quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Partido Nacional Renovador : Nacionalismo “progressista”?



O título deste texto contém um termo ou conceito que eu considero bastante curioso já que combina duas coisas que são em princípio opostas. O nacionalismo e a palavra progressista, ora bem retirei essas duas palavras de um artigo recentemente publicado no site do Partido Nacional Renovador e sobre o qual aqui falarei.
As trágicas experiências nazi-fascistas do século XX são um exemplo concreto e relativamente recente do nacionalismo enquanto ideologia e enquanto prática. O nacionalismo propõe ao individuo uma total e incondicional devoção à pátria e à defesa dessa e a partir desse argumento considera-se ameaça tudo aquilo que pode “prejudicar” o país e a “pureza” da cultura e história. O que são portanto as ameaças no entender do PNR? São os conflitos sociais e laborais, são os imigrantes, são os homossexuais, são os comunistas, são os sindicalistas e a lista poderia continuar. Referem os nacionalistas, num artigo recentemente publicado no seu site, o seguinte ” Os conflitos sociais e laborais agudizam-se e são fomentados pelos próprios Governos e Oposição.[1] De facto tem-se assistido a um aumento do conflito social e laboral já que aumentam as desigualdades e as injustiças e estes problemas têm sido criados por diversos Governos ao longo dos últimos anos mas ao mesmo tempo tem havido combate e resistência a essas medidas e as esses problemas por parte de alguma oposição parlamentar e de rua. Claro que a lutas sociais e sindicais são para os nacionalistas algo impensável porque “colocam trabalhadores contra trabalhadores e ajudam organizações que mais não visam do que descarregar frustrações mal resolvidas e usar a violência pela violência.”[2] A solução do PNR para este tipo de conflitos passaria por harmonizar a relação patrão/trabalhador e submetendo o capital ao trabalho com vista ao bem comum da Nação, se não me engano acho que o Salazar tinha uma ideia de relações laborais bastante parecida mas como se sabe não era o trabalhador que saía beneficiado e para ajudar neste discurso anti-democrático os nacionalistas brindam-nos com a seguinte frase “São Partidos que dividem os portugueses”[3]. Os partidos não são mais do que o reflexo de uma sociedade por si só bastante dividida e desigual e culpar os partidos desse facto é simplesmente ignorar o sistema económico que Portugal tem e também o sistema mais global no qual está inserido. Curioso é verificar-se que existe alguma semelhança entre o discurso do PNR e de algumas figuras do actual Governo bem como dos habituais comentadores de ocasião.
Com base em dois artigos recentes do PNR podemos ficar com uma ideia do que é que os nacionalistas entendem por “progressismo” ou “nacionalismo progressista”. Um mero jogo de palavras que visa iludir as pessoas em relação ás reais intenções desta organização política. O nacionalismo ignora a luta de classes e procura conciliar algo que é inconciliável, os interesses do patrão com os interesses do trabalhador.  De progressista só mesmo a palavra porque na prática é algo bastante reaccionário.

Rui Campos nº211648



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