cultura e
história. O que são portanto as ameaças no entender do PNR? São os conflitos
sociais e laborais, são os imigrantes, são os homossexuais, são os comunistas,
são os sindicalistas e a lista poderia continuar. Referem os nacionalistas, num
artigo recentemente publicado no seu site, o seguinte ” Os
conflitos sociais e laborais agudizam-se e são fomentados pelos próprios
Governos e Oposição.[1] De facto
tem-se assistido a um aumento do conflito social e laboral já que aumentam as
desigualdades e as injustiças e estes problemas têm sido criados por diversos
Governos ao longo dos últimos anos mas ao mesmo tempo tem havido combate e
resistência a essas medidas e as esses problemas por parte de alguma oposição
parlamentar e de rua. Claro que a lutas sociais e sindicais são para os
nacionalistas algo impensável porque “colocam trabalhadores contra
trabalhadores e ajudam organizações que mais não visam do que descarregar
frustrações mal resolvidas e usar a violência pela violência.”[2] A
solução do PNR para este tipo de conflitos passaria por harmonizar a relação
patrão/trabalhador e submetendo o capital ao trabalho com vista ao bem comum da
Nação, se não me engano acho que o Salazar tinha uma ideia de relações laborais
bastante parecida mas como se sabe não era o trabalhador que saía beneficiado e
para ajudar neste discurso anti-democrático os nacionalistas brindam-nos com a
seguinte frase “São Partidos que dividem os portugueses”[3]. Os
partidos não são mais do que o reflexo de uma sociedade por si só bastante dividida
e desigual e culpar os partidos desse facto é simplesmente ignorar o sistema
económico que Portugal tem e também o sistema mais global no qual está
inserido. Curioso é verificar-se que existe alguma semelhança entre o discurso
do PNR e de algumas figuras do actual Governo bem como dos habituais
comentadores de ocasião.
Com base em dois artigos recentes do PNR podemos ficar com
uma ideia do que é que os nacionalistas entendem por “progressismo” ou “nacionalismo
progressista”. Um mero jogo de palavras que visa iludir as pessoas em relação
ás reais intenções desta organização política. O nacionalismo ignora a luta de
classes e procura conciliar algo que é inconciliável, os interesses do patrão
com os interesses do trabalhador. De
progressista só mesmo a palavra porque na prática é algo bastante reaccionário.
Rui Campos nº211648
[2] http://www.pnr.pt/2013/10/01/a-cgtp-in-e-a-politica-da-terra-queimada/
acedido a 09-10-2013 ás 22:20
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